Desta vez o município de
Heliópolis foi listado na operação Poço Vermelho, que cumpre 24 mandados
judiciais. Pessoas já foram presas na Bahia e Sergipe. Tudo partiu da
investigação do grupo de extermínio e da morte do pistoleiro Zé Augusto, em
Poço Verde
Policias em ação na Operação Poço Vermelho (foto: Kátia Santana) |
Depois de ter baixado em
Heliópolis para realização da Operação 13 de maio, desbaratando uma quadrilha
de funcionários públicos, empresas de fachada, prefeitos e vereadores que
assaltavam os cofres públicos de vários municípios, Heliópolis se vê agora
envolvida em mais uma contenda da Polícia Federal. Atendendo mandados de prisão
e de busca, policiais federais desencadearam a Operação Poço Vermelho para
cumprimento de 24 mandados judiciais, entre os quais seis de prisões
preventivas, 15 conduções coercitivas e três mandados de busca e apreensão,
fruto das investigações desencadeadas no mês de maio para desvendar um suposto
grupo de extermínio ocorrido centrado em Poço Verde-Se.
A operação foi iniciada na
madrugada desta quarta-feira, 3, e algumas prisões já foram realizadas nos
Estados de Sergipe e Alagoas, segundo informações oficiais da Polícia Federal,
que investiga a existência de um suposto grupo de extermínio. O nome da
Operação faz alusão à cidade de Poço Verde, em Sergipe, que seria o local onde
ocorreu grande número de execuções com extrema violência. A operação envolve
120 policiais federais, que continuam em diligências nas cidades de Poço Verde,
Simão Dias, Boquim, Lagarto e Aracaju, em Sergipe, e também nas cidades de
Cícero Dantas e Heliópolis, no Estado da Bahia.
Armas apreendidas durante a Operação Poço Vermelho (foto: Ascom/PF) |
Ontem foi grande a movimentação
de advogados, que acompanham os clientes presos ou conduzidos coercitivamente
para prestar depoimento na Superintendência da Polícia Federal em Sergipe. Os
acusados e as pessoas indicadas para prestar depoimento foram conduzidas
coercitivamente por determinação judicial, chegando à sede da PF em Aracaju
transportadas em viaturas da Polícia Federal.
Escrivão de Polícia
O advogado Alexandre Porto
confirmou a prisão em flagrante do seu cliente, um escrivão de polícia
identificado apenas como Cris Aislan, localizado na própria residência na rua
Riachão, em Aracaju. Segundo o advogado, o escrivão foi autuado por posse
ilegal de arma. O advogado revelou que os policiais encontraram uma pistola
Ponto40 de propriedade do Estado, que era usada oficialmente pelo escrivão, e
também um revólver calibre 38, sem registro. A prisão em flagrante, segundo o
advogado, é decorrente da posse do revólver calibre 38 que o escrivão mantinha
guardado em um cofre. O advogado descarta participação do cliente no suposto
grupo de extermínio. O advogado revelou que o cliente não resistiu à prisão e
já adotou medidas para que seja posto em liberdade. Segundo o advogado, Aislan
aguarda apenas a definição da fiança para que o valor seja pago e o escrivão
liberado.
Informante
Também chegou à sede da Polícia
Federal em Aracaju o advogado Bruno Pinto, para atender o cliente George Carlos
de Santana, que funcionaria como uma espécie de informante do suposto grupo de
extermínio. O advogado conversou com a equipe do Portal Infonet na porta da
sede da PF, mas não deu detalhes. Disse apenas que foi contratado pela família
do rapaz e que estaria tentando entender os motivos que levaram o cliente à
prisão nesta operação da Polícia Federal.
Delegado Milton Neves - da Operação Poço Vermelho (foto: portal G1) |
Família de Zé Augusto
O advogado Getúlio Sobral, que
atua na defesa dos interesses da família de José Augusto Aurelino Batista, 41,
morto em suposto confronto com a polícia civil sergipana no dia 15 de outubro
deste ano dentro da própria residência na cidade de Poço Verde, confirmou que
José Augusto é apontado como um dos principais integrantes deste grupo de
extermínio, que teria forte atuação na região de Poço Verde. Getúlio revelou
que os procedimentos da Polícia Federal estão sendo realizados sob sigilo, mas
ele está tentando ter acesso aos autos para definir os encaminhamentos quanto
às investigações relacionadas à morte de José Augusto.
Grupo de Extermínio
Nesta operação, a PF já realizou
prisões e apreendeu muita munição e armas, que foram conduzidas para a
Superintendência da Polícia Federal em Aracaju. O suposto grupo de extermínio
começou a ser investigado no mês de maio deste ano pela Unidade de Repressão a
Crimes Contra Pessoa da Divisão de Direitos Humanos da Polícia Federal a partir
de uma série de homicídios ocorridos com características de execução. As
investigações foram iniciadas a partir do encaminhamento à Polícia Federal de
listas - divulgadas na cidade de Poço Verde, em Sergipe - contendo nomes de
pessoas marcadas para morrer e que, algumas delas, foram brutalmente assassinadas,
com requintes de crueldade.
‘’Tudo se desencadeou em razão
dessa suposta lista, pois estavam acontecendo muitas mortes na região de Poço
Verde, na divisa do estado de Sergipe com a Bahia. Nessa lista havia mais de 20
nomes, que estariam condenados a morte, nove morreram”, delegado explica Milton
Neves, chefe da Unidade de Repressão a Crimes Contra a Pessoa da Divisão de
Direitos Humanos. “Como a morte de José Augusto Aurelino teve características
de execução, acabamos abrindo mais um inquérito e encontramos ligação entre os
casos. Apesar disso, vale destacar que um policial civil e mais os dois
policiais militares que foram presos nesta operação estão detidos por posse
ilegal de arma sem ser a oficial de trabalho”, finaliza Neves.
Operação mobiliza grande número
de viaturas e policiais Os investigados serão ouvidos na Polícia Federal, sendo
que os presos preventivamente serão encaminhados ao Complexo Penitenciário de
Aracaju e os depoentes em condução coercitiva serão liberados. Após
comprovação, todos responderão na medida do seu envolvimento nos crimes de
homicídio, constituição de milícia privada, posse, porte e comércio ilegal de
armas e munições. Além disso, há suspeita de corrupção com uso indevido de
seguro de automóveis e DPVAT.
Entre os presos estão policiais militares e
civis: “ existe indícios que dois policiais militares estariam ligados a essa
milícia. Colaborando com o líder da quadrilha e na execução de alguns alvos. A
operação é vinculada a milícia e não tem relação com o homicídio do José
Augusto. Como o homicídio aconteceu dentro da operação, foi aberto um inquérito
para avaliar se houve execução ou não”, explica o delegado Milton Neves, que
coordenada a Operação Poço Vermelho.
Informações básicas do portal Infonet - Kátia Santana - e do portal G1.