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Carinhanha - Cidades do Velho Chico 22

Do Sertão ao Centro-Oeste: BR 324, Junco, Novo Paraíso, Itapeipu, Jacobina e Lajes do Batata

Neste episódio da série do Sertão ao Centro-Oeste vamos hoje nos dedicar ao município de Jacobina. Saindo de Capim Grosso pela BR 324, continuamos nossa jornada em direção noroeste. Dezoito kms depois, chegamos ao distrito de Junco, pertencente a Jacobina. Localizado predominantemente no lado sul da rodovia, Junco é uma povoação que já deveria ter sido cidade, tanto pelo seu tamanho como por sua importância econômica. O distrito possui 420 km2 e faz divisas com os municípios de Capim Grosso, Serrolândia, Quixabeira e Caem. Em verdade, sua localização é no limite da tríplice fronteira entre Serrolândia, Quixabeira e Jacobina. A mesma planta que deu nome à Capim Grosso também nascia em abundância nas margens do Rio do Peixe, que cruza dividindo a comunidade ao meio. O Rio do Peixe nasce em Miguel Calmon e é um dos afluentes do rio Itapicuru. Em Capim Grosso o rio recebe o reforço do Riacho do Mocambo e segue para desaguar no Itapicuru antes da cidade de Queimadas. 

O primeiro nome do distrito foi Lagoa do Junco e a primeira residência foi construída no local depois da criação da estrada de rodagem que ligava Feira de Santana a Jacobina. O primeiro morador foi Simão Sousa Silva, que residia provavelmente onde hoje é o posto de combustível. O crescimento do lugar ocorre a partir de 1944 com o intenso comércio com Jacobina. A primeira feira local se dá em 1945 e um boi foi abatido no local. A igreja do Junco estava erguida em 1956 e o açude velho data de 1960. A Escola Municipal Pedro Daltro foi inaugurada em 1972 e a energia elétrica chegou em 1978. Já o Mercado Municipal data de 1979 e Junco teve o Hospital Manuel Inácio no ano de 1988. Apesar de regado pelo Rio do Peixe, o abastecimento de água encanada só foi instalado em 1995. Entre 1985 a 1990, o movimento de emancipação do distrito de Junco estava muito forte, mas não foi suficiente para que virasse município. Contudo, há uma comissão que cuida da questão e luta para que se concretize a cidade de Junconópolis. O distrito é o maior de Jacobina e tem todas as condições necessárias para a emancipação. O que está atrapalhando é a burocracia e a má vontade dos políticos.

Continuando pela BR 324, 12 kms após Junco, chegamos a outro grande distrito de Jacobina: Novo Paraíso. Na verdade, do ponto de vista legal, Novo Paraíso está classificado enquanto povoado pertencente ao distrito de Itapeipu. É mais uma anomalia causada pelo desenvolvimento. Novo Paraíso cresceu muito mais que o seu distrito e hoje, da mesma forma que Junco, também luta por sua independência. Certamente desejará a inclusão de Itapeipu como o seu segundo distrito, que é banhado pelo rio Itapicuru e está localizado 13 kms após Novo Paraíso, igualmente margeando a BR 324. Para termos uma ideia precisa, Junco sozinho pode chegar a 10 mil habitantes. Só na sede tem cerca de 7 mil moradores. Novo Paraíso tem cerca de 6 mil somente na sede. Se juntarmos com o distrito de Itapeipu e a zona rural, também pode chegar aos 10 mil habitantes.

Depois de Itapeipu, 18 kms após chegamos a Jacobina. O município localiza-se na região noroeste do Estado da Bahia, mais precisamente no extremo norte da chapada diamantina, e está inserido, de acordo com a atual regionalização administrativa do estado da Bahia, no Território de Identidade Piemonte da Diamantina. O desbravamento e descoberta das terras do município deram-se quando muitos Bandeirantes paulistas e portugueses chegaram no século XVII. O objeto de desejo era o ouro, além de outros metais preciosos. O primeiro bandeirante a pisar nas terras foi Belchior Dias Moreyra – conhecido por Muribeca. Este percorreu o território de Jacobina e afirmou ter encontrado minas de ouro, prata e outras diversas pedras preciosas. Muribeca era neto de Caramuru. Os habitantes nativos eram os índios Payayás. 

Em 1682 deu-se a criação do distrito de Santo Antônio de Jacobina, em terras do atual Campo Formoso, pelo 2° Arcebispo da Bahia, Dom Frei João Madre de Deus. Em 05 de agosto de 1720, o Rei D. João V permitiu a garimpagem do ouro e a criação da vila de Santo Antônio de Jacobina. Em 28 de julho de 1880, a Vila de Santo Antônio de Jacobina foi elevada à categoria de cidade com o nome de Agrícola Cidade de Santo Antônio de Jacobina. Sua instalação ocorreu a 11 de janeiro de 1893, no governo de Joaquim Manoel Rodrigues Lima. O primeiro prefeito de Jacobina, Antônio Manoel Alves de Mesquita, tomou posse em 1893. O lugar tem grande riqueza biológica, com biomas como a caatinga, cerrado, campos rupestres, habitat de diversas espécies animais e vegetais nativos e algumas em risco de extinção, como veados, onças e macacos-prego. As paisagens se caracterizam pelas extensas serras, morros, vales, grutas, rios e cachoeiras.

Apesar de Jacobina se localizar no polígono das secas, por se encontrar rodeada de montanhas, já chegou a registrar temperaturas inferiores a 10 graus. A cidade também é apelidada de Cidade do Ouro, mas é comum ouvir dizer que é a capital da Chapada Norte. Sua população ultrapassa bem os 80 mil habitantes e é um polo regional industrial e comercial de grande monta. Limita-se ao norte com Mirangaba, Saúde e Caem; ao sul, com Várzea Nova e Miguel Calmon; ao leste, com Serrolândia, Quixabeira e Capim Grosso; ao oeste, com Ourolândia. Fica a 330 kms de Salvador e tem uma superfície de 2.192 km2.

Com o fim da BR 324, seguimos sempre em sentido noroeste, agora pela BA 368. Após 33 kms, chegamos ao povoado de Lajes do Batata, outra localidade que quer se emancipar de Jacobina. Vivendo o mesmo lema de Novo Paraíso, Lajes do Batata é povoado pertencente ao território do distrito de Catinga do Moura. As duas localidades juntas podem até passar dos dez mil habitantes, mas a população é maior em Lajes do Batata. Só que Cantiga do Moura também quer se emancipar. Somente juntas têm alguma possibilidade de libertação. Aqui, seguimos no sentido sudoeste pela BA 144, com destino a Várzea Nova e Morro do Chapéu, assuntos para o nosso próximo episódio.