Telha - Cidades do Velho Chico 37
Neste episódio de Cidades do Velho Chico, vamos conhecer a última cidade sergipana que será retratada na série. Trata-se do pequeno município de Telha, localizado na microrregião de Propriá. Nesta cidade encantadora, tudo parece mágico quando se aprofunda na sua história. Fica localizada às margens da rodovia SE 425, que dá acesso à BR 101 e à SE 200, todas com asfalto em boas condições. Sua população prevista para 2024 foi de 3.373 pessoas. E não se enganem, é um dos municípios que mais crescem em população em Sergipe, com dados sempre acima dos 10%. Seu território soma 47,860 km², perfazendo uma densidade demográfica de 68,41 habitantes por km². Sua área urbanizada é de 0,65 km². Telha faz limites com Propriá, Cedro de São João, Amparo de São Francisco – em Sergipe, e Porto Real do Colégio, em Alagoas. Sua distância para Aracaju é de 107 kms.
Sua história de criação e fundação inicialmente se confunde com a formação do município-mãe Propriá. O município foi fundado em terras de Propriá, doadas por Cristóvão de Barros, por volta de 1590, ao seu filho Antônio Cardoso de Barros. Foram os holandeses seus primeiros moradores. Duas famílias dos Países Baixos se estabeleceram no local com uma fábrica de telhas de barro cozido. Nasce então o Povoado Telha de Cima. No século XX, no início da década de 60, os moradores perceberam que Telha de Cima já possuía condições suficientes para se emancipar de Propriá. Organizaram uma comissão liderada por José Manoel Freire Filho – até hoje reconhecido como fundador do município. José Manoel procurou o deputado Wolney Leal de Melo para consolidação do sonho. O deputado elaborou e apresentou o projeto de Lei. Aprovado, virou Lei estadual nº 1248, de 20 de janeiro de 1964, sancionada pelo governador da época, João de Seixas Dória. A implantação definitiva só correu em 3 de outubro de 1965. O primeiro prefeito, candidato único eleito pela Arena, foi Claudionor José dos Santos. Telha, portanto, faz agora 61 anos de emancipada.
Hoje, Telha possui três povoados: São Thiago, São Pedro e Bela Vista. Viver no município é garantia de tranquilidade e dedicação ao trabalho, principalmente quando se trata de cultivar o arroz. A população tem consciência da riqueza de suas águas, difundidas pelo rio São Francisco. Regiões ricas em água são aproveitadas ao máximo para cultivar o cereal, e isso tem mais de 100 anos. Foi criado um Projeto Irrigado de Propriá, iniciado em 1975, que envolve na verdade Propriá, Cedro de São João e Telha. Entretanto, a maioria dos produtores são de Telha. Para completar, não poderia faltar o criatório de peixes. O cultivo de arroz na região ganhou a parceria da piscicultura. No Projeto Irrigado Propriá, o arroz é produzido em consórcio com a psicultura e já abastece várias cidades de Sergipe e Alagoas.
Além disso, o maior legado de Telha é o cuidado que se tem com seu povo. No último levantamento oficial, a taxa de escolarização de 6 a 14 anos de idade era de 99,5%. É a 3ª melhor de Sergipe. Hoje, o esgotamento sanitário no município chega a bons 70%. Só há em Sergipe 3 município com taxa melhor. Há problemas? Sim, mas com números assim, a carga para solução será bem menor. Por falar nisso, nas eleições de 2024, Lucas de Flávio – Lucas Freire Vasco, do PSD, venceu Neto Dias – José Antônio Dias Neto, do PP, e vai governar o município até 2028, substituindo Flavio Freire Dias, primo do eleito, produtos da hegemonia política de duas famílias da região: Família Dias e a Família Freire.
Por fim, apesar de estar afastada do Velho Chico por cerca de 8 kms, Telha tem o seu lugar de lazer e diversão, além das festas religiosas, juninas e datas comemorativas. Trata-se da encantadora Prainha da Adutora. O local tem esse nome por ter nos arredores a adutora da Companhia de Saneamento de Sergipe que capta água para abastecer a região e parte da capital sergipana. A Prainha da Adutora conta com bares e restaurantes para atender ao público visitante de todos os gostos e bolsos. E o melhor de tudo: é no São Francisco.
