Um Lugar no Sertão: Euclides da Cunha
Toda essa região foi um dia
habitada pelos índios Caimbés, da tribo dos Tupiniquins. Mas os brancos
chegaram por aqui vindos de Monte Santo e Tucano, principalmente. Fixaram suas
famílias e trabalharam nas lavouras e criação de gado. O povoamento da
colonização teve início na Fazenda Cumbe do Major, de propriedade do Major
Antonino, primeiro explorador das terras do município. Os padres jesuítas, em
missão de catequese pelo sertão, iniciaram a construção de uma capela em
Massacará, terminada pelos padres franciscanos.
A sede da fazenda Cumbe ficava a
36 kms da comunidade de Massacará e recebia colonos vindos de várias regiões.
Logo chegou o progresso na vila que nascia. Em 1881 virou Freguesia de Nossa
Senhora do Cumbe, distrito de Monte Santo. No ano de 1888 foi construída uma
capela subordinada a de Massacará, sob a invocação de Nossa Senhora da
Conceição, pelo padre Vicente Sabino dos Santos. No ano de 1898 Cumbe vira vila
e seu território é desmembrado de Monte Santo. Em 1911 vira município com um
único distrito-sede. Na era Vargas, em 1931, Vila do Cumbe foi extinta e a sua
área reanexada ao município de Monte Santo.
Somente dois anos depois Cumbe é
elevado novamente à categoria de município, pelo Decreto n.º 8.642, de 19 de
setembro de 1933, desmembrado de Monte Santo, agora com dois distritos: Cumbe e
Canudos. A instalação se deu em 10 de outubro de 1933. Pelo Decreto Estadual nº
11.089, de 30 de novembro de 1938, Cumbe passa a ser chamado de Euclides da
Cunha. Em 1953, Massacará passa a distrito e é anexado ao município de Euclides
da Cunha. Em 1985, nasce o município de Canudos e Euclides da Cunha passa a ter
apenas dois distritos: a sede e Massacará. Porém, em 5 de novembro do mesmo
ano, os povoados de Caimbé e Aribicé passam a ser distritos. Hoje a formação é
com 4 distritos: Euclides da Cunha, Massacará, Caimbé e Aribicé.
Euclides da Cunha tem um comércio
bem desenvolvido por ser um centro regional. Servido pelas rodovias BR 116 e BA
220, é ponto de partida e de chegada. Vários bons hotéis recebem passantes para
vários pontos do nordeste, além de receber intensa frota de caminhões. Mas a
renda de sempre do município é a agricultura, com sua expressiva produção de
feijão, milho e mandioca. Em suas vastas áreas os pecuaristas criam rebanhos
ovinos, suínos, caprinos e muares. É ainda produtor de galináceos e de mel de
abelhas. E Euclides da Cunha ainda se destaca na produção de cal e pedra.
Ao longo destes anos, vários
personagens euclidenses saíram de seu solo para brilhar país afora. Exemplo é o
poeta, repentista e pesquisador brasileiro José Aras. Escreveu o primeiro
relato em versos de cordel e a história da guerra de Canudos em prosa. José
Soares Ferreira Aras nasceu em 28 de julho de 1893 e morreu em 18 de outubro de
1979. Seu filho, Roque Aras, chegou deputado federal, considerado um dos
grandes parlamentares da Bahia. Seu neto, Augusto Aras, infelizmente não
angariou mesma fama como Procurador Geral da República.
Outro grande euclidense foi João
Siqueira Santos, nascido em 25 de abril de 1909 e falecido em 25 de agosto de
2007, mais conhecido como Ioiô da Professora ou Seu Ioiô. Era uma fonte viva de
informação sobre Antônio Conselheiro e a Guerra de Canudos. Sua mãe, Erotildes
Siqueira, primeira professora da Vila do Cumbe, serviu de enfermeira para os
militares feridos vindos do palco da Guerra de Canudos. Além disso, manteve
contato com os conselheiristas sobreviventes da guerra.
Mas o mais famoso dos euclidenses
foi Pedro Sertanejo, ou Pedro de Almeida e Silva, nascido em Euclides da Cunha
em 26 de abril 1927 e morreu em São Paulo em 3 de janeiro de 1997. Foi
sanfoneiro, compositor, radialista e fundador do primeiro selo independente, a
Gravadora Cantagalo. Além disso, nos deixou outro gênio da sanfona, o seu filho
Oswaldinho do Acordeom. Pedro Sertanejo levou o forró para São Paulo, criando
um salão de festas, situado na Rua Catumbi, no bairro do Belenzinho, ponto de
encontro de vários nordestinos em São Paulo. Lá se apresentaram Luiz Gonzaga,
Jackson do Pandeiro, Zé Gonzaga, Marinês, Dominguinhos, dentre outros. Pedro
Sertanejo gravou, na Cantagalo, ao longo de sua carreira, mais de 100 LP's. Ele
ainda é autor da música Euclides da Cunha, feita para homenagear sua cidade
natal.
O nome do município não poderia
deixar de ser uma homenagem merecida ao escritor de Os Sertões. Seu território
limita-se com os municípios de Monte Santo, Novo Triunfo, Quijingue, Cansanção,
Cícero Dantas, Jeremoabo, Canudos e Banzaê. Fica distante de Salvador 311 kms e
sua área total é de 2.028,421 km², que abrange uma população de 61.456 almas, com
uma densidade demográfica de 30,3 habitantes por km. A maior festa do município
ocorre no mês de junho e já é famosa em todo o estado: “Arraiá do Cumbe”, com
atrações nacionais e locais. Uma boa oportunidade para conhecer a cidade e
provar da sua tradicional carne de bode, ofertada em vários restaurantes da
zona urbana ou rural.