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Ádria, o último adeus!

Crônicas de Viagem II


A Cajuína e a cristalina Teresina


Após alegrar os olhos com o São Francisco na ponte de Ibó, seguimos pelo Estado de Pernambuco. É bem diferente da Bahia. A popularidade do Governador Eduardo Campos se justifica. O estado é bem administrado, mas, como na Bahia, há muitos animais nas pistas. Registramos alguns cadáveres de bovinos e eqüinos ao longo da BR 316. Chamou atenção a quantidade de jumentos e cabras nas estradas. Parece não haver uma solução para o problema.
Já no item segurança, os policiais em Salgueiro estão fazendo sua parte. Fomos investigados de fio a pavio. Revistaram tudo e seguimos viagem após a abordagem necessária. Paramos em Trindade para abastecer. Em seguida passamos por Araripina, cidade importante da região da Serra do Araripe, em Pernambuco. São quase 80 mil habitantes e a economia pautada no gesso. A renda per capita é altíssima. Seguimos e adentramos o Piauí. Já pela noite, parada obrigatória: Picos.
A mais importante cidade do centro-sul do Piauí tem mais de 70 mil almas e se desenvolveu ao longo da BR 316 – a Transamazônica – além de outras BRs que formam um importante entroncamento rodoviário. Para se ter uma idéia, Picos vive do comércio intenso e chega a dobrar sua população quase todos os dias. Lá dormimos na Pousada Brasil, depois de visitarmos alguns pontos da cidade. No outro dia seguimos para Teresina.
Entre Picos e Teresina uma coisa chamou muito nossa atenção: ainda há muitos miseráveis no Piauí. Não são poucas as casas ainda construídas com varas, argila e palhas. E muitos vivem de biscates ao longo da BR 316. O interior pobre contrasta com a capital Teresina, que tem esse nome em homenagem à 3º Imperatriz do Brasil, Teresa Cristina Maria. O nome foi dado pelo seu fundador, o Conselheiro José Antonio Saraiva, em 1852. A cidade foi erguida entre os rios Parnaíba e Poty. Algumas pontes sobre o Parnaíba dão acesso ao estado vizinho: o Maranhão.
Quando se chega a Teresina, a primeira coisa que você sente é o intenso calor. Por não ser litorânea, o mormaço é marca registrada. Calor rima com sede, que rima com Cajuína. Quem se lembra da música de Caetano Veloso não pode deixar de provar o refrigerante natural, feito de extrato de caju. Não tem açúcar nem aditivos químicos. É saboroso. Você nunca se contenta com uma garrafa só. Quanto mais você bebe, mais você entende o que Caetano quis dizer: A cajuína cristaliza Teresina!
Deixamos o carro estacionado, após hospedagem na Pensão Nova Canaã. Medimos as ruas do centro, visitamos a Praça Deodoro, o rio Parnaíba, o Poty, o Teatro 4 de Setembro, Igrejas, o comércio e o Centro de Artesanato Mestre Dezinho. Neste último, demoramos mais. Vi o calabouço onde os presos pós-64 eram torturados e fizemos uma revisão de toda a história do Piauí. Lá encontramos uma estátua de Torquato Neto, poeta do Tropicalismo nascido ali e autor da belíssima Soy loco por ti América, em parceria com nosso baiano Capinam.
Na pensão, Ana Dalva conheceu as histórias de pessoas do Ceará, Amapá, Goiás, Tocantins, Amazonas e Roraima que correm para Teresina em busca de tratamento para inúmeras doenças. A capital do Piauí é considerada a 2ª mais desenvolvida do país em Medicina, só perdendo para o eixo Campinas-São Paulo. Há bairros inteiros só com clínicas, hospitais e laboratórios. Uma UTI a céu aberto. Conheci em senhor que estava na 6ª cirurgia numa perna que pegou infecção hospitalar em Roraima. Em Teresina ele fez uma só intervenção, resolvendo todos os problemas. “Se eu soubesse antes que aqui era tão bom, não teria sofrido cinco vezes!
No outro dia fomos para Timon e seguimos Maranhão adentro.  
(As fotos - 1 - Teatro 4 de Setembro - 2 - Ponte sobre o Parnaíba, ligando Teresina a Timon-MA - 3 - Héstia, Ana Dalva e Pétala na Avenida Maranhão, margeando o Parnaíba. e 4 - Praça Marechal Deodoro. Clique nas fotos para ampliá-las)