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O Bolsonaro encrenqueiro

Flávio Bolsonaro é um poço de encrencas para o pai presidente (Ilustração: Istoé)

Quando a democracia se enraizar por estas bandas, quando for praticada plenamente pela maioria esmagadora dos brasileiros, sentiremos vergonha de como elegemos os nossos representantes até aqui. Viramos fundamentalistas de ideias inúteis e soterramos quaisquer coisas que não sejam ser contra ou a favor de dado modismo. Transformamos corruptos e aproveitadores em quase deuses, deputados inexpressivos em mitos, arrogantes professores em filósofos, programas inúteis da TV em líderes de audiência, mídias consagradas em lixo, louvações gritantes ao Nosso Senhor jesus Cristo em aglomerados políticos e midiáticos poderosos... e outros. Daria para escrever um livro inteiro de citações. O presidente Jair Bolsonaro, produto de uma eleição gerada por um não ao PT, pode ser um divisor de águas para o início de um tudo novo ou a perpetuação de um embuste. Seu início de governo já foi marcado por duas desgraças: as encrencas do filho mais velho e o vômito da barragem em Brumadinho. O portal da Revista Istoé, edição 2561, traz ampla e detalhada reportagem sobre as lambanças de Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo Rio de Janeiro.
Se não tivesse o sobrenome Bolsonaro, seria apenas mais um dos 27 deputados envolvidos nas mais comuns das falcatruas praticadas: nomear assessores e receber parte do salário dos nomeados para supostos financiamentos de campanhas ou para enriquecimento pessoal. Assinada pelos jornalistas Wilson Lima, Ary Filgueira e Germano Oliveira, a reportagem traz movimentações financeiras atípicas, com características de lavagem de dinheiro, suspeitas de apropriação dos salários de assessores, ligações de seu gabinete com milicianos do Rio e enriquecimento desproporcional. Pior, não pode imitar o PT e dizer que é coisa das elites, do imperialismo americano ou intriga da Rede Globo. O pai, cioso da sua agenda eleitoral, disse que o filho deve pagar se for comprovado a culpa. Pelo menos não pensou em recorrer à ONU ou se autoproclamou tão limpo quanto Jesus Cristo!  
Diz ainda no texto que, quando irrompeu o escândalo, Flávio Bolsonaro até tentou adotar a estratégia de jogar para Fabrício Queiroz a responsabilidade pela origem do dinheiro que passeou em suas contas. Não colou. Em entrevista a uma emissora de TV, Queiroz se justificou: disse que os recursos eram fruto de negócios de compra e venda de automóveis. Alegando problemas de saúde, no entanto, o motorista até agora não se dirigiu ao Ministério Público para fornecer explicações – o que ele promete fazer tão logo se restabeleça. A clara tentativa de transferir a culpa combinada à falta de firmeza nas explicações recrudesceu a crise. Que ganhou novos capítulos quando apareceram novas informações do Coaf mostrando que Flávio Bolsonaro fracionou R$ 96 mil em 48 depósitos em dinheiro realizados na boca do caixa eletrônico da agência do Banco do Brasil na Assembleia Legislativa do Rio. Novamente a emissoras de televisão, não para a Justiça, Flávio Bolsonaro alegou que o dinheiro era parte da venda de um apartamento para o ex-jogador de vôlei de praia Fábio Guerra.