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Nossa Senhora de Lourdes - Cidades do Velho Chico 21

Ibotirama - Cidades do Velho Chico - Ep. 15

Chega-se a Ibotirama basicamente por três rodovias: BR 242, BA 160 e BA 161, todas em perfeito estado. A cidade margeia o rio São Francisco do lado Leste no Estado da Bahia. A riqueza de sua história começa pelo significado do seu nome. O termo Iboti vem do tupi-guarani e significa flor. O sufixo rama significa o que será, aquilo em que se transformará, o que será no futuro. Ou seja, Ibotirama é a flor que brotará no futuro ou, como comumente se popularizou: terra das flores ou terra da rica flor. E tudo isso tem a ver com sua história e formação. Antes de chegarem os portugueses, a região tinha como grupo predominante os indígenas tuxás. Os registros indicam que somente com a chegada do latifundiário Antônio Guedes de Brito é que o território passou a ser povoado. Guedes de Brito formou o segundo maior latifúndio do Brasil-colônia, perdendo apenas para Garcia D’Ávila. Brito foi também reconhecido pela extinção de grande parte da população indígena utilizando armas. Os indígenas restantes foram escravizados.

O município de Ibotirama foi formado a partir de fazendas de gado do período colonial. Em 1732 já havia um pequeno arraial nas terras do município de Paratinga. O nome original era Bom Jardim. Isso porque era a antiga sede da fazenda de Joana da Silva Caldeira Pimentel Guedes de Brito, neta do latifundiário e proprietária de várias fazendas. Bom Jardim era um dos pontos de passagem de boiadeiros e tropeiros que faziam a travessia do Rio São Francisco e virou parada obrigatória para o descanso. Sem dúvida, o comércio e o transporte fluvial no São Francisco, com localidades próximas como Santo Antônio do Urubu de Cima (atual Paratinga), o Santuário do Bom Jesus da Lapa e várias outras pequenas povoações, foram fundamentais no desenvolvimento e povoamento de Bom Jardim. Registre-se que até o século 20 este crescimento foi bem lento, como era comum em toda a região.

No início do século 20, precisamente em 1912, Bom Jardim passa a figurar como povoação do município de Rio Branco, antigo Santo Antônio do Urubu de Cima. Essa condição perdura até a publicação da Lei Estadual nº 11089, de 30 de novembro de 1938, quando Bom Jardim passa a ser denominada de Jardinópolis. No mesmo decreto em que Santo Antônio do Urubu de Cima passa a se chamar de Paratinga, datado de 31 de dezembro de 1943, o distrito de Jardinópolis tem seu nome oficializado para Ibotirama. Essa condição vai até o ano de 1958 quando, por força da Lei Estadual nº 1029, de 14 de agosto de 1958, os distritos de Ibotirama e Boa Vista do Lagamar são desmembrados de Paratinga para formar o novo município de Ibotirama, instalado em 7 de abril do ano seguinte.

Hoje, Ibotirama recebe uma quantidade significativa de visitantes e fica distante por cerca de 650 kms de Salvador. Sua população em 2022 chegou aos 26.309 habitantes, numa área total de 1.391,232 km², abrigando 18,9 habitantes por km². Situa-se na microrregião de Barra e mesorregião do Vale São-Franciscano da Bahia, fazendo limites com Barra, Muquém de São Francisco, Paratinga, Oliveira dos Brejinhos e Morpará. 

A cidade de Ibotirama tem uma estrutura bastante desenvolvida, com uma rede hoteleira equipada e com preços bem populares. Os restaurantes oferecem comida farta e barata. É comum ver centenas de caminhões estacionados ao longo da BR 242 nas horas de descanso ou das refeições. Para quem vem visitar a cidade, há um largo em frente ao cais do São Francisco, diante da Igreja de Nossa Senhora da Guia e com uma praça ao lado, onde são realizadas as principais festas da cidade. De lá é possível ver a ponte da BR 242 sobre o São Francisco e um pôr-do-sol encantador. Para os amantes da música e da arte, Ibotirama realiza o Ibotifolia, o carnaval fora de época, na festa da emancipação em agosto; o Festival de Poesia e o Festival de Música de Ibotirama.

A cidade pulsa o dia inteiro num vai e vem de pessoas e no tráfego intenso de carros pelas rodovias. Seu comércio é pujante e conta com diversas opções ao gosto do freguês. Mas o maior encanto da cidade é o São Francisco. Da pequena igreja de Nossa Senhora da Guia é possível ver pessoas do Brasil inteiro chegando e registrando sua passagem por aqui, mesmo que seja por apenas alguns minutos. Todos param, respiram, olham as águas do Velho Chico e os homens com seus barcos a singrar na correnteza suave, num subir e descer, de remo ou de motor, navegando pela vida.