Mais uma paralisação no ensino público de Heliópolis. Desta vez foi a solidariedade. (Foto: Agência Sertão)
Passamos o dia hoje tentando entender a paralisação, convocada para esta quarta-feira (22), dos professores da rede municipal de Heliópolis. O Sindheli, sindicato da categoria, mandou comunicado à secretária de educação, Eloisa Mendes, informando que a categoria estava cruzando os braços em apoio à luta da classe pela implantação do Piso Nacional do Magistério.
O motivo da paralisação soa falso por vários ângulos. O
primeiro deles é que o sindicato nunca foi afeito a esta coisa de greve ou
paralisação, até porque o prefeito José Mendonça é aliado da categoria. Vejam
que em Paripiranga, os professores fizeram um zoada brava para se chegar ao valor
do Piso. Heliópolis fez apenas paralisações pontuais.
Segundo, se os motivos fossem justos, como por exemplo a
cobrança dos retroativos do ano passado, mesmo assim seria um desserviço porque
até aqui a classe aceitou os percentuais oferecidos pelo prefeito e disse que
lutaria pelo retroativo na justiça. Esta tal solidariedade à categoria não
ficou tácita em outras épocas, a não ser em movimentos paredistas a nível
nacional, em circunstâncias totalmente diferentes. Vale lembrar que o prefeito
já deu o aumento do Piso este ano aos professores de Heliópolis.
Por fim, a decisão tomada pelo Sindheli envolveu apenas 22
pessoas, e nem todos votaram pela paralisação. A desculpa de que as aulas serão
repostas é quase uma confissão de que não foram feitas as reposições das
anteriores. Quem perdeu foi a estudantada.
Duro vai ser justificar esta paralisação para um povo que sofreu quando o prefeito não deu o aumento do Piso na data certa no ano passado, e agora sofre novamente, mesmo depois de o prefeito ter dado o aumento numa data razoável. Até porque, solidariedade à classe parece ser mais importante que lutar pela melhoria do ensino de Heliópolis, pela implantação do ensino integral, melhoria da questão do transporte escolar e melhoria da estrutura física das escolas. Estes temas parecem não valer uma paralisação por aqui.
A aplicação do reajuste do Piso Nacional do Magistério na carreira da educação (e a cobrança para que o governo federal encaminhe a regulamentação da lei de diretrizes e carreira para valorizar todos os que fazem a escola funcionar) serão as bandeiras principais deste Dia Nacional de Lutas pela Aplicação do Reajuste do Piso nas Carreiras dos Trabalhadores e das Trabalhadoras em Educação, são os motivos da convocação que a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) fez para esta quarta-feira, dia 22 de março. Os professores da rede estadual da Bahia teriam muito mais motivos para participar deste movimento paredista que os professores da rede municipal de Heliópolis.