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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Serra do Ramalho - Cidades do Velho Chico 13

Trafegando pela BA 161, vindo do município de Carinhanha, assim que chegamos nas terras do município de Serra do Ramalho, os povoados e lugarejos mudam de nomes, passando todos a se chamarem de agrovilas, cada um com sua numeração. Mas por que isso? Bem, antes de mais nada, nosso trabalho merece que você se inscreva no canal. Ou que tal um like simpático? Vamos lá! Não custa nada e o canal cresce com isso. Obrigado. Sim, mas vamos para o assunto deste Cidades do Velho Chico, hoje contaremos a história de Serra do Ramalho.

É preciso entender que, antes da década de 50 do século passado, não havia quase que povoações na região. O que se tinha era uma mata complexa e virgem, com caatinga, cerrado e vegetação Hidrófila. Possuía uma grande mancha formada de espécies nobres, como cedro, aroeira, baraúna e outras madeiras nobres. A terra era fértil para lavoura e com pastos para o gado. Além do São Francisco, tem o rio Carinhanha, o Formoso e o Corrente, além de correr na encosta da Serra riachos e córregos intermitentes. Não havia, pois, registro de uma nação indígena que pudesse se firmar como naturais do lugar. Os primeiros desbravadores da região foram os bandeirantes. Existem, entretanto, vestígios da presença indígena, embora não haja registros sobre os grupos indígenas que habitavam o local. Acredita-se que seriam do tronco linguístico macro-jê.    

Foi o Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária que criou e implementou o Projeto de Colonização de Serra do Ramalho, em forma de agrovilas. Antes porém de tudo isso começar, por volta da década de 1950, imigraram para a região os índios Pankarus, guiados pelo Cacique Apolônio Kinane. A notícia do interesse do governo federal pela região estimulou a ação de grileiros. A posse da terra onde habitavam os indígenas foi reivindicada por um fazendeiro. Apolônio chegou a ser preso ao lado de membros de sua família.  A coisa chegou a um norte, cabendo aos indígenas a homologação de cerca de mil hectares em 1991, onde hoje se localiza a Aldeia Vargem Alegre e um lote de três hectares na Agrovila 19, com 50 casas, distante da sede municipal 22 Km e do Rio São Francisco aproximadamente 30 Km, no sentido oeste. O Cacique Apolônio morreu em 2002, depois de percorrer vastas paragens desde sua origem em Pernambuco e receber as terras após descobertas de minérios. Viveu pela região em paz até os anos 70.  Um decreto presidencial, publicado em 1973, declarava a região do Médio São Francisco prioritária para desapropriação, para reassentar os desabrigados do lago de Sobradinho. Inúmeras famílias das agrovilas são originárias da região de Casa Nova.  

A partir de março de 1976, o povoamento da região foi intensificado pelo afastamento das populações desalojadas. Vieram famílias de Pau-a-Pique, Bem-Bom, Intas e Barra da Cruz, todos povoados engolidos pelas águas em Casa Nova. Estas famílias foram assentadas em um casebre e um lote de 20 hectares em um sistema de agrovilas. Segundo o projeto original, as agrovilas concentrariam as casas dos colonos, cerca de 250 por agrovila. Das 20 agrovilas, duas ficam em Carinhanha – a 15 e a 16. A agrovila que mais cresceu foi a 9 que, em 1989, ficou como sede do município de Serra do Ramalho, por força da Lei Estadual de número 5.018 de 13 de junho de 1989, desmembrando a região do município de Bom Jesus da Lapa. As agrovilas mais bem estruturadas ficam ao longo da BA 161. A agrovila com menores recursos é exatamente a 19, onde vivem os Pankarus.

O crescimento de Serra do Ramalho é positivo e constante, apesar dos índices de desenvolvimento humanos serem baixos. O município faz limites com Bom Jesus da Lapa, Carinhanha, Santana, Malhada e São Félix do Coribe. Fica distante de Salvador por 845 kms. Sua área total é de 2.677,366 km², que abriga uma população de 34.222 habitantes, censo de 2022, numa densidade demográfica de 12,8 habitantes por km². A riqueza de suas terras são justificáveis por habitar o vale entre a Serra do Ramalho e o rio São Francisco. A sede municipal é muito organizada e com boa estrutura. As praças são amplas, o comércio é pujante e tem uma praça de eventos completamente murada. Seu povo é essencialmente formado por trabalhadores agrícolas.