A demissão de Rui Costa colocará Arthur Lira como guardião do governo Lula no Congresso. (Foto: Jornal da Cidade)
Três fatos hoje mostram que estamos longe do fim da polarização que abalou nossas estruturas democráticas na última eleição. Se formos procurar as razões, as causas, chegaremos à chegada de Cabral por estas terras. O Brasil precisa ser reinventado. Olhando para um lado e para outro só se vê briga e confusão. O país está mergulhado numa divisão temperada pelo ódio, tendo como protagonistas dois grupos que já esgotaram todas as fórmulas do uso do Estado para favorecer grupos poderosos e vender a imagem de salvadores da pátria. Os seus seguidores ainda se digladiam nas redes sociais, embora em números consideravelmente menores.
Neste início de semana, três fatos contribuem para aumentar
a nossa descrença numa solução a curto prazo. Primeiro, fala-se sobre uma
possível saída do ministro Rui Costa, da Casa Civil, após uma reunião do presidente
Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira, na última segunda-feira (05). O
ministro da Casa Civil, Rui Costa, está em situação delicada no Palácio do
Planalto após um fala sua sobre ser a Capital Federal uma ilha da fantasia. Rui
ainda questionou a mudança da capital para o Centro-Oeste, segundo ele,
distante dos problemas maiores do país.
O segundo fato não é coincidência, como parece ser, e envolve
o presidente da Câmara dos Deputados. Arthur Lira foi denunciado em 2019 por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro por supostamente ter recebido, em 2012,
propina de ex dirigente da CBTU. Curioso é que, por unanimidade, a 1ª Turma do
Supremo Tribunal Federal (STF) acompanhou o voto do relator André Mendonça e
rejeitou a denúncia contra o presidente da Câmara dos Deputados, um dia após reunião com Lula.
Por fim, vem a chegada de Lula aqui na Bahia. O presidente foi
recepcionado com vaias, nesta terça-feira (06/06), durante a abertura da 17ª
edição da Bahia Farm Show, em Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano. Algumas
pessoas chegaram a fazer coro e chamar o petista de “ladrão”.
Os fatos se interligam. Se Rui Costa for demitido, Arthur
Lira será o sustentáculo do governo Lula no Congresso, como foi feito com o
governo Bolsonaro. Isto fará aumentar a ira dos bolsonaristas, que sabem como o
petista está tentando reverter a situação e sair das cordas. O desconto para
comprar carros, caminhões, ônibus e vans foi uma clara demonstração do petista
de, se for necessário, esvaziar os cofres para ter o domínio total das rédeas
da administração. Mas será que isso não é também uma demonstração de que os
poderosos sempre vencem? Que nada foi mudado de fato? Que tudo é mais um jogo
de ilusão e que o país apenas espera estourar uma crise real neste progressismo
artificial?
