"Quando Wagner assumiu, os professores ganhavam menos que o salário mínimo como salário-base" (foto: Raul Spinassé) |
Quem conhece a história da Bahia não vai acreditar em duas
notícias. Uma está posta no portal do jornal A TARDE desta segunda-feira (21) e
outra foi destacada no portal Bahia Notícias, do Samuel Celestino. A primeira é
uma entrevista do jornalista Biaggio Talento com o eterno candidato do PT à
prefeitura de Salvador, deputado federal Nelson Pelegrino. Entre outros
assuntos tratados, acreditem, ele disse que os professores estão sendo injustos
com o governador Jaques Wagner. Disse o deputado: “Na minha opinião, acho que há uma injustiça (dos professores) em
relação ao governador. Tenho participado de muitas negociações. Nosso governo
não trata o servidor público como os governos passados. Em todos os anos foram
dados reajustes, carreiras são reestruturadas. Os professores tiveram um
aumento de 30% acima da inflação. Quando Wagner assumiu, os professores
ganhavam menos que o salário mínimo como salário-base. Tinha que ser com
gratificação para complementar. Sou testemunha, pois participei desse debate. O
governo fez um esforço grande para que esse movimento não terminasse numa greve.
Inclusive admitindo pagar os 22% – uma
parte em novembro, outra em abril. Sei que há uma dinâmica interna no movimento
sindical. Você tem lá PCdoB, mas tem PSB, PT, PSOL, PSTU, há disputas internas,
eleição este ano. Então, essa dinâmica levou à paralisação.”
Em seguida o jornalista disse: “O senhor tem que trabalhar contra esse desgaste no governo do Estado
que a greve está provocando...” e Pelegrino completou: “Não tenha dúvida. Eu estou preparado para, na eleição, enfrentar o
debate de como os governos passados tratavam os servidores públicos e nós tratamos.
Por exemplo, os praças da PM tiveram reajuste de 38% acima da inflação, antes
do governo atender uma reivindicação de 14 anos, porque participei dessa
negociação em 1997, que criou a lei que estabeleceu as gratificações que o
governo vai pagar e custará R$ 400 milhões. A proposta que o governo fez para
resolver o problema dos professores vai custar R$ 500 milhões. O Estado já está
44%, quase chegando em 46% em relação ao limite prudencial da Lei de
Responsabilidade Fiscal. Agora há essa mobilização dos médicos. É preciso
lembrar que todos somos parceiros na administração estadual. O Sindicato dos
Médicos é ligado ao PCdoB que tem um peso muito grande na Secretaria de Saúde.
Ocupa postos estratégicos na Sesab. Portanto, de toda política que é feita pelo
governo do Estado eles são parceiros. Então, não concordo que o governador não
tem uma relação democrática com os servidores públicos e que não tenha
implantado uma política de valorização. Agora, para governar, às vezes é
preciso ter coragem de dizer não. O governo foi no limite para tentar resolver
o problema (dos professores).”
Daniel Almeida, presidente do PCdoB na Bahia. Foto: Tiago Melo |
A outra nota é do PCdoB. Acreditem, a direção estadual do
PCdoB aprovou uma deliberação de censura ao comportamento de Rui Oliveira,
membro da legenda e presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do
Estado da Bahia (APLB). Segundo o deputado federal Daniel Almeida, presidente
da sigla no estado, a decisão foi motivada pela conduta do dirigente sindical
no relacionamento com o governo. A entidade de classe e a administração
estadual estão em conflito devido à greve dos professores. A cúpula partidária
acredita que Oliveira tem dado à paralisação um caráter político, agressivo e
não reivindicatório. “O partido orientou
para uma posição de não fazer nenhum ataque ao governo, no sentido de não
fragilizá-lo, e isso não tem sido verificado”, afirmou o parlamentar ao
Bahia Notícias. O deputado reconheceu que Oliveira “não pode ser impedido de falar”, mas disse que o caso “poderá ter desdobramentos futuros” e que
caberá a uma comissão de controle interno avaliar se alguma medida será tomada.
Procurado para comentar o caso, Rui Oliveira não foi localizado.
Ou seja, o Poder é mais importante que os trabalhadores que
votaram nestas duas ilustres figuras representativas da outrora esquerda
baiana. Ou, traduzindo, a esquerda de ontem é a direita de hoje. Outra verdade:
nenhum governo incompetente se preocupa com educação. O educado padrão enxerga
um incompetente a quilômetros de distância. Pelegrino e Daniel Almeida podem
até conseguirem votos suficientes para se elegerem nas próximas eleições por
outros métodos, talvez os menos recomendáveis. Certamente, pelo voto consciente
dos trabalhadores da área de educação é que não serão agraciados. Esta fonte
secou.