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Wagner, Marcelo Nilo, Pelegrino e Gabrielli na lista de propinas da OAS

Pelegrino, Gabrielli, Marcelo Nilo e Jaques Wagner receberam 2 milhões e 620 mil da OAS

De acordo com o jornal O Globo, uma das maiores empreiteiras do país, com contratos bilionários no Brasil e no exterior, a OAS distribuiu entre 2010 e 2014 cerca de R$ 125 milhões em propinas e repasses de caixa dois a pelo menos 21 políticos de oito partidos. Daqui da Bahia estão relacionados o senador Jacques Wagner, o deputado federal Marcelo Nilo e o ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrielli. A revelação foi feita por oito ex-funcionários que atuavam na “Controladoria de Projetos Estruturados”, o departamento clandestino da empreiteira, em delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado e que era mantida até agora em sigilo.
O GLOBO teve acesso a um relatório de 73 páginas da Procuradoria-Geral da República (PGR) em que a procuradora-geral, Raquel Dodge, resume as revelações dos ex-executivos, contidas em 217 depoimentos, e pede providências ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo. Os funcionários do setor revelaram os nomes dos políticos, as campanhas financiadas irregularmente, as obras superfaturadas para alimentar o caixa clandestino da empreiteira e o método de funcionamento do esquema. A lista de beneficiários elencada pelos delatores é multipartidária e reuniria alguns dos mais proeminentes políticos do país no período.
Entre os acusados de receber propina estão o senador Jaques Wagner (PT-BA) e o ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União (TCU), além do ex-governador Fernando Pimentel (PT-MG), do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) do ex-ministro Edison Lobão (MDB-MA), e do deputado federal Marcelo Nilo (PSB-BA). Vários outros teriam recebido caixa dois, entre eles o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o senador José Serra (PSDB-SP), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-prefeito Eduardo Paes, o ex-governador Sérgio Cabral, o ex-deputado federal Sérgio Gabrielli, e o deputado federal Nelson Pelegrino, dentre outros. Procurados, eles refutaram as acusações ou negaram-se a comentá-las.
O esquema ilegal da construtora envolvia o superfaturamento de obras emblemáticas, como estádios da Copa de 2014, a transposição do Rio São Francisco, o Porto Maravilha, no Rio, e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, além de empreendimentos no exterior. Uma parte desses recursos extras seria posteriormente repassada aos políticos. De acordo com a delação, a OAS assinava contratos frios com empresas de fachada, no Brasil e no exterior, para esquentar o dinheiro. Um dos principais operadores desse caixa era Alberto Youssef, doleiro preso pela Operação Lava-Jato, que fechou delação em 2014 e começou a revelar a extensão das relações criminosas da empreiteira com o universo político.
No relatório enviado ao Supremo, a procuradora-geral, Raquel Dodge, pede o envio de depoimentos da delação dos ex-executivos para até nove estados onde a Justiça de primeira instância investiga políticos que receberam dinheiro sujo da OAS. A procuradora-geral também solicita que as acusações dos ex-funcionários sejam anexadas a inquéritos que tramitam no Supremo e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) de modo a embasar investigações contra políticos com foro privilegiado. “Nestes autos, há narrativa de diversos fatos que podem constituir infrações penais, dentre eles o pagamento de vantagens indevidas a parlamentares federais. Para facilitar a análise dos documentos coligidos e a definição de competência do Supremo Tribunal Federal ou de outros órgãos da jurisdição, segue o resumo de cada termo de declaração e da providência ora solicitada”, escreve Raquel Dodge.
Adriano Santana, executivo da OAS do setor de propinas, responsável pelas entregas de recursos na região Nordeste, disse ter montado uma sistemática de pagamentos de caixa dois e propina para políticos baianos. Entre os citados estão o senador Jacques Wagner (1 milhão) o deputado federal Marcelo Nilo (400 mil) e o ex-presidente da Petrobrás Sérgio Gabrielli (120 mil). De acordo com o relatório obtido por O Globo, “o delator citou Wagner em dois anexos. Em um deles, descreveu a utilização de um contrato fictício com uma empresa de Pernambuco para repassar, em 2013, a propina de 1 milhão de reais a Carlos Daltro, que seria operador de Wagner.” A propina para José Sérgio Gabrielli foi revelada pelo ex-executivo, Ramilton Lima, como beneficiário de uma mesada de 10 mil reais paga pela empreiteira depois que ele deixou a estatal, em 2012. O dinheiro teria sido repassado ao petista, em espécie, na filial da construtora em Salvador, durante todo o ano de 2013, totalizando 120 mil reais”.
De acordo com os delatores, a influência de Jaques Wagner teria feito a empreiteira realizar repasses de Caixa 2 para seus aliados na Bahia. Segundo Adriano Santana, o deputado federal Nelson Pelegrino (PT-BA) recebeu da OAS R$ 1 milhão, via Caixa 2, em 2012, quando disputou e perdeu a eleição para a Prefeitura de Salvador. O atual deputado federal Marcelo Nilo (PSB-BA), que presidiu o parlamento estadual cinco vezes, recebeu, segundo Santana, “vantagem indevida” da OAS. Os valores variavam de R$ 50 mil a R$ 400 mil e teriam sido pagos entre 2012 e 2013. Marcelo Nilo rechaçou a acusação. “Nunca recebi recurso de nenhum Adriano Santana, porque não conheço ninguém com esse nome”.
 (Jornal O GLOBO)