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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Antônio Coca vence Concurso de Poesia Falada de Propriá

Antônio Coca recebendo o prêmio das mãos do
prefeito de Propriá José Américo Lima

     Eu infelizmente não pude estar presente a um dos mais importantes eventos culturais do Estado de Sergipe. Não pude mudar a data de uma prova e perdi uma agradável viagem com o poeta Antônio Pedro Caldas, o nosso Antônio Coca. No dia da homenagem feita a Helvécio Santana, encontrei-me com o filho do peixe, Calango da EBDA. Poeta também de alta estirpe, disse-me do desempenho do pai: “O velho tocou na veia certeira do coração saudoso do povo de Propriá. Tirou em 1º lugar.” E tudo aconteceu numa quarta-feira não muito distante, no dia 25 de Janeiro deste ano. O Concurso de Poesia Falada "Poeta João Fernandes de Britto", realizado pela Prefeitura Municipal de Propriá, marcou mais uma programação do XXV Encontro Cultural de Propriá. Para premiar os concorrentes, a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Cultura, selecionou 12 trabalhos. Foram eles:
Ivilmar, o 2º colocado, recebendo o prêmio entregue
pelo Secretário de Cultura de Propriá
1.       A LINHA DO TREM - SANDRA SUELI DA SILVA CRUZ
2.       CADÊ VOCÊ - ADEMAR VIEIRA FILHO
3.       INEXORÁVEL - DARQUIRAN COSTA
4.       LAMENTOS DE UM “VELHO” - GILBERTO DOS SANTOS
5.       MUDANÇA - ANDREIA DA SILVA MELO
6.       O AMADURECER DO MATURI - MÁRIO CEZAR REZENDE
7.       O BELO FRANCISCANO - MARCIA DONATO SANTANA
8.       O BRILHO DA FELICIDADE - WANDERLELIA GUIMARAES SILVA
9.       PEQUENOS CALOTES DIÁRIOS - IVILMAR DOS SANTOS GONÇALVES
10.     “RAIO X” - NÉVITON JOSÉ DOS SANTOS
11.     RECORDANDO PROPRIÁ - ANTONIO PEDRO CALDAS
12.     ÚLTIMO ESPETÁCULO… LUCIDEZ DE UM PALHAÇO - PÉRICLYS DA ROCHA SANTOS
Antonio Coca e seus amigos do Cedro
     O poesia vencedora foi “Recordando Propriá”, de autoria de Antônio Pedro Caldas. O nosso Antônio Coca faturou um prêmio de R$ 1.000,00. A premiação de melhor intérprete saiu para Ivilmar dos Santos Gonçalves, que também ficou como o vice-campeão de melhor poesia intitulada “Pequenos Calotes Diários”. De acordo com o prefeito José Américo Lima, com a realização da festa do Bom Jesus dos Navegantes e Encontro Cultural, Propriá reassume em 2012 o compromisso com a cultura popular do Estado. “Seja através das apresentações artísticas e culturais ou deste concurso de poesia falada, o nosso intuito é fazer com que este seja mais um passo na retomada à glória de outros tempos, já que esta cidade é um celeiro de grandes mestres nas artes”, afirmou Américo. O Secretário Municipal de Cultura e Meio Ambiente, José Alberto Amorim, agradeceu ao prefeito José Américo e à equipe de trabalho empenha na realização do concurso de poesia falada João Fernandes de Britto. “O resgate deste encontro representa o estímulo à produção poética, artística e cultural nesta cidade e em todo o Estado. Por este motivo é que neste momento quero agradecer o empenho do prefeito José Américo Lima e a toda equipe da Prefeitura, que se empenhou na realização deste concurso tão brilhante”, acrescentou Amorim.
Parentes e amigos de Cedro marcando presença
     Filho ilustre de Cedro de São João, Antônio Coca reside em Heliópolis há mais de uma década e por onde vai carregando sua poesia leva o nome da sua terra natal e desta cidade. A presença da família Caldas não se resume aos versos que “seu” Antônio distribui generosamente por onde passa, alegrando o ambiente. Sua filha Socorro Caldas, também poetisa de mão cheia, é a atual Chefe do Cartório da cidade e seu filho, José Alberto Caldas, o Calango da EBDA, é funcionário público estadual da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário. Jorge Caldas, este ainda desempregado, tem forte aptidão para a música popular de raiz poética. Toda a família cheira a arte. Mas a marca maior de Antônio Pedro Caldas não é somente ser um extraordinário poeta popular. É o fato de nunca negar sua origem. Antônio Coca sabe de onde veio, onde está e para onde quer ir. De carroceiro a viúvo aposentado, trilhando nos caminhos deste sertão maltratado, Antônio Coca vai deixando marcas nas estradas. Marcas registradas com palavras conotativas, metafóricas, embebidas numa suave e encantadora rima que parece inigualável e que nos apontam para novos semanticismos.
Caravana de amigos de Cedro de São João presente
Esta foi a poesia vencedora:

Recordando Propriá  
                                Antônio Pedro Caldas

Depois de velho e cansado
Residindo em outro Estado
Com tantas rugas na testa
Vim procurar um abrigo
Na casa de um amigo
Pra falar sobre esta festa.

Vim recordar o passado
Ao velho Chico encostado
Perguntando em Propriá
Cadê o nosso navio
Que navegou neste Rio
Aonde será que ele, está?

Ele Nunca naufragou
Se venderam, alguém comprou
De quem será que ele é?
Outra pergunta da boa
Cadê a maior canoa
Com o nome de Canindé.

Respondam sem brincadeira
Quem comprou a salineira
E a canoa campinas
Outra pergunta suave
Cadê nossa Marialves
De todas, a mais grã fina?

Esta canoa descia
No outro dia subia
Fazendo a gente sorrir
Trazendo seus passageiros
Lembro até do canoeiro
Era o mudo Davi.

Outras que eu não lembro mais
Que passavam por São Brás
Subindo para o sertão
Às vezes sem levar nada
Mas voltavam carregadas
Com arroz, milho e feijão.

Hoje olhando nosso rio
Com seu leito vazio
Dá uma dor no coração
Digo na rima modesta
Ainda fazem esta festa
Por causa da tradição.

Mas Jesus Cristo está vendo
O velho Chico morrendo
E eu perante a luz
Eu tenho a maior certeza
Quem destrói a natureza
Não acredita em Jesus.

Agora pra terminar
Vou pedir em Propriá
Aumentando a minha voz
Grito e peço neste instante
Ao Bom Jesus dos Navegantes
Que proteja a todos nós.

   Informações complementares do portal da Prefeitura Municipal de Propriá (Diego Góis). Fotos: Diego Góis e arquivo pessoal de Antônio Pedro Caldas. Vídeo: arquivo pessoal de Antônio Pedro Caldas.