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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Poucas & Boas 102: As obras que se arrastam, a velha política de sempre e o nascimento da 3ª via

BA 393: Prazo da obra acabou!

A revitalização da BA 393 tinha data marcada: 28 de fevereiro. Oito meses depois de iniciada, a obra se arrasta a passos calmos de uma tartaruga. O dinheiro, claro, chega devagar, devagar, devagarinho. Mas se engana que isso está acontecendo apenas em Heliópolis. O ex-governador Rui Costa autorizou obras em toda a Bahia. Se perdesse, deixaria o adversário com problemas. Como ganhou, o peso cai nas costas de Jerônimo Rodrigues. Vozes vindas do interior das hostes poderosas indicam que o novo prazo pode ser julho, quando o São Pedro de Heliópolis vier fazer a festa. E o governador deve chegar por aqui e inaugurar a estrada renovada e a ampliação do Colégio Estadual José Dantas de Souza.

BA 084: Asfaltamento até a Ribeira?

Moradores de Heliópolis flagraram técnicos medindo a estrada que vai de Heliópolis ao povoado Raspador. Logo um boato se espalhou falando do asfaltamento da via. Já há uma obra sendo realizada entre Ribeira do Amparo e o povoado Raspador, anunciada o ano passado pelo Governador Rui Costa. Na verdade, houve apenas o início da terraplanagem e a lentidão tomou conta. O trecho de Raspador a Heliópolis nem mesmo estadualizado está, mas há de fato um estudo para seu asfaltamento. Se for no ritmo de execução das obras atuais, aí vai ser tempo para alegrar uns dois ou três Cronos. Já o trecho de Heliópolis a Fátima, de apenas 13 kms, não se ouve falar.

Todos só pensam em obras!

Perceberam que os políticos, dentro e fora do poder, só pensam em obras? Por que será? Fora disso, pensam em assistência social. Se uma funciona para os olhos, a outra sacia a sede e a fome. Obras dão nome, garantem o voto e, quando a finalidade for essa, o dinheiro para financiar campanhas. Os projetos sociais são sempre para amenizar e nunca para corrigir o problema da desigualdade no Brasil. Percebe-se que não há planejamento para a construção de uma sociedade melhor. O objetivo é transformar o jogo político numa via de mão dupla. Até mesmo na educação é assim. Constroem escolas, ampliam suas capacidades, mas não contratam servidores para ajudar na administração. Caso típico é do Colégio Estadual José Dantas de Souza. A SEC ainda não liberou contratação, nem mesmo a pedido dos políticos aliados. 

É só uma análise!

Um opositor do prefeito de Heliópolis disse que Mendonça nunca esteve tão próximo da reeleição como agora. Vai ter a BA 393 recuperada, pode ter a BA 084 asfaltada até a Ribeira, tem várias ruas para fazer calçamento, tem deputada estadual, deputado federal, governador, senador, presidente. As condições da reeleição estão todas postas. Entretanto, pode perder a eleição para ele mesmo porque não consegue se desvencilhar do velho modo de falar política. Só para se ter uma ideia, há inúmeros aliados seus calados, quietos. Esperam apenas a hoje de receber a fatura ou usar o velho voto de vingança. Pior, ninguém faz o menor esforço para acabar com este tipo de fazer política neste sertão abençoado.

Nem mesmo a oposição!

E não fiquem pensando que o carma da velha política dos coronéis abarca apenas os que estão no poder. A oposição, e não são todos os seus membros, que deveria apresentar algo novo, projetos eficientes para melhorar a vida da sociedade, repete a velha prática e trabalha no erro conservador do adversário. Escolhe-se um nome para deputado, apresenta aos seus seguidores e fica tentando cobrir as deficiências ou criticar os erros dos opositores. Tratores para associações e distribuição de caixas de água podem solucionar muitos problemas das comunidades, mas não atende a todos e funcionam como paliativos. Discutir seriamente questões crônicas, para uma vez no poder solucionar definitivamente alguns problemas, é sonho que parece distante. 

Espaço para 3ª via

Em Heliópolis, Poço Verde (SE), Cícero Dantas e Ribeira do Amparo há espaço para vingar uma terceira via. Os grupos tradicionais fracassaram. Chegam ao poder, mas não conseguem resolver os problemas porque seus líderes são centralizadores, populistas e carreiristas. Veem política como uma profissão. Se em cada uma destas cidades surgirem pessoas dissociadas destes grupos tradicionais, fazendo de fato política no sentido mais perene da palavra, haverá espaço para sonharmos novamente com a República, com a Democracia. Isto sem compra de votos, sem promessas mirabolantes, com os pés no chão e com um planejamento para em dez ou doze anos apresentar de fato resultados concretos de desenvolvimento social e econômico. Alguém se habilita?