O governo argumenta que o
reajuste pedido pelos professores não pode ser pago porque 44,01% do orçamento
do Estado já está comprometido com folha de pessoal. Sindicato pede contas do
Estado para análise.
Da Redação do CORREIO e do
BAHIA NOTÍCIAS
Professores estão acampados na AL-BA Foto: Maurício Naiberg / Bahia Notícias |
Se houver corte dos salários,
os professores não vão repor as aulas perdidas durante a greve e isso pode
comprometer o ano letivo. A ameaça foi feita pelo presidente do Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira. “Eles vão
ter que contratar quem reponha. A greve começou por causa do governo, que não
cumpriu o acordo de garantir os 22,22% de reajuste”, afirmou ele.
“O governo diz que está aberto
ao diálogo, mas os professores estão tendo os salários cortados, que diálogo é
esse?!”. A Secretaria Estadual de Educação lembra que a suspensão de pagamentos
está baseada na decisão do desembargador do Tribunal de Justiça da Bahia
(TJ-BA), Gesivaldo Britto, que classifica a greve como ilegal e determina o
retorno imediato dos professores. Informou também que fará um calendário de reposição de aulas para que os 200 dias
letivos exigidos por lei sejam cumpridos.
Hoje, por volta das 9h, os
professores se reuniram nas dependências da Assembleia Legislativa, onde estão
acampados desde o último domingo. No encontro, o sindicato fez uma carta com as
reinvindicações da categoria para o governador Jaques Wagner, mas o governo
argumenta que o reajuste pedido pelos professores não pode ser pago porque
44,01% do orçamento do Estado já está comprometido com folha de pessoal.
Esse percentual subirá em
agosto para 46,02% e a Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece teto de 46% do orçamento para essa finalidade.
“Queremos que o Governo mostre as contas para nossos auditores”, diz Oliveira.
Greve continua
Professores da rede estadual de
ensino decidiram manter a greve da categoria, após reunião realizada na manhã
desta sexta-feira (27), na Assembleia Legislativa, no Centro Administrativo da
Bahia (CAB). Após a assembleia, os docentes saíram em passeata pelas ruas do
CAB para um enterro simbólico da educação no estado. “Estamos aqui carregando
uma cruz para cada deputado que votou a favor do projeto de reajuste para fazer
um enterro do projeto da educação na Bahia”, contou o presidente do Sindicato
dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, que está
acampado nas dependências da AL-BA com outras dezenas de professores desde o
último dia 19.
Após as últimas declarações do
secretário de Educação do Estado, Osvaldo Barreto, que assegurou que “o canal
de diálogo nunca foi fechado”, o comando de greve solicitará uma audiência com
o governador Jaques Wagner. “Vamos protocolar em pedido de audiência com o
governador, já que o governo fica dizendo que o diálogo está aberto, mas não
fala nada, não nos procura”, reclamou o presidente da APLB. Enquanto o impasse
não é resolvido, estudantes da rede estadual continuam sem aulas e os
professores permanecem acampados na AL-BA.