Do Sertão ao Centro-Oeste 09: BA 225 - 1º off road, o Rio Grande e o Rio Preto!
Saímos da cidade de Barra e seguimos pela BA 161 com destino a Santa Rita de Cássia. Nosso objetivo era chegar à foz do Rio Preto, no encontro com o rio Grande. Seguimos em estrada asfaltada por cerca de 30 kms até o encontro com a BA 351, sempre beirando o rio Grande, afluente do Velho Chico, que gerou a cidade de Barra quando as águas dos dois rios se encontram. De onde estávamos, a BA 161 atravessa uma ponte sobre o rio Grande e segue para Igarité e Ibotirama. Seguimos então pela BA 351 ainda beirando o rio. Três quilômetros depois, o asfalto segue com a BA 351 sentido noroeste e nós seguiremos pela BA 225, estrada de chão batido que segue margeando o rio Grande até o seu encontro com a rio Preto, na Serra do Boqueirão, próximo à divisa com o município de Mansidão.
São mais 65 kms de chão batido, cascalho, areia, puaca e
muita poeira. Nosso primeiro off road, com um Mobi Like a toda prova, com alegria
nos dois lados da pista. Do lado esquerdo, hora o rio se mostra inteiro,
cristalino, com suas comunidades vivendo no lado direito, a partir da pescaria,
do criatório de gado e da agricultura. Há sim muita pobreza no meio de tanta
pujança. Passamos pelas simpáticas comunidades de Santo Antônio da Cumbuquinha
e Pedregulho, além de dezenas de fazendas e localidades menores. Quanto mais
nos aproximávamos da divisa com Mansidão, mais a estrada piorava. Há muitos
trechos com areia e puaca. O Mobi Like aquentou o trampo, mas próximo ao
encontro dos rios atolou na areia. O perrengue da viagem foi compensado por
paisagens de tirar o fôlego, principalmente a do encontro entre os dois rios,
nas imediações da Serra do Boqueirão, divisa de Barra com Mansidão.
Vamos agora saber qual a importância deste dois rios para o
povo desta região. O rio Grande nasce na fazenda Santa Emília, serra Geral de
Goiás, município de São Desidério, percorrendo 580 km até sua foz no rio São
Francisco em Barra. Sua bacia hidrográfica conta com área total de cerca de 75
mil km² e abrange 18 municípios, passando por Barreiras e Luís Eduardo
Magalhães, inclusive. Seus principais afluentes são o rio São Desidério, o rio
das Fêmeas, o rio de Ondas, o rio Branco e o rio Preto, que deságua nele nesta
região da Serra do Boqueirão, divisa de Barra com o município de Mansidão, ao
lado da BA 225. O rio Preto é o maior afluente do rio Grande e tem esse nome devido
à suas águas cristalinas e profundas, que fazem a coloração de sua superfície
ficar escura, quando observado de longe.
O rio Preto nasce nas fraldas do Espigão Mestre, ou Serra de
Goiás. Aliás, vários rios nascem nesta cordilheira, localizada na divisa dos
estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás, Tocantins e Piauí, que é, na verdade, um
imenso chapadão entre os rios Tocantins e São Francisco. Voltando ao rio Preto,
ele corre na direção oeste-leste, totalizando um percurso de 450 quilômetros
até a Serra do Boqueirão, onde está sua foz no encontro com o rio Grande. O Rio
Preto é navegável em 364 km de curso, tem profundidade média de 30 metros e
largura máxima de 80. Ele atravessa os municípios baianos de Formosa do Rio
Preto, Santa Rita de Cássia e Mansidão, além dos povoados de São Marcelo,
Peixe, Formigueiro e Pontal. O curso do rio Preto é alimentado pelos deflúvios
das cabeceiras ocidentais úmidas, recebendo como afluentes os rios Sapão, do
Ouro e Pajeú, além dos riachos Timbó e Cana Brava.
A BA 225, depois de margear o rio Grande, segue margeando o
rio Preto, passando pelo povoado Formigueiro e outras comunidades, até chegar a
Santa Rita de Cássia. Com a aproximação das comunidades, a estrada vai
melhorando, mas seu pior trecho está mesmo nas proximidades da divisa entre
Barra e Mansidão, culminando com a chegada à Serra do Boqueirão. Os moradores
dão notícia de que havia trinta anos que nada tinha sido feito na estrada. Em
2019, a prefeitura de Mansidão recuperou o trecho da estrada que vai da
Comunidade do Pontal, próximo à foz do rio Preto, até Buritizinho. Daí até a
povoação de Formigueiro, nas Veredas da Mansidão, divisa com Santa Rita de
Cássia, a estrada melhora bastante. De qualquer forma, é recomendável passar
pela estrada num veículo 4x4, em qualquer época do ano.