Fernando Baiano complica ainda mais PT e PMDB
Em reportagem de Daniel Pereira
e Robson Bonin, a revista VEJA desta semana traz detalhes da delação de Fernando
Soares, conhecido por Fernando Baiano. O delator relata em detalhes sua atuação
a serviço do PT e aliados no assalto à Petrobras. Em um documento de dezesseis
páginas obtido por VEJA, o lobista Fernando Soares, o Fernando “Baiano”, revela
ter pago propina ao presidente do Congresso, ao líder do governo Dilma no
Senado, a um ministro do governo Lula e a um senador do PMDB
Em sua delação premiada,
Fernando Baiano contou que o esquema de corrupção na área internacional da
Petrobras começou em 2006, no governo Lula, envolveu os senadores Renan
Calheiros (PMDB), Delcídio Amaral (PT), Jader Barbalho (PMDB) e o ex-ministro
Silas Rondeau, que, após o mensalão, substituiu a então ministra Dilma Rousseff
no cargo.
O ex-presidente Lula se reuniu
no fim de junho com os líderes do PT e do PMDB, em Brasília. O encontro ocorreu
na casa de Renan Calheiros, presidente do Senado. Acossado pelo petrolão, o
maior escândalo de corrupção da história do Brasil, Lula saiu-se com a tática
que sempre adotou, com sucesso, nesses casos: arrastar mais gente para o seu
lado, na tentativa de tornar o grupo maior do que a boca do abismo que o
ameaça. Lula disse aos presentes que toda a primorosa investigação da Polícia
Federal secundada pelo trabalho implacável dos procuradores federais e de
juízes de diversas instâncias não passa de uma "campanha para desmoralizar
a classe política". Lula chamou de arbitrários o juiz Sergio Moro e os
demais responsáveis pela Operação Lava-Jato. "O país foi sequestrado pelo
Moro. Temos de reagir no Supremo Tribunal Federal", concordou José Sarney,
o ex-presidente cuja filha, Roseana, é investigada no caso. Obviamente o
objetivo da reunião na casa de Renan não foi arrancar o país das garras do
arbítrio e devolvê-lo à normalidade democrática. O objetivo foi encontrar um
jeito de restaurar a velha ordem da impunidade para os poderosos da República
que a Lava-Jato ameaça contrariar pela primeira vez em nossa história.
Em comum, muitos dos
participantes da reunião tinham, além do fervor republicano, o fato de estarem
na boca dos delatores da Lava-Jato como beneficiários do dinheiro desviado da
Petrobras. Até mesmo Delcídio Amaral, líder do governo no Senado, que
participou da reunião, acabou enlaçado no escândalo. Lula, Renan e Delcídio
foram listados como beneficiários do petrolão pelo lobista Fernando Soares, o
Fernando "Baiano". Em sua delação premiada ao Ministério Público,
Baiano declarou ter pago a José Carlos Bumlai, compadre de Lula, 2 milhões de
reais em propina, cujo destinatário final seria uma nora do ex-presidente.
Comparsa de petistas e peemedebistas, Baiano narrou minuciosamente como
intermediou propina para as lideranças dos dois partidos. Tudo custeado pelos
cofres da Petrobras. Tudo registrado em um documento de dezesseis páginas
obtido por VEJA, no qual o delator, condenado a dezesseis anos e um mês de
prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, relata em detalhes sua
atuação a serviço do PT e aliados no assalto à Petrobras.