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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Crise faz obra da BR 235 atrasar

Início do trecho Canché-Jeremoabo (foto:Landisvalth Lima)

A BR 235 é uma importante rodovia de integração do Nordeste com o Norte e com o Centro Oeste do Brasil. O marco zero dela está na cidade de Aracaju, capital de Sergipe, seguindo até Juazeiro, na Bahia, divisa com Petrolina, em Pernambuco. A rodovia segue até o Pará, passando pelo sul do Piauí e do Maranhão, norte de Tocantins e sul do Pará. O projeto é encontrar a BR 163 na altura de Cachimbo, totalizando 1968 quilômetros. Muitos trechos ainda são projetos. O único estado com toda rodovia totalmente pavimentada é Sergipe. Da divisa da Bahia/Sergipe até Juazeiro são 360 quilômetros e a esperança de ver todo o trecho pavimentado está adiada. Era para tudo ser entregue agora em março de 2016, mas a crise enfrentada pelo país atingiu as obras do PAC 2 na região, justamente no momento em que enfrentamos o mais longo período de estiagem dos últimos cem anos.
O contraste entre o a paisagem irrigada e a seca (foto:Landisvalth Lima)
Dos cinco lotes licitados em 2014, somente um concluiu a obra na BR 235 baiana. Os 76 quilômetros entre Pinhões e Juazeiro tem ainda cerca de 25 sem asfalto. Este trecho é de responsabilidade das construtoras SVC e PAVISERVICE. Já os 51 quilômetros entre Uauá e Pinhões estão concluídos, mas ainda não inaugurados. O trecho já inaugurado em 22 de fevereiro de 2013 é o que liga Uauá a Canudos, indo até o povoado Canché. São ao todo 74 quilômetros em pista simples, com faixas de 7,2 metros de largura, e com 2 metros de acostamento em cada lado. Tudo bem sinalizado. Chama atenção é o custo final da obra, somente neste trecho: R$ 121.800.000,00 (cento e vinte e um milhões e oitocentos mil reais), o que equivalente a 1.645.000,00 por quilômetro pronto.
Um morro no meio do caminho (foto: Landisvalth Lima)
É exatamente no povoado Canché, seguindo o perímetro irrigado do rio Vaza Barris, que o novo trecho se inicia. Aí serão longos 78 quilômetros até a BR 110, em Jeremoabo. Os 21 primeiros quilômetros seguem o padrão dos anteriores, mas nos permite divisar a paisagem irrigada, verde, repleta de bananeiras e algarobas, com a aridez da paisagem cruel e seca, castigada por três longos anos de estiagem. De repente, tem um morro no meio do caminho e o asfalto é interrompido. A TOP Engenharia, responsável pela obra, resolveu remover um morro que obrigava os veículos a fazer uma curva desnecessária. Logo adiante, o asfalto é retomado. 
Tinha também um poste no meio do caminho (foto: Landisvalth Lima)
Curioso é saber que também havia um poste no meio do caminho. Coisas inexplicáveis! Será que é tão difícil para a Coelba remover um poste? A boa notícia é que já foram colocados outros postes nos devidos lugares e a remoção do indesejado será breve. Mas ainda temos problemas. O trecho entre os povoados de Águia Branca e Brejo Grande, de dez quilômetros, também está sem asfalto e nem mesmo terraplanagem. Também, numa passagem do perímetro irrigado, cerca de três quilômetros, as obras sequer foram iniciadas. O problema ali parece ser a questão das indenizações por desapropriações. Outro trecho sem asfalto é na chegada de Jeremoabo, na passagem do rio Vaza Barris. A boa notícia é que a ponte já está construída.
Ponte construída na passagem do Vaza Barris por Jeremoabo (foto;Landisvalth Lima)
Neste ponto da BR 235, a obra foi orçada em 123.236.428,64. E, como mesmo está escrito na placa informativa do Ministério dos Transportes/Dnit, o início da obra ocorreu em 03 de março de 2014, com conclusão prevista para o próximo dia 21 de fevereiro de 2016. Esta data é pura utopia, já que o ritmo das obras anda a passos de jerico. Além disso, no início de dezembro de 2015, como informou o Portal Jeremoabo Agora, 140 empregados foram demitidos pela TOP Engenharia. A previsão mais otimista, caso o dinheiro volte aos cofres da empresa, é uma inauguração no Natal de 2016. Mas, se a crise continuar, a obra só será entregue em 2017. Dos trechos em obras, este foi um dos mais menos caros: R$ 1.588.000.000,00 (um milhão, quinhentos e oitenta e oito mil) por quilômetro pronto.  
Somente 10 quilômetros após a divisa estão asfaltados (foto:Landisvalth Lima)
O último trecho em obra da BR 235 na Bahia vai da BR 110, em Jeremoabo, até a divisa Bahia/Sergipe, próximo ao município sergipano de Carira. São 80 quilômetros ao custo de 133.900.000.000,00, ou 1.688.525,00 por quilômetro construído, um dos mais caros. A construtora responsável é a EMPA S/A Serviços de Engenharia. É o trecho mais atrasado. Apenas 11 quilômetros foram asfaltados. O início das obras ocorreu em 24 de abril de 2014 e a inauguração foi prevista para 12 de abril de 2016. Neste ritmo de dança romântica das tartarugas, só no Natal de 2017, e olhe lá! A propaganda oficial diz, e é verdade, que a BR 235 permitirá uma maior integração entre as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, quando estiver totalmente pronta. A parte mais movimentada da rodovia está entre Aracaju e Juazeiro, que há mais de 20 anos espera sua pavimentação asfáltica. Sua conclusão até a BR 163, no Pará, parece ser algo que só será vivido por nossos netos.