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Carinhanha - Cidades do Velho Chico 22

A jornada pedagógica da mesmice!

Em mais uma Jornada Pedagógica, erros se repetem e nossa educação definha. (Imagem: Jorge Souza)

Na última terça-feira (01) pela noite, na Creche Maria Lícia, foi dado início a mais uma Jornada Pedagógica do município de Heliópolis. Como em várias cidades da nossa região, nada de novo no front. Nem mesmo em Fátima, Cícero Dantas e Adustina, onde pelo menos o novo Piso do Magistério foi anunciado, pode-se perceber alguma mudança que indique algum caminho rumo a um novo ciclo educacional. Tudo como antes. Até mesmo as palavras de fé são idênticas.

Vamos dar como exemplo o que aconteceu na abertura da jornada por aqui. A fala do prefeito José Mendonça foi temperada com fortes doses de decepção. O motivo: o Piso não foi confirmado. Não que o prefeito tenha negado, mas que sua fala funcionou como um balde de água fria isso não houve dúvida. Para um prefeito que recebeu apoio logístico, financeiro e ideológico da maioria esmagadora dos professores, o mínimo seria dizer que diminuiria o próprio salário, mas professor não perderia direito algum no seu governo. A jornada passou a ser uma frustração só.

Nos bastidores rolavam já comentários de greve futura. Uma fonte disse que o presidente do Sindheli, professor Agnaldo, afirmou já ter agendado uma reunião com a administração do município dia 3 de fevereiro, às 9:00 horas da manhã. Agnaldo disse que já solicitou a folha de janeiro com todos os valores pagos e o montante arrecadado pelo Fundeb no mês. Em seguida, deve convocar uma Assembleia Geral e decidir os rumos a tomar. Uma grave a uma altura desta será mais uma facada na já combalida educação do município de Heliópolis.

Soou como uma falácia a frase do prefeito na abertura da jornada: “Ninguém pode pagar se não houver dinheiro”. Entretanto, não deixa claro quanto o prefeito gasta com os professores. Uma coisa são os 77% do fundo anunciados como gastos, outra é saber quanto efetivamente desse montante é salário dos profissionais do magistério efetivos. Porque todos sabem do inchaço da folha com nomeações políticas e gastos desnecessários, apenas para atender interesses outros. Há sim dinheiro. O problema é que não há expertise administrativa com os recursos públicos.

Quem conhece José Mendonça sabe que ele é teimoso, mais ainda que Walter Rosário. Mas fica a lição recebida pelo seu cunhado quando prefeito, que enfrentou a maior e mais organizada greve da história de Heliópolis. Está longe de o ex-prefeito voltar a ser alguma coisa na política daqui. A pior classe de servidores para se enfrentar é a dos professores. Só são subservientes se quiserem, porque são órfãos da ignorância. Talvez tenha sido por isso que o prefeito não entenda por que nossa educação está descendo ladeira abaixo, como mais uma forma de culpar os profissionais do magistério por tudo. Lamentou também o alcaide o fato de a matrícula estar diminuta, sem, entretanto, entender que uma coisa está associada a outra.

Em mais uma jornada, foram contratados profissionais para dar palestras sobre temas que interessam à educação, mas que estão longe de resolver nossos problemas. Sentar e ouvir teorias é mais ou menos parecido com ter uma casa sem telhado ou um carro bonito sem combustível. Quer dizer que temos todas as ferramentas, mas elas estão em desuso. Colocar a mão na massa requer boa vontade, desejo de transformação e amor ao outro. E a primeira atitude é sair da zona de conforto e encarar a missão. Tudo isso requer coletividade. Poder público, família, escola e comunidade juntos, sem os pieguismos eleitorais ou pragmatismos imbecis da individualidade, com foco voltado para o progresso de todos. E isso começa pelo cumprimento da Lei.

Parece que teremos mais um ano perdido em discussões insalubres. Como ainda é possível ficar discutindo sobre dar ou não dar o piso salarial a um professor se é Lei! Era para estarmos na fase simples de fazer uma limonada com um limão. Chega de discursos vazios e protelatórios. O Brasil tem pressa! É preciso investir pesado na educação sem medo de dar errado. Ou fazemos isso ou vamos afundar como nação civilizada. Não é apenas votando em corruptos ou em genocidas que destruiremos o Brasil. Isso só acontecerá se nossa educação ficar muito mal. E ela já está lá. Com boa vontade para aprender, desejo de ensinar e investimento governamental não há como não sair dessa fase tenebrosa.