O Crato de todos os tempos
A Igreja da Sé do Crato (foto: Landisvalth Lima) |
No ano simbólico dos 200 anos da
Revolução Pernambucana pisava no solo sagrado da cidade do Crato, no estado do
Ceará. Minha visita tinha o objetivo de ampliar as informações de que disponho
para o início do meu 12º livro. Desejo escrever uma trilogia e, um dos livros
deverá tratar da história de uma mulher, considerada a nossa primeira
republicana perseguida e presa: Bárbara de Alencar. Ela foi a avó do escritor
cearense José de Alencar. Depois da visita a Juazeiro do Norte, consolidando
Padre Cícero como um dos protagonistas da trilogia (o terceiro nome ainda está
em estudo), acompanhado de Ana Dalva, cheguei ao Crato na última quinta-feira,
dia 3 de agosto. Estava num cenário de três séculos de história, que sempre me
fascinou e deixou interrogações na minha cabeça.
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Cícera, Ricky e Lúcia: zelando a história do Crato (foto: Landisvalth Lima) |
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Valdir Júnior (foto: Landisvalth Lima) |
Ainda no museu, conhecemos a obra
de Wanderson Petrova, focada em mulheres com problemas psicológicos. Ricky já
havia contatado com o nosso Huberto Cabral que, em pleno almoço, deu uma aula
de história sobre o Crato. O comunicador é uma enciclopédia viva. Huberto não
só dá detalhes dos fatos como tem todas as datas de memória. Ele contesta a
informação de que padre Cícero fundou Juazeiro do Norte. Segundo Huberto, o
padre quando chegou lá já existia o distrito. “O que padre Cícero fez foi
emancipar Juazeiro e ser prefeito por duas vezes. Ninguém pode negar que a
cidade é o que é por causa dele.”, afirma Huberto. Ele também disse que o padre
nunca foi pároco do Crato. Foi capelão em Juazeiro do Norte e padre em
Caririaçu, até ser suspenso. Ele também contesta a informação de que padre
Cícero foi expulso do Crato. “Saiu por vontade dele para ser capelão em
Juazeiro.”, finalizou.
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Huberto Cabral: Enciclopédia viva sobre o Cariri (foto: Landisvalth Lima) |
O advogado Heitor Macedo é pesquisador e escritor (foto: Landisvalth Lima) |
Bárbara Alencar era neta do português
Leonel Alencar Rego, dono de terras em Senhor Bom Jesus dos Aflitos de Exu,
onde está localizada até hoje a fazenda Caiçara. Adolescente, Bárbara se mudou
para a então vila do Crato, no Ceará, casando-se com o comerciante português José
Gonçalves do Santos. Na Revolução Pernambucana de 1817, foi presa e torturada
numa das celas da Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção, no Recife. Após a
Confederação do Equador, morreu depois de várias peregrinações em fuga da
perseguição política em 1832, de causas naturais, na cidade piauiense de
Fronteiras, mas foi sepultada em Campos Sales, no Ceará.
O escritor José de Alencar morreu
sem romancear esta saga. Será uma missão e tanto de minha parte fazê-lo. Para
tanto, já foi devidamente convidado o Heitor Macedo para, além de revisar a pertinência
da questão histórica, que não terá nenhum compromisso com a História como
ciência, já que é ficção, me fará a honra de prefaciá-lo. Não seu quando
terminarei a primeira parte da trilogia, que provisoriamente tem o nome de Kariri sangrento, mas os dois dias de
visita ao Crato foram esclarecedores. Além de ter um povo acolhedor, a cidade
do Crato pode se orgulhar da sua história e da sua gente.
Para ver o artigo de Heitor sobre
Bárbara de Alencar, dê um clique AQUI.
Para ver fotos sobre a cidade do
Crato, dê um clique AQUI.
Para ver um documentário sobre os 250 anos do
Crato, dê um clique AQUI.