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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

O povoado Serra dos Correias

A história, os problemas enfrentados e as perspectivas do povoado Serra dos Correias, do município de Heliópolis.  
PSF da Serra dos Correias - desativado há cinco anos
O espaço onde hoje se situa o povoado, antigamente deu lugar a um pequeno campo de futebol, do qual toda a terra era pertencente a um grande fazendeiro conhecido como João Correia, motivo pelo qual é hoje denominado Serra dos Correias. Anos depois, o vereador Valdelício Dantas da Gama, atual secretário de Infraestrutura, apresentou Projeto de Lei mudando o nome do povoado para Serra de João Correia. O Projeto virou Lei, aprovada por unanimidade, mas até hoje o nome não foi mudado. No início, por volta dos anos 60, apenas algumas famílias viviam por ali, sustentadas na agricultura de subsistência e do manejo com a criação de gado. Segundo os atuais moradores, a primeira casa a ser construída tinha como dono João Barbosa. Com o tempo, o lugar começou a ganhar mais moradores, que saiam das proximidades da região em busca de residir em um local onde houvesse uma maior concentração de famílias, tornando mais fácil a vivência de todos aqueles que buscavam melhores condições de vida. O acúmulo de famílias que ali passaram a viver gerou alguns benefícios que foram fundamentais para a consolidação do povoado. Um deles foi a chegada da água encanada e da luz elétrica. As condições agora eram outras e permitiram que mais famílias se agrupassem no povoado que crescia. 
Escola Dom Pedro I - Povoado Serra dos Correias
Em 1984, surgiu o primeiro projeto para criação de uma escola que atendesse às crianças e adolescentes da localidade, desde a alfabetização à oitava série do Ensino Fundamental. Funcionava inicialmente numa casa particular cedida por moradores. Só depois, com a chegada de recursos do governo, é que pode ser construído o prédio onde atualmente funciona a Escola de Ensino Fundamental Dom Pedro I, inclusive sede do Polo Educacional.
O povoado é vítima de uma política pautada nos interesses pessoais, que pouco avanços trouxe para o povoado. Chegaram a construir, na administração do prefeito José Emídio Tavares, o Zé do Sertão, gestão de 2004 a 2008, um prédio para abrigar um Posto de Saúde do PSF (Programa Saúde da Família). O custo foi um absurdo: algo em torno de 100 mil reais na época. Mesmo tendo alto custo, o intuito era de melhorar o acesso das pessoas do povoado à saúde. O PSF funcionou cerca de um ano. De lá para cá, desde então, nunca mais foi aberto. Este é um claro exemplo da falta de planejamento, do comportamento mesquinho e tacanho da classe política e também revela descompromisso dos governantes para com a população. Ao conversar com as pessoas do povoado sobre as condições básicas de vida, a queixa mais frequente é justamente a dificuldade de acesso à saúde.
Nossos repórteres em frente à Igreja da Serra dos Correias
Como se já não bastasse, sofrem com a constante falta de água devido à falta de manutenção regular dos poços artesianos que abastecem toda região. Vale citar também que na última gestão do antigo prefeito Walter Almeida Rosário, que sucedeu Zé do Sertão, foi conseguido verbas para calçamento das principais ruas do povoado. Numa jogada política até hoje não muito bem explicada, a emenda do calçamento foi levada para o povoado Viuveira. Com a revolta do povo da Serra dos Correias, ao final da gestão, o prefeito iniciou, em pleno ano eleitoral, o calçamento prometido. Como não se reelegeu, a obra foi interrompida e o prefeito atual, Ildefonso Andrade Fonseca, não retomou as obras. Está tudo parado, num claro desperdício de dinheiro público.  
Em relação às perspectivas futuras, não há uma grande esperança por parte dos moradores, apenas um vago sonho de que um dia exista de fato uma preocupação e um maior empenho por parte dos gestores de plantão para com o povoado. Só para se ter uma ideia, também na gestão do prefeito José Emídio foi feita a ampliação da Escola Dom Pedro I. A obra foi feita às pressas, após os prefeito estar derrotado nas urnas. Antes do início do ano letivo, a obra veio abaixo e está lá até hoje. Até uma quadra de esportes não resistiu ao primeiro jogo de futebol de salão. Pior, o engodo continua lá até hoje. Ninguém tomou providências para corrigir o problema ou para que os recursos fossem devolvidos ao município. A impunidade é a arma dos gestores contra o desenvolvimento do povoado e do município de Heliópolis como um todo. Enquanto o melhor não acontece, o povo da Serra dos Correias vai vivendo como equilibrista em corda bamba.  
                                 Reportagem de Amanda Almeida Mendonça, Clériston
                             Ribeiro de Andrade, Valdi Gonçalves da Gama Júnior
                      e Victor Henrinque Gonçalves Fontes – como avaliação para
                   a disciplina Redação e Expressão - 4ª unidade – do Colégio
               Estadual José Dantas de Souza. O texto foi revisado por
              Landisvalth Lima.