O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, se reuniu na tarde
deste domingo com a presidente Dilma Rousseff e entregou seu cargo.
A situação do ministro ficou insustentável após a Folha
revelar que ele acumulou dois empregos públicos por quase cinco anos antes de
entrar para o Executivo federal. Após a revelação, o Palácio do Planalto passou
a esperar que o ministro se antecipasse e pedisse demissão. Do contrário, a
presidente Dilma Roussef teria de fazê-lo. Em nota publicada no blog do
Ministério do Trabalho, o ex-ministro apontou a "perseguição política e
pessoal da mídia" e a "condenação sumária" da Comissão de Ética
da Presidência da República como os motivos para pedir demissão. Lupi também
disse que não teve o direito de se defender. Além disso, segundo ele, sua
demissão é uma maneira de evitar que "o ódio das forças mais reacionárias
e conservadoras deste país contra o trabalhismo não contagie outros setores do
governo".
SUSPEITAS
Carlos Lupi foi o ministro alvo de acusações mais longevo do
governo, resistindo com ajuda do Planalto desde 9 de novembro, após reportagem
da revista "Veja" afirmar que assessores recebiam propina. Dos 37
ministros, a presidente Dilma Rousseff já perdeu sete desde o início de seu
governo, em janeiro, sendo seis acusados de irregularidades --além de Lupi,
Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais
(Turismo), Antonio Palocci (Casa Civil) e Orlando Silva (Esportes). O objetivo
de Dilma era demiti-lo apenas na reforma ministerial, prevista para janeiro.
Isso evitaria o constrangimento de ver seu sexto ministro cair por suspeita de
irregularidades e a livraria de tratar antecipadamente da acomodação do PDT. Dilma
tende a deixar no cargo o secretário-executivo, Paulo Roberto Pinto, até
definir como serão as alterações e o seu grau de abrangência.
Informações da FOLHA DE SÃO PAULO (Reportagem de CATIA
SEABRA e NATUZA NERY – de Brasília)