Prefeito de Camaçari sacrifica
futuro político para recuperar gestão.
Adelmar Delgado - prefeito de Camaçari - Ba (foto: A Tarde//Uol) |
Todos sabemos que brasileiro não
gosta de gestor eficiente e austero. O máximo que se pode fazer é mesclar
eficiência com populismo. Isto garante a aprovação das contas e os votos para
continuar na vida pública. O povo tem dificuldade em reconhecer os gestores que
são austeros. Em Camaçari, o prefeito Ademar Delgado decidiu caminhar pela
trilha correta, mas sabe que não terá direito a se reeleger.
Para isso, Ademar saiu do PT.
Hoje está no PCdoB, que não é um partido que vá lhe garantir certificado de
honestidade. Todos sabem que o comunismo no Brasil é ideologia vencida e o
PCdoB está bem perto dos holofotes da Operação Lava Jato, mas dá ao prefeito
certa independência. Sair debaixo da asa de Luiz Caetano (PT) foi muito
importante para a tomada de medidas austeras. Os resultados começam a aparecer.
A sessão do pleno do TCM - Tribunal de Contas dos Municípios - aprovou, por
unanimidade, na tarde desta quinta-feira (07/07), as contas de 2014 do prefeito
de Camaçari, Ademar Delgado das Chagas. Todo mundo sabe que o TCM é uma mão
pesada para aprovar contas sem ressalvas e dá brechas enormes para que os
gestores tenham suas contas aprovadas com ressalvas. Não foi pouca coisa o que
Ademar conseguiu. O TCM acolheu os esclarecimentos feitos pelo Município sobre o
posicionamento técnico e assim, aprovou, sem restrições, as contas do governo
municipal.
O prefeito recebeu a notícia com
muita felicidade. A aprovação reafirma os princípios de transparência e rigor
com a coisa pública, adotados pela gestão do Município em Camaçari. No ano
passado, por exemplo, para conseguir fechar as contas no final do ano, o
prefeito cortou em 20% o próprio salário e, em igual proporção, os da
vice-prefeita Maria do Carmo Siqueira (PSB), secretários, subsecretários e
demais cargos de chefia. "Fizemos um ajuste orçamentário e cortamos na
carne. Não teve jeito. Não estamos no caos, mas poderíamos chegar",
afirmou o prefeito. No total, com as reduções salariais e gratificações, houve
uma economia de R$ 2,5 milhões até dezembro de 2015.
A prefeitura também decidiu reduzir o horário de
funcionamento dos setores burocráticos da administração. O funcionamento ocorre
das 8h às 14h. Houve ainda reavaliação de contratos, diminuição do número de
eventos e medidas de refinanciamento para os contribuintes que tiverem pendências
tributárias com o Município. "Tenho que fechar as minhas contas certinhas,
ainda mais porque sou auditor fiscal", afirmou o gestor. De acordo com
Ademar, as ações também são necessárias para não haver a interrupção de
serviços essenciais ou obras já iniciadas. "Estou querendo salvar a
gestão. Espero que a população compreenda", disse. O total de economia foi
de R$ 47 milhões. Resta agora esperar que a maioria dos eleitores de Camaçari
aplaudam, o que é pouco provável.