Vereadores repudiam decisão do TCM de aprovar contas de prefeito

Venda de contratos denunciada no Jornal Nacional
De acordo com a apuração do Ministério Público, comandada
pelo promotor José Carlos Rosa de Freitas, o Instituto Nacional de Apoio
Técnico (Inat) – contratado pela prefeitura de Mundo Novo para fornecimento de
mão-de-obra em atividades que abrangem quase todos os serviços da administração
municipal (infraestrutura, saúde pública, educação, ação social e transporte
escolar) –, já mudou de nome, de sede e até mesmo de estado por duas vezes nos
últimos quatro anos. Com um contrato de R$ 5,904 milhões firmado com a
administração municipal, o Inat, que possui sede na Rua Juvêncio Alves, em
Juazeiro, não está sequer cadastrado no Ministério da Justiça. No documento do
MP, o CNPJ da empresa contratada é relacionado com o Instituto Gerhardt
Pontara, com sede em Conceição do Castelo, no Espírito Santo. Já em 2009, a
entidade mudou o nome para Instituto Coração de Maria, e se mudou para Estância
do Paraíso, em Goiás. A cidade é a mesma onde o Jornal Nacional denunciou um
suposto esquema liderado por Antônio Carlos Travassos Vieira, que vendia
contratos com entidades do tipo Oscip e possuía mais de 45 organizações
fantasmas à disposição de prefeituras, mediante pagamento de propina. A
reportagem de dezembro de 2010 flagrou, em câmera escondida, o denunciado a
negociar o contrato de uma Oscip por R$ 22 mil. Uma rápida pesquisa pela
internet demonstra que o Inat possui ou já possuiu contrato com ao menos mais
quatro prefeituras baianas: Boninal, Laje, Uruçuca e Igrapiúna.
Os contratos da prefeitura chegam a quase 10 milhões
A prefeitura de Mundo Novo, cidade do centro-norte baiano a
292 quilômetros de Salvador, firmou contrato com duas entidades que se afirmam
como do tipo Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), no
valor de cerca de R$ 9,65 milhões, para fornecimento de mão-de-obra em
atividades diversas, como infraestrutura, saúde pública, educação, ação social
e transporte escolar. Quem faz a denúncia é o Ministério Público (MP) que, em
27 de outubro de 2010, entrou com duas ações de improbidade administrativa
contra o prefeito Luzinar Gomes Medeiros (DEM), na comarca local. A medida pede
o ressarcimento total do dinheiro. Para se ter uma ideia da incoerência dos
contratos, que não estão mais vigentes, o valor pago ao Instituto de
Desenvolvimento na Promoção do Emprego (Idepe), em fevereiro e em março de 2009
(R$ 3,754 milhões), junto com o montante estabelecido para o Instituto Nacional
de Apoio Técnico (Inat), que teve contrato firmado no valor de R$ 5,904 milhões
em 8 de fevereiro de 2010, é o suficiente para a contratação de 18.922
funcionários com salário mínimo. Isso é o equivalente a 77% da população total
do município (de 24.419 habitantes). As
duas entidades também não têm o registro validado no Ministério da Justiça –
requisito básico para o poder público realizar convênio com qualquer Oscip.
Com reportagem de Felipe Campos e fotos de Tiago Melo – do Bahia
Notícias.