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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Do Sertão ao Centro-Oeste: Episódio 07: Xique-Xique

Saímos de Irecê pela BA 052 e seguimos quase que totalmente em linha reta para a cidade de Xique-Xique. Esta rodovia, conhecida como Estrada do Feijão, tem 459 quilômetros de extensão. Vai do entroncamento da BR 116 (Feira de Santana) a BR 161 (Xique-Xique), e corta a Chapada Diamantina até a região do São Francisco, passando por cidades como Morro do Chapéu, Tapiramutá, Xique-Xique, Piritiba, Ipirá e Baixa Grande, além da região produtiva de Irecê. E o principal, o trajeto está em perfeitas condições até Xique-Xique.

Percorremos os 112 kms em pouco mais de 1 hora e meia. Estávamos às margens do Velho Chico, mas precisávamos antes saber como ser formou a história da localidade. Tudo começou quando o governador Tomé de Souza passou por esta região numa expedição exploradora no século XVI. Tempos depois, já no século XVII surgiu a fazenda Cabo da Ipueira de propriedade do português Theobaldo Miranda Pires de Carvalho. No final deste mesmo século surgem os primeiros garimpeiros na Serra do Assuruá, instalando-se na ilha do Miradouro, onde surge o 1º núcleo de populacional habitado por europeus.

No início do século XVIII já havia sido construído nas proximidades da Ipueira um pequeno templo dedicado ao Senhor do Bonfim, promessa feita por um tropeiro. Em 1714, Dom Sebastião Monteiro da Vide, arcebispo da Bahia, assinou um ato que elevava a capela de Xique-Xique à categoria de freguesia. Em pouco tempo a comunidade era um arraial em franco crescimento. Quando o Brasil se separou politicamente de Portugal, a área que se tornaria município de Xique-Xique contribuía com a economia do império do Brasil, principalmente com a produção de ouro e pedras preciosas dos garimpos da serra do Assuruá. O conselho provincial da Bahia achou por bem criar o município em 06 de julho de 1832, desmembrando-o de Jacobina com o nome de Senhor do Bonfim. Em 23 de outubro de 1837 passa a ser denominado de Bom Jesus de Xique-Xique.

No âmbito do poder judiciário, em 1853 foi criada a Comarca do município, que foi extinta em 1879 e só voltou a ser restaurada em 1915. O conselheiro Luís Viana foi promotor de justiça da Comarca de Xique-Xique, entre 1872 e 1878, e um dos proprietários da fazenda Carnaíba, localizada próximo da sede municipal. O primeiro intendente municipal foi o coronel Gustavo Magalhães Costa. Além deste, foram intendentes: João Martins Santiago, Ciro Medeiros Borges, José Adolfo de Campo Magalhães, Manoel Teixeira de Carvalho, dentre outros. Em 12 de junho de 1928, o município de Xique-Xique foi emancipado no conhecido Período das Regências. Xique-Xique teve um diretório municipal do partido liberal, outro do partido conservador, além de um regimento da Guarda Nacional. 

 Xique-Xique pertence às Regiões Geográficas Intermediária de Irecê e Imediata de Xique-Xique-Barra. Sua população está em torno dos 47 mil habitantes, estando seguramente entre os 50 mais populosos municípios da Bahia. Faz fronteiras com Itaguaçu da Bahia, Gentio do Ouro, Ipupiara, Morpará, Barra e Pilão Arcado, distante de Salvador a 587 km. Apesar de considerar a existência do município desde a oficialização da freguesia em 1714, completando então 308 anos, a data festiva de sua emancipação é 6 de julho, o que indica ter 180 anos de emancipação em 2022.

Xique-Xique é administrado pela quarta vez por Reinaldo Teixeira Braga Filho, do MDB. Não deve ser fácil administrar um município de 5.079,662 km², com uma densidade demográfica de 9,3 habitantes por km2. Apesar do clima semiárido, Xique-Xique foi abençoado pela presença do rio São Francisco, peça mais que importante no seu crescente desenvolvimento. É quase unanimidade quando perguntamos aos xiquexiquenses a relação com o lugar. Muitos dizem que foram para outras plagas em busca da sobrevivência. Se pudessem por aqui viver com o mínimo possível, jamais sairiam do lugar. Afinal, são poucos os lugares no Brasil com uma estrutura razoável de cidade de porte pequeno, mas com uma natureza que proporciona paz e felicidade. Boa parte desta paz é o Velho Chico que distribui entre seus moradores. Além disso, garante a sobrevivência de muitos. 

Próximo episódio: BR 330, BA 160, uma ponte e a Barra