MARTHA ALVES – da Folha de São
Paulo
Destruição na Câmara de Taboão da Serra, na Grande SP, após tumulto envolvendo integrantes do movimento dos sem-teto (Foto: Bob Donask) |
A votação de um projeto enviado
pelo prefeito Evilásio Farias, em regime de urgência, para a Câmara de
Vereadores de Taboão da Serra (Grande São Paulo) terminou em quebra-quebra e
confusão, na noite de terça-feira (2). A menos de uma semana das eleições, o
prefeito pede a desapropriação de baixo custo de duas áreas na cidade para a construção
de moradias populares. Para que o projeto fosse votado seriam necessárias ao
menos nove assinaturas dos 13 vereadores, mas apenas oito concordaram. Por
volta das 21h, o presidente da Câmara, José Macário (PT), pediu a suspensão da
sessão por dez minutos para tentar entrar em acordo com os vereadores. Ao menos
400 pessoas ligadas ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) estavam no
local para acompanhar a votação se revoltaram com a suspensão da sessão e
começaram a gritar palavras de ordem. Manifestantes começaram a forçar a grade
que separa o público do espaço reservado para os vereadores e teve início a
confusão e o quebra-quebra, que durou cerca de 20 minutos. Manifestantes
tentaram derrubar a grade para invadir a plenária e ao menos 30 cadeiras foram
danificadas e os pedaços jogados contra os vereadores. Também foram retiradas
duas lâmpadas fluorescentes e jogadas na direção do plenário. Dois guardas
municipais ficaram feridos e foram levados ao pronto-socorro Akira Tada. Para
conter a confusão a GCM (Guarda Civil Municipal) utilizou gás pimenta contra os
manifestantes, que fugiram. Do lado de fora da Câmera, os manifestantes
continuaram a jogar pedras que quebraram as portas de vidro da entrada do
prédio. Os GCMs jogaram bombas de efeito moral e deram tiros para o alto. A
confusão foi controlada totalmente com a chegada da PM. Três pessoas ligadas ao
MTST foram levadas à delegacia e liberadas por volta das 3h desta quarta-feira.
OUTRO LADO
O MTST chegou em marcha à Câmara
por volta das 18h para acompanhar a votação do projeto. Segundo Vanessa de
Souza, coordenadora estadual do MTST, foi o prefeito da cidade que ligou esta
semana avisar que havia em enviado o projeto e disse que seria importante o
grupo comparecer para acompanhar a votação. Vanessa reclama que tinha ao menos
500 pessoas na Câmara e que não foi o MTST que começou a confusão." Tinha
um monte de pessoas que não fazia parte do movimento", disse Vanessa. Segundo
Vanessa, quando os guardas municipais jogaram gás pimenta e bombas de efeito
moral parte do grupo saiu correndo e o restante partiu para cima em defesa.
"Três pessoas ficaram feridas e foram levadas ao hospital e o restante
optou em não ir ao hospital, de acordo com a líder do MTST. Nesta quarta-feira,
o grupo vai contabilizar o número de feridos e levar todos para fazer exame de
corpo delito e registrar boletim de ocorrência de ameaças. "Nossos
advogados irão à delegacia para verificar como ficou o boletim de ocorrência, porque
apenas os vereadores foram ouvidos", reclama Vanessa.