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Ádria, o último adeus!

Assim nasce um Coronel


A posse dos vereadores da Câmara Municipal de Heliópolis foi uma cortina de fumaça que teve a função incontestável de esconder os verdadeiros acontecimentos da política deste município.
1 - Tudo começou com a novela Gaminha, o retorno, se é que o vereador tenha saído algum dia do grupo dos pardais. Impossibilitado de eleger o presidente da câmara, em conversa com o grupo, Zé do Sertão foi convencido de que deveríamos apoiar alguém do grupo do prefeito eleito que tivesse um maior campo de diálogo com a oposição. Já que era para renovar, todas as raposas velhas seriam eliminadas da possibilidade de assumir a presidência. Restavam os vereadores Claudivan e Giomar do Laboratório. O nome de Claudivan foi imediatamente vetado porque é uma espécie de Mendonça II. Não tem independência para remar o legislativo municipal. Única alternativa: Giomar. No mês de novembro, em Aracaju, mantive contato com Henrique, dono do Laboratório Diaclin e coloquei a proposta a pedido de Zé do Sertão. Ana Dalva logo soube e apoiou a idéia, já que não votaria nem em Gaminha ou Renilson. Naudinha imediatamente concordou. Faltavam Valdelício e Clóvis.
2 – Sabendo que Valdelício poderia votar em qualquer um, já que não faz questão de nada, Zé do Sertão o colocou como articulador da candidatura de Giomar. Ele ficaria encarregado de convencer Clóvis Pereira. Segundo Giomar, Clóvis era o único problema. Começaram então as articulações.
3 – A primeira condição imposta para se apoiar Giomar era que ele fizesse valer o Regimento Interno da Câmara. Outra exigência era que respeitasse os direitos da oposição. Sabia-se que Giomar jamais romperia com Valtinho, mas também sabíamos que os pardais não dariam confiança a Giomar. A cúpula pardalesca não confia numa proposta nova. São conservadores demais para isso. E para não dizer que estávamos preocupados com cargos, ele estaria livre para compor a sua chapa com quem quisesse.
4 – O que deu errado? O erro chama-se Clóvis Pereira. Mais uma vez a negociata superou a política, o novo foi sufocado pelos velhos vícios da política heliopolitana. Reparem: um grupo se dispõe a apoiar um candidato de um outro grupo e este candidato que recebe apoio é anulado pelo seu próprio grupo. Para isso, convoca-se o poder do dinheiro. Clóvis Pereira mancha sua história, joga lama no ventilador de sua própria vida, desonra o nome de uma das famílias mais exemplares e católicas do município de Heliópolis. Vai se juntar a Marcelo Evangelista, Manoel Rodrigues e Gaminha, formando o quatuor monetaríssimus.
5 – Por que Giomar não pode ser Presidente da Câmara Municipal de Heliópolis? Quais as razões? Esta coisa dita por Valtinho a uma emissora de que o nome de Mendonça como candidato único era porque ele era o melhor nome não passa de proselitismo político. Mendonça foi candidato único porque a oposição não poderia lançar uma chapa, já que só restavam agora três nomes: Ana Dalva, Naudinha e Valdelício. Mais: Ana Dalva chegou a propor a construção de uma chapa com um nome deles, mas não quiseram. Mendonça foi imposto pela cúpula pardalesca. Queria os seis votos e os teve. A oposição votou toda em branco.
6 – Mas por que mesmo Giomar não poderia ser o Presidente da Câmara Municipal de Heliópolis? Ora, ora, pois! Estava sendo apoiado pelo grupo Bem-te-vi e isso seria uma desmoralização. Nada disso! Era só todos apoiarem e anularia toda articulação da oposição. Seria a unanimidade e o prefeito continuaria com sua hegemonia na câmara.
7 – Quem matou a charada foi Ana Dalva. Não querem Giomar na presidência porque os processos eleitorais ainda estão tramitando. Imaginem uma decisão pela anulação do pleito? Quem assumiria a prefeitura? O todo poderoso presidente da Câmara! Hoje, o cunhado do Prefeito Municipal, sr. José Mendonça Dantas. Para Giomar sobrou a Secretaria da Câmara, para Renilson a Vice-Presidência e para Gaminha a Tesouraria. Só para ilustrar, no outro dia, o helicóptero que trouxe o deputado Álvaro Gomes à posse de Valtinho foi objeto de um fato curioso. O Deputado convidou o prefeito para uma sobrevôo pelo município. Valtinho aceitaria, desde que o vice-prefeito Zé Guerra também fosse. Em caso de acidente, o presidente da Câmara era Mendonça. Prevenção!
8 – Ainda na posse dos vereadores, uma turma já estava preparada para ovacionar o Vereador Mendonça, o mais aplaudido da manhã. Foi mais claqueado até que o prefeito. A mesma turma que o aplaudiu, vaiou a vereadora Naudinha. Pura pirraça. Puro marketing para esconder o nascimento do mais novo coronel da política regional. Está fazendo tudo o que quer, mesmo operado de uma apendicite. Cabelo, barba, bigode, cavanhaque, virilha. Menos as pernas. Estas só Lázaro as faz.
9 – Na parte da manhã, também chamou atenção o discurso da vereadora Ana Dalva, do PPS. Ela mandou um recado firme aos seus opositores. "Tirem o ódio do caminho que eu quero passar com minha esperança". Veja-o integralmente neste blog.
10 – Quem é capaz de deter o poder de Mendonça? Ele parece concentrar nele todas as decisões! E Valtinho? É o único com currículo suficiente para frear o cunhado. Pelo menos isso ele deixou bem claro no discurso de posse. "Não serei manipulado por ninguém." Está claro que Valtinho tem apreço por Mendonça, mas será que vai engolir a mentalidade conservadora do cunhado? Será que a 1ª dama, professora Elza, tão consciente de suas atitudes, vai estragar um futuro promissor do marido na política, deixando-o mergulhar nas águas turvas do mandonismo tradicional? Este blogueiro acredita que, pelo discurso da posse e pelo partido que representa, Valter Almeida Rosário vai ser o dono das suas ações e vai ser o grande comandante dos pardais. O problema é que, ultimamente, os discursos estão servindo apenas como lenitivo das esperas. Só um tempo depois é que a gente percebe que nada mudará e que Valtinho, mesmo com a foice e o martelo, será água de um mesmo rio que busca as águas do mar.