Landisvalth Lima
Vereadora Ana Dalva |
A frase que mais ouço é a
seguinte: “Vou lhe contar, mas não publique no Blog”. E é assim que chegamos ao
atual quadro de indefinição. Como sempre, tudo ficará para a prorrogação. O
impasse hoje se chama Valdelício Dantas da Gama. O vereador, até aqui, afirma
que só tem dois candidatos: Ana Dalva e Mendonça. Ocorre que há pessoas que
juram de pés juntos que o vereador disse que não votaria de jeito nenhum nos
dois citados. Na verdade, Valdelício quer para ele a presidência e diz e desdiz
tudo com uma facilidade incrível. Na linguagem comum chamamos “mentira”, na
linguagem política chamam “jogo”.
Vereador Ronaldo Santana (foto: Jorge Souza) |
O vice-prefeito Gama Neves, que
se distanciou de vez da administração de Ildinho, selada com adesão de
Valdelício ao DEM e com a demissão de Beto Moura da assessoria de comunicação,
confirma que interessa para ele a permanência de Ana Dalva, principalmente pelo
desempenho administrativo da vereadora. Fora isso, só resta a Gama torcer pela
oposição. Está difícil reatar a convivência do vice com o alcaide. Para
completar a peleja, Zélia Maranduba e o marido só têm um caminho político para
permanecerem vivos: aliarem-se a Gama Neves e ao PCdoB.
Mas a coisa não está fácil para
Ildefonso Fonseca. O prefeito já afirmou que tem duas posições: Ana Dalva (PPS)
ou Ronaldo Santana (DEM). E está difícil conciliar. Ronaldo afirma que não vota
em Ana Dalva e não dá motivos. Há um motivo: o desejo de ser presidente. Ocorre
que Ronaldo não construiu o seu nome. Vive a brigar com colegas e se mostra
sempre arredio. Ele conta apenas com Ildinho e a sua eleição representaria o
domínio absoluto do prefeito sobre a Câmara Municipal. E isto poderia ser a
glória para o prefeito que, neste ano, elegeu todos em quem votou ou pediu para
votar.
Vereador José Mendonça (foto: Jorge Souza) |
E Ana Dalva seria a heroína da
história e, por isso, teria uma reeleição garantida? Claro que não. Ela apenas
cumpriu sua obrigação. Fez o que tinha de ser feito. O problema é que isso é
perigoso. É verdade que o povo não está nem aí para os políticos que agem
corretamente. As pessoas estão taciturnas e não conseguem mais separar o certo
do errado, fruto da nossa capenga educação e do aprofundamento dos desvios
éticos e morais. É só pegar a lista dos últimos eleitos. Você conta na mão os
úteis e corretos. Mas é perigoso principalmente para os políticos que usam a
estrutura de poder para continuar nele. Tem gente que morre de medo, mas em
Heliópolis nada acontece. Vejam que todos os vereadores receberam diárias para
fiscalizar as contas da Prefeitura Municipal. Mas que presidenta é esta que
remunera vereadores para fiscalizar o prefeito que ela mesma votou? É a Lei!
Agora vão ver no Ministério Público e no TCM e verifiquem quantas denúncias há
contra Ildinho? Nenhuma.
Vereador Giomar (foto: Jorge Souza) |
Há de se reconhecer, por fim,
que a escolha do presidente passa por 2016. Está nas mãos da oposição e do
prefeito Ildinho todo o jogo eleitoral e a configuração do cenário para as
próximas eleições, caso sejam confirmadas pela reforma eleitoral que vem por
aí. Se a oposição ganhar, que se cumpra a Lei. Se o prefeito decidir a questão,
que se cumpra a Lei do mesmo jeito e cada poder tenha independência para agir,
sem precisar vilipendiar um a outro. Em política não existem poderosos. O tempo
dos ditadores já passou. A palavra-chave é diálogo. A ação primordial é o
cumprimento das leis. Não é utopia imaginar governo e oposição dialogarem para
a melhoria das condições de vida do povo de Heliópolis. Utopia é esperar que,
com a classe política que temos, com raríssimas exceções, seja possível mudar
alguma coisa em Heliópolis sem que se mude o modus operandi da ação de se fazer
política.