O que parecia apenas uma rusga
entre grupos políticos está virando um problemão. Há duas Câmaras Municipais de
Vereadores em Heliópolis. Uma não tem quórum suficiente para decidir nada; a
outra tem maioria, mas não tem acesso aos documentos nem ao recinto do Poder
Legislativo. Consequência de tudo isso: o funcionalismo está sem o amparo legal
da lei que aumenta os seus vencimentos.
A sessão das 18 horas foi realizada na escola Rui Barbosa (foto: Ana Lúcia) |
Tudo começou, todos já sabem, com
a eleição de Giomar Evangelista para presidir o parlamento de Heliópolis. Cheio
de orgulho, com tendências ao esnobismo, tocou o legislativo passando por cima
do Regimento. Enquanto tinha maioria, usava-a como máscara para suas manobras.
Com a adesão do vereador Valdelício ao prefeito Ildinho, Giomar não quis
perceber que sua área de manobra estava reduzida. Mas não só continuou a fazer
diabruras como aumentou a dose de insanidade.
Só para entender como a coisa
aconteceu, vamos aos fatos. Na última quarta-feira, o prefeito assinou
convocação de Sessão Extraordinária para aprovação de dois projetos, o do
aumento do piso salarial dos professores e o da equiparação dos servidores ao
salário mínimo – ambos com data retroativa a janeiro deste ano. Sabendo que
Giomar Evangelista poderia dar uma de fujão, e depois dizer que não recebeu
nada, o encarregado da documentação, Fabinho do Bar, levou testemunhas consigo.
Lá só estavam os funcionários e o vereador Doriedson Oliveira. Estes se negaram
a receber. Em contato telefônico, descobriram que o vereador estava em
Salvador. Pelo telefone avisou que não receberia e não autorizou ninguém a
receber. Em qualquer Câmara de Vereadores de países civilizados, qualquer
documento deve ser recebido e protocolado. Fabinho voltou com a negativa. O
prefeito então mandou entregar via Correios, com o devido registro.
No Edital de Convocação, a sessão
foi convocada para o horário das 18 horas desta sexta-feira. É claro que o
presidente poderia convocar para outra data, desde que respeitasse o tempo
mínimo de 48 horas desde a convocação. Também está claro que os vereadores da
situação só compareceriam às 18 horas. Giomar convocou uma extraordinária para
as 15 horas desta sexta-feira (26). A sessão começou 40 minutos depois, mas não
havia quórum. Estavam só, além dele, Doriedson Oliveira, José Mendonça Dantas e
Claudivan Alves. Nada foi decidido. O que houve mesmo foi muito lengalenga tentado
explicar o inexplicável.
No mesmo dia, às 18 horas, lá
estavam os outros vereadores em frente ao parlamento, novamente fechado,
exatamente como ocorreu na última segunda-feira. Compareceram Zé do Sertão,
Ronaldo Santana, José Clóvis Pereira, Zeic Andrade e Valdelício Gama. Estavam
sem os projetos de lei, sem os livros, que aliás deveriam estar com o 1º
secretário, que é o vereador Valdelício. Resultado: não haverá tempo para pagar
os funcionários com o novo aumento. Uma sessão improvisada foi realizada na
Escola Rui Barbosa e um bom público estava presente. Também marcaram presença o
secretário de administração e finanças Beto Fonseca, o ex-vereador Marivaldo
Souza (Toxó), o secretário de educação, prof. José Quelton, o procurador do
município, Dr. Adelmo, dentre outros.
Vereadores da situação em sessão e sem poder dar aumento aos servidores (foto: Ana Lúcia) |
Teimosia
Os atos insanos do vereador
Giomar precisam ter um fim. Que ele jogue a carreira política dele na lata do
lixo, isto é problema dele. Os verdadeiros democratas sabem o limite do jogo
político. Quando a política começa a prejudicar pessoas vira canalhice,
politicagem, teimosia ou insanidade. Fazer oposição com a metralhadora atirando
em qualquer direção é suicídio político. Não se faz oposição ao município. Se o
prefeito errou, o opositor deve cair por sobre ele com as garras da Lei, e todo
político sabe quando o povo é colocado como escudo. A teimosia de Giomar é o
seu principal inimigo. Corre pelo município uma história de que ele está se
sentido seguro porque agora tem o apoio do conselheiro Mário Negromonte. Todo
mundo sabe até onde vai o poder de um conselheiro e em qual local ele seria
capaz de colocar uma corda. No pescoço é que não é, muito menos por um vereador
de 600 votos. E, afinal, onde estão os deputados do PC do B? Eles não deveriam
estar apoiando a “luta” do companheiro? Só se não tiverem juízo!
Insanidade
Da teimosia para a insanidade é
um pulo. Tenho aqui que registrar para que a história, no futuro, saiba quem é
Giomar Evangelista e até que ponto ele chegou. Na sexta-feira (19) foi feito o
pagamento dos vereadores. Também foi depositado o salário na conta da vereadora
licenciada Ana Dalva, cumprindo parcialmente sentença do juiz, dr. José
Brandão. Na segunda-feira (22), Giomar Evangelista foi a Banco do Brasil para
sustar o pagamento, alegando ter entrado com embargo contra a decisão do juiz.
O banco fez ver a ele que era impossível, pois se tratava de violação a uma
conta individual. Após documentos e mais documentos, convenceu a instituição
fiancdeira a bloquear até posterior decisão dos advogados do próprio banco. Ao saber
de tudo, Ana Dalva foi lá e ameaçou entrar na Justiça, já que o dinheiro estava
bloqueado, sem nenhuma justificativa legal, por vinte dias. O bando desbloqueou
os vencimentos e os credores da vereadora agradeceram. O fato ilustra muito bem
até onde o poder pode subir à cabeça a ponto de gerar insanidade.
Ódio e canalhice
Oposição em sessão sem utilidade (foto: Ana Lúcia) |
E não é só a vereadora Ana Dalva quem
está sofrendo os efeitos do ódio doentio do vereador Giomar. Agora ele tem mais
uma inimiga: Maria de Renilson. A esposa do ex-vereador, e mãe do vereador Zeic
Andrade, é um dos nomes para disputar uma vaga na câmara na próxima eleição.
Numa gravação que circula nas redes sociais, o deprimido vereador faz
comentários negativos a respeito da candidatura da senhora. Já no final da
gravação ele diz que alguém deve tirar da cabeça que é candidato. O “alguém”
pode ser o seu fiel defensor José Mendonça Dantas. Dizem que Giomar deseja Gama
Neves como seu candidato e não Mendonça. Não há confirmações sobre o fato, mas
se isso for verdade, é caso de dizer que o companheiro é um canalha.
Mais um processo
Fato é que o prefeito perdeu a
paciência com Giomar. Um zunzunzum indica que a coisa não vai ficar por aí. A
guerra está só começando e o presidente da Câmara tem consciência disso. Tanto
é verdade que já disse que não vai mudar a sessão porque ele não poderá faltar
às aulas na faculdade. Ora, e porque não senta e dialoga? Será que é tão
difícil chamar os vereadores e dizer que mudassem o requerimento para iniciar
as sessões às 17 horas, atendendo assim a todos? O vereador Ronaldo apresentou
um requerimento legal. Deveria ser colocado em votação, como manda o Regimento
Interno. Giomar simplesmente engavetou e não deu nenhuma satisfação. Chegou a
dizer que colocaria o requerimento de mudança do horário das sessões somente no
final de junho, porque ele não poderia perder as aulas da faculdade! E por causa
disso os outros vereadores têm que aceitar? Os funcionários públicos têm que
esperar para ter aumento nos vencimentos? Desde quando o individual se sobrepõe
ao coletivo? Será que ele acha que o presidente da câmara de Heliópolis vale
mais que 600 servidores? Ele se esqueceu de que é apenas um empregado do povo.
Presidência? Mesmo a do Brasil, ela só vale se beneficiar a coletividade. Fora
disso, não tem o valor de uma pulga. Por fim, tudo isso leva a acreditar que vem
mais um processo por aí. Podem apostar!