Aninha Franco |
Um fato lamentável vem
constrangendo o outrora maior jornal da Bahia: A Tarde. É que o centenário
veículo de comunicação censurou artigo de Aninha Franco e a revista Muito, que
circularia com o diário no dia 15 de junho, está suspensa. Aninha é excelente
escritora, ativista cultural e colunista da revista Muito. Com uma visão moderna,
como não poderia deixar de ser, é uma ferrenha crítica da política cultural do PT.
O artigo dá um murro no estômago do governo Jaques Wagner. Para fugir do
debate, o melhor é a censura. Veja o artigo na íntegra, reproduzido do portal
Bahia em pauta (http://bahiaempauta.com.br/).
Não existe ódio de graça
Os petistas estão furiosos com
esse “ódio” de um terço dos eleitores brasileiros ao PT, que tampouco querem o
PSDB, e buscam uma terceira via. Acusam esse desejo legítimo de “direita”, mas
quando falam das “mudanças” instaladas no País pelo PT, em quase 12 anos, param
na diminuição da desigualdade, que não há; na diminuição da pobreza, que não
resiste sem bolsa; e nas universidades que, diante do ranking da educação,
foram criadas para marketing. Como eleitora desejosa da terceira via, proponho
pensar na gestão do PT na Bahia via Secretaria da Justiça, Direitos Humanos e
Cidadania, de Secretário afastado por suspeita de assediar, sexualmente,
funcionárias.
O primeiro secretariado de Jacques
Wagner (2007-2010) recebeu secretários impróprios aos cargos: o de Cultura,
Marcio Meirelles, que em quatro anos destruiu tudo que nunca foi capaz de
criar; e o de Turismo, Domingos Leonelli, que miserabilizou os negócios da
pasta em oito anos. Eles são responsáveis, acompanhados de João Henrique, pela
situação de indigência cultural da Salvador contemporânea.
Mas neste mesmo secretariado de
vultos nefastos, havia Marília Muricy, pensadora jurídica, a mais brilhante
aluna do filósofo baiano Machado Neto (1930-1977), pronta para propor soluções
à sociedade delas carente, que há pouco mais de 100 anos era legalmente
escravista, e sempre foi violenta e injusta. Em maio de 2009, Muricy foi apeada
do cargo e a sua secretaria desmontada para receber a equipe de Nelson Pelegrino,
candidato à prefeitura de Salvador em 2012, necessitado de visibilidade que a
Câmara não lhe deu. Mas deu a seu oponente.
A partir daí, nada se sabe de
significativo realizado por Pelegrino na Secretaria, até sua saída, e a entrega
da pasta ao PRB, responsável pela indicação de Almiro Sena, acusado de assédio.
O PRB, aliado do PT, é liderado, na Bahia, pelo ex-radialista Márcio Marinho, e
realiza na área de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos ações expressivas para
um presidente de associação de bairro. Pouco populoso. É só conferir no site da
Câmara os projetos de Marinho, deputado federal pela Bahia, e seus discursos em
datas comemorativas. Por que alguém de bom senso sentir-se-ia compelido a votar
nisso? Para quê?