Câmara encerra ano com várias questões na Justiça
Nesta última segunda-feira
(14) ocorreu mais sessão na Câmara Municipal de Heliópolis. Começou exatamente
às 9:23 e se estendendo até às 13:43. Todos os vereadores estavam presentes e
esta foi a última sessão ordinária do ano de 2015. O que poderia ser o
encerramento com êxito de um ano de atividades, foi, na verdade, um lamento
envergonhado de um poder. É verdade que a Câmara poucas vezes foi efetivamente
do povo, mas este ano sua soberania foi vilipendiada. Ela nem mesmo representou
um grupo ou uma ideologia. Foi vassala da vontade de um único homem, manipulado
por aliados ou contaminado pela ânsia populista de poder.
Como sempre o presidente
declarou que a sessão estava aberta, mas não solicitou a leitura da ata ao
servidor ou servidora que sempre fez isso. Desta vez quis humilhar o 1°
secretário Valdelício Dantas da Gama. Pediu que ele fizesse a leitura da ata da
sessão anterior, mesmo sabendo das limitações visuais e linguísticas do edil. Não
contente, ainda disse que seria o vereador que faria todas as atas dali por
diante. Todos sabem que o 1º secretário é o guardião dos documentos da casa,
mas as atas são elaboradas e lidas por funcionários. Valdelício não seria
humilhado se ainda fizesse parte do grupo. O vereador Giomar Evangelista não se
comportou como presidente da casa. Ao humilhar o colega, colocou em voga a tese
mais comum da politicalha do submundo do subdesenvolvimento: só os meus são
bons. Valdelício havia solicitado que ele de fato assumisse o cargo de 1º
secretário, afastado desde quando aderiu ao prefeito Ildinho.
Após leitura do
documento, os vereadores da situação apontaram inúmeros problemas na ata. Após
várias discussões, o presidente resolveu finalmente seguir o Regimento e fez as
devidas correções. Ao final, a ata foi aprovada por 7 votos a 1. Na sequência,
foi aberto o momento dos pronunciamentos. Começa pelo vereador José Mendonça que reclamou a respeito da saúde, que
não foi feito nada referente ao mês de outubro alguma campanha em relação ao
câncer de mama, que na educação também estava faltando transporte, que vários alunos
estavam vindo a pé para a escola. E soltou uma pérola: “O dinheiro público e
para ser gasto para o público em vez de gastar para uns”. Quem não conhece a
história de Heliópolis é capaz de pensar que falava um baluarte em defesa do
povo. Além disso, em vez de gastar em algo produtivo para o município estava
desperdiçando em acessórias e consultorias. Mendonça conta com a falta de
memória da sociedade. Ele pensa que ninguém mais se lembra das consultorias da
sua época de presidente da Câmara e das consultorias do ex-prefeito, seu
cunhado. Mas afirmou ainda que nada está sendo feito pela saúde, que médicos
estão sendo demitidos em nome da crise, que várias empresas estão faturando na
prefeitura municipal e que para elas não havia crise, que também estão gastando
com advogados em vez de pagar o transporte para os alunos e falou de gastos em churrascos
nas praias santistas. Enfim, para ele o município está um caos.
Logo em seguida falou o
vereador José Emídio, o Zé do Sertão. Este apontou erros da presidência da
casa, que nenhum vereador da situação podia fazer seu trabalho no ambiente da
Câmara, que não tinham direito a um papel de ofício sequer e disse que o
presidente da casa era corruptor da liberdade dos vereadores que não faziam
parte do grupo político do PCdoB. Ainda leu três documentos: a emenda que
altera o QDD da Câmara Municipal no Orçamento, um Mandato de Segurança
impetrado pelos cinco vereadores da situação contra o presidente da casa e uma
solicitação do vereador Valdelício Dantas da Gama para, de fato, ser o 1º
secretário da Câmara Municipal, porque foi eleito para isso. Zé do Sertão foi
extremamente agressivo, principalmente com relação ao vereador Giomar
Evangelista e solicitou que o seu pronunciamento fosse registrado na íntegra em
ata.
Sem perder o ar de
ironia, Giomar Evangelista comunica que o 1° secretário Valdelício agora será o
responsável em redigir as atas das sessões. Com a palavra, o vereador Mendonça
continua a sua metralhadora de denúncia de gastos e disse que o que estavam
querendo era tumultuar a Câmara, como se fosse possível bagunçar algo já quase
que irremediavelmente bagunçado. Como complemento, comenta a respeito dos
gastos desenfreados com gasolina na área da saúde. Afirmou que, segundo suas
contas, estão passando dos limites. O limite não é a lei, é que Mendonça
determina. O vereador Ronaldo Santana usa a palavra e chama atenção sobre os
gastos de gasolina da saúde, informando que a secretaria de saúde trabalha 24
horas, por todos os dias do mês, e que o vereador Mendonça foi secretário da
pasta e deveria saber disso. Mas Ronaldo não perdeu tempo e faz um comparativo
da atuação do vereador Mendonça quando presidente da casa, inclusive com a
quantidade enorme de consultorias com gastos exorbitantes, inclusive colocando
a Câmara ao inteiro dispor do cunhado e ex-prefeito. O vereador Zeic Andrade
também fez questão de lembrar a Mendonça os gastos do ex-prefeito Walter
Rosário, do PCdoB, com a Festa de São Pedro, com as praças superfaturadas e
outras desgraças, o que acabou na Operação 13 de Maio da Polícia Federal.
Mendonça respondeu, como sempre, acusando irregularidades na administração
atual.
Concluídos os
pronunciamentos, Giomar remente à questão de constituir uma comissão para atuar
durante o recesso. Zé do Sertão e Ronaldo Santana se dispõem para ficar. Aí
começa uma discussão entre eles sobre se era para indicar ou eleger. Ao final,
Giomar Evangelista nomeia o vice-presidente Claudivan Alves e Valdelíco Dantas
da Gama, 1° Secretário, e Doriedson Oliveira, 2° secretário, para a comissão.
Antes do encerramento da sessão, o vereador Doriedson pede para falar a
respeito do pronunciamento de Zé do Sertão em relação a parte que os chama de
preguiçosos e negligentes. Daí uma discussão é iniciada e vira bate-boca entre
os dois vereadores. O presidente, de forma acertada, finalmente, encerra a
sessão, mas os dois continuaram a discutir e quase chegam aos tapas.
E assim o ano termina
com quase tudo para ser resolvido na Justiça. A Lei Orçamentária está subjúdice,
a vereadora licenciada Ana Dalva está sem receber seus vencimentos e também já
apelou para a o judiciário. Em off, o vereador Giomar diz que só paga quando
não tiver mais jeito. É a política de terra arrasada, destruindo o município e
tirando direito de pessoas em nome da vingança e da vaidade. É quando um só
vereador, inchado de poder, resolve rasgar tudo e impor a lei de sua vontade,
enquanto seus aliados, como eunucos servis, dobram o tronco e esperam o circo
pegar fogo.
Certa vez a vereadora
Ana Dalva enfrentou o próprio grupo para impor o que diz a lei: A Câmara é de
todos. Interessados em que ela rompesse com o prefeito, recebeu apoio do PCdoB.
Na presidência, Ana Dalva cumpriu a palavra. O público tinha acesso a tudo do
Legislativo, opositores ou situacionistas. O período áureo está na saudade.
Triunfaram este ano, pois, as nulidades, os egoísmos, a falta de ética, a
perseguição. Em breve, Giomar Evangelista, José Mendonça, Doriedson Oliveira e
Claudivan Alves poderão até afirmar que tiveram vergonha em participar do
sucesso que foi o período de 2012 e 2013. Não se duvida que exaltarão a
catastrófica passagem do vereador Giomar pela presidência da Câmara, mas eles
sabem que foi no período administrado por Ana Dalva que Heliópolis menos teve
conflitos, e que eles mais tiveram valor, mesmo depois da catástrofe que foi a
administração do PCdoB em Heliópolis.
Com reportagem de Ana Lúcia e texto final de Landisvalth Lima.