Dilma Rousseff disse não ter feito nada |
Depois de ter suas contas
rejeitadas pelo TCU - Tribunal de Contas da União, a presidente Dilma Rousseff
não escondeu o abatimento ao saber da decisão da corte de contas. Embora antes
mesmo do veredicto ela já esperasse um parecer contrário do TCU, por
unanimidade de votos, a derrota foi encarada no Planalto como "mais um
golpe" que pode alimentar a pressão das ruas pela abertura de um processo
de impeachment e pôr fogo no Congresso. Dilma acompanhou o julgamento do
Palácio da Alvorada e disse que vai defender o mandato até o fim. "Não
existe nada contra mim, não posso pagar pelo que não fiz", afirmou,
segundo relato de um ministro. O problema é que ela não diz que o fez.
A estratégia do Planalto para
barrar pedidos de impeachment reside agora na Comissão Mista de Orçamento. É
para lá que vai a recomendação do TCU antes de seguir para a apreciação dos
parlamentares. O governo já começou a esquadrinhar a comissão, que será
encarregada de produzir outro relatório, concordando ou não com o veredicto do
tribunal. Em nota divulgada na quarta, a Secretaria de Comunicação da
Presidência disse que o parecer prévio do TCU ainda será submetido a
"ampla discussão e deliberação do Congresso". No texto, o governo vê
como "indevida" a pretensão do TCU de penalizar ações executadas para
manter programas como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida.
Mesmo sem citar o termo
pedaladas fiscais, a nota afirma que o governo não acha correto considerar
ilícitas ações administrativas realizadas "em consonância" com o que
antes era julgado adequado pelo TCU. O Planalto tentou o quanto pôde ganhar
tempo e segurar o julgamento de quarta, mas sofreu um revés atrás do outro. "Cada
dia com sua agonia", dizia o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
antes da decisão do TCU. A ofensiva adotada pela Advocacia Geral da União para
suspender a sessão do tribunal dividiu o governo e foi definida como um
"tiro no pé" por aliados do PMDB.
Correligionários do
vice-presidente Michel Temer disseram que, ao pedir o afastamento do relator do
processo, Augusto Nardes, o governo acabou incentivando o corporativismo dos
ministros do TCU, que reagiram com vigor ao carimbo de "suspeição". Peemedebistas
argumentaram ainda que, se a votação não tivesse sido unânime, Dilma teria mais
chance de reverter o quadro no Congresso. "Não vejo nenhum tiro no
pé", rebateu Cardozo, que como a presidente e petistas, não vê nada errado
quando os erros são deles. "Ou as pessoas têm convicção ou não têm. Será
que um juiz mudaria de posição porque um colega foi arguido como suspeito? Não
creio." Pior é que já estão de olho nas contas de 2015 e já há membro do
TCU dizendo por aí que as pedaladas continuam. A saga está só no início.
As informações são do UOL e do jornal
'O Estado de S. Paulo".