Exclusivo!

Carinhanha - Cidades do Velho Chico 22

Sergipe: Deputado Bosco Costa negocia cargo com Bolsonaro

Bosco Costa (PL) exposto num "toma lá, dá cá" com Bolsonaro (foto: Sergipe Notícias)

Todo mundo já sabe disso, mas tem bolsonaristas que insiste em negar, o governo comprou apoio de deputados do Centrão para não perder a cadeira de presidente. Há poucos minutos, o portal O Antagonista divulgou gravação do deputado federal de Sergipe, Bolso Costa cobrando nomeação de um apadrinhado. O deputado do PL deixa claro que poderá deixar a base do governo. Como diz o portal de Mário Sabino e Diogo Mainardi, o áudio escancara o toma lá, dá cá no governo Bolsonaro.

O áudio foi enviado esta semana para um assessor de Flávia Arruda, ministra-chefe da Secretaria de Governo e sua colega de partido, o PL. O parlamentar cobra a concretização de uma indicação dele para a superintendência da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) em Sergipe e ameaça abandonar a base do governo Bolsonaro caso não tenha uma posição do Palácio do Planalto. Ele diz que as indicações feitas por “todos os deputados” de Sergipe “estão saindo”, menos a dele. “Procure saber com a ministra a quem eu devo recorrer: se ao presidente do meu partido [Valdemar Costa Neto], se ao Bolsonaro, se a algum outro ministro ou… eu me posicionar contra o governo, já que sou o parlamentar [de Sergipe] que mais tenho votado com o governo [federal]”, afirma Costa no áudio.

No áudio, Bosco Costa diz ainda que quer uma posição de ‘sim’ ou ‘não’. "Eu não vou esperar muito tempo por essa situação, que está me constrangendo lá no estado. E eu preciso resolver de uma forma ou de outra: ou sou governo ou não sou governo”, acrescenta, em evidente tom de chantagem. Por telefone, o deputado confirmou a O Antagonista a veracidade do áudio, a cobrança feita ao assessor da ministra e disse que “o problema não está resolvido ainda”. Segundo Bosco Costa, tal indicação foi “um entendimento” feito entre ele, o líder do PL na Câmara, deputado Wellington Roberto, e o então ministro da Secretaria de Governo Luiz Eduardo Ramos, hoje na Casa Civil.

Na mesma postagem, O Antagonista pergunta ao deputado se ele não entende que essa postura é o “toma lá, dá cá” escancarado. Com a mesma tranquilidade com que gravou o áudio para o assessor do Planalto, ele respondeu: “Não, não é bem isso. É uma questão de entendimento. Eu sempre fui político, sou político, me orgulho muito de ser político, mas eu nunca ‘fui governo’ pelo toma lá, dá cá. É pela questão do acerto. Eu defendo a tese de que ‘se eu não acertei, eu não tenho nenhum compromisso’.” O deputado acrescentou que, se for realmente confirmada, a indicação ao órgão federal será a sua primeira no estado. Além do que ele chama de “entendimento” para o loteamento desse cargo, ele admitiu ter conseguido verbas extras: “Consegui, com muita transparência”.

Em 2019, Bosco Costa teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Sergipe por uma série de irregularidades na prestação de contas da campanha. Ele recorreu e conseguiu se segurar no cargo. O PL é um dos principais partidos do Centrão que, por meio do seu dono, Valdemar Costa Neto, se aproximou de Jair Bolsonaro em meio à pandemia para garantir, em contrapartida a cargos e emendas, a sustentação do governo no Congresso, além de, nos bastidores, segurar a abertura de processo de impeachment do presidente.