Professores querem os 13,01%... |
Hoje, depois de participar da
fantástica caminhada dos professores e diversas outras categorias em Aracaju,
saindo do Parque da Sementeira até o Palácio de Despachos do Governo do Estado,
cheguei à conclusão de que a esquerda está perdida, sem discurso e sem proteção
alguma. Ela ainda não consegue ler o contexto histórico em que vivemos e não se
vê nem como vítima nem como algoz. Para ela, é mais seguro continuar martelando
o “nós contra eles”, os trabalhadores contra os miseráveis sanguessugas
burgueses, ou revitalizar a velha e decadente dicotomia esquerda x direita.
E não pensem que sou a favor do
fim dos sindicatos, ou prego a volta da Ditadura Militar ou sou a favor da
terceirização. Alguns sindicalistas preferem fazer como Dilma: demonizar quem
tem uma posição contrária. Marina Silva que o diga. A luta dos trabalhadores
pela reposição das perdas salariais é legítima. O Sintese está correto quando
briga pelos 13,01% deste ano e os 22,22 da era do ex-governador Marcelo Deda. A
CUT e afiliados estão corretos em protestar contra a terceirização. Isto
aconteceu em ao menos 38 cidades de 23 Estados.
... porque é o que diz a Lei do Piso. |
Vale salientar que o PL 4330,
segundo as centrais sindicais e movimentos populares entendem, com a aprovação,
o trabalhador contratado diretamente por uma empresa poderá ser demitido para
que um terceirizado seja contratado, "com diminuição de salários, de
direitos e aumento da jornada de trabalho". Já as entidades empresariais e
defensores do projeto informam que haverá mais segurança jurídica para as
empresas contratarem e maior proteção social aos terceirizados.
O presidente da CUT, Vagner Freitas,
afirmou que o projeto "não traz benefícios nem para a economia brasileira
nem para os trabalhadores. Ele garante única e exclusivamente tranquilidade
jurídica porque o projeto impede ações na Justiça e muito mais lucros para os
empresários". Talvez Vagner tenha sido o único a chegar perto da questão.
Não querem dizer a verdade. O problema que impede diversos governadores e prefeitos
a pagar os percentuais impostos pela Lei do Piso para professores é a
institucionalização da corrupção nos três níveis de governo dos três poderes da
República.
Os trabalhadores também levantaram outras bandeiras com alegria,... |
Falta à esquerda admitir que nós
nos comprometemos com o país a acabar com esta chaga que devora os recursos
públicos. Hoje no Brasil não há eleições. Há um grande balcão de negócios para
compra de mandatos. Os partidos são cooptados para se ter mais tempo de
televisão, a mesma televisão que leva o PT a querer limitar com a censura
eufemística de “controle da mídia”. Os discursos proferidos no carro de som em
frente ao Palácio dos Despachos do Governo do Estado pouco refletem o que está
nos panfletos distribuídos. Tirando a velha falácia de lutar contra a direita e
os patrões, o panfleto deixa claro a posição contrária ao ajuste fiscal de
Dilma, à corrupção, à terceirização e outras bandeiras. Chega a citar
textualmente que o PT, a nível nacional, e o PT/PMDB/PSDB e DEM, a nível
estadual e municipal, fazem política neoliberal e são rejeitados pelo povo.
...mas a esquerda vacila num discurso ultrapassado. |
Entretanto, aí está a revelação
da incoerência, no discurso, pelo menos um representante sindical chegou a
dizer que o impeachment de Dilma é golpe e, mais de uma vez, condenou-se os que
pregam a volta da Ditadura Militar, como se isso fosse a grande ameaça do
momento ou o monstro que pode nos devorar. E mais: Jackson Barreto foi muito
bem tratado porque ninguém disse que ele havia se comprometido a dar o aumento
que fosse imposto pela Lei para 2015 aos professores, como fez nos anos
anteriores. Ninguém fez uma referência sequer contrária ao governo Dilma ou a
Lula. Chegaram a negativar os nomes de Laercio Oliveira e Fábio Mitidieri. Um
boneco simbolizando João Alves foi queimado solitariamente. Só vi alguma coisa coerente
nos discursos do vereador Iran, da Deputada Ana Lúcia e da presidente do
Sintese, que pareciam cheios de pistas para uma virada de mesa, mas bem contidos.
Num tempo distante do passado,
um tesoureiro de um partido sendo preso era motivo para discursos inflamados. A
prisão de Vaccari aconteceu neste exato dia. Nem mesmo para defendê-lo os
sindicalistas se propuseram. Parecem envergonhados com o governo que elegeram e
insistem em defender. Eles já sabem que as perdas salariais e a criação de leis
para prejudicar a classe trabalhadora são pagamentos da conta da eleição de
Lula e Dilma. E a conta é a deslavada difusão da corrupção em tudo quando é
órgão público neste país de meu Deus. Mensalão, Petrobrás, BNDES, Eletrobrás,
Caixa Econômica, PAC´s e o diabo. Elegemos trabalhadores que hoje prejudicam trabalhadores.
E não precisa a esquerda insistir no velho discurso porque Lula, Dilma,
Vaccari, Mercadante e outros já são os burgueses de hoje. Será que é tão
difícil admitir isso e procurar uma terceira via? Estranhamente, os que lideram
os movimentos sociais não querem a busca de um novo rumo. Preferem insistir num
modelo ultrapassado. Será que há motivos ocultos que impedem a esquerda de ter
um discurso moderno para chamar de seu?
Morrendo pela boca
O vereador Giomar Evangelista, presidente
da Câmara Municipal de Heliópolis, correu da briga com este blogueiro ao não
registrar em ata o que disse na sessão. Ele afirmou que o professor Landisvalth
Lima dividia o bolo da prefeitura com Ildinho. Por um vacilo dos vereadores da
situação, a ata foi aprovada sem a citação e eu e o prefeito não poderemos interpelá-lo
judicialmente, já que ele pode alegar que não disse. Entretanto, a afirmação de
que a vereadora Ana Dalva, quando na presidência da Câmara, gastou 16 mil para
digitalizar documentos e depois apagou tudo, está lá registrada. A vereadora já
está tomando providências e mais um processo vai acontecer, a não ser que o
vereador peça desculpas e admita que cometeu um equívoco para não morrer pela
boca.