Exclusivo!

Propriá - Cidades do Velho Chico 23

Josefa de Jesus, 67 anos, assassinada pelo amor e pelo sistema!

Dona Josefa e Fábio. Vítima e assassino, mas o sistema também tem sua parcela de culpa. (Foto: Hora da Notícia PV)

O nome é bem comum em nossa região: Josefa. Para mostrar sua firme e forte crença no divino, seu sobrenome era Jesus, muito comum àqueles que nascem sem berço de família tradicional. Josefa de Jesus tinha 67 anos, destes temperados com as agruras de uma vida de luta. Sua existência já estava definida. Seria mais uma deste torrão a batalhar e a batalhar todos os dias. Cuidou de muita gente e já não pensava mais em felicidade. Com o dinheiro do aposento, dava para seguir adiante com um pouco de refrigério. Felicidade? Hum, vôte!

Mas um dia aparece em sua vida um tal de Fábio Barbosa Santos. Tinha idade para ser seu neto! Veio com umas gracinhas, umas conversinhas... Quando pensa que não, olha Dona Josefa de chamego com o rapaz. Mas ele só tinha 25 anos! Ora, bolas! E daí? A idade não pode ser empecilho para se buscar a felicidade e o amor. O problema é que muitos sabiam que o sujeito não era flor de se cheirar. Tinha saído da prisão por matar o próprio tio, em 2018, a facadas. Mas isso não significa que ele não possa ter encontrado o caminho da verdade e da vida. 

Josefa de Jesus não deu ouvidos. Tempos depois, percebeu que ela é que estava sustentando o sujeito. Embora reclamasse, sabia que a felicidade tem um preço. Ocorre que o que ela fazia por grado virou uma exigência do amante. E não tinha esse negócio de mimimi não. Queria a grana e ela tinha que dar. Cinco meses depois, Dona Josefa não mais aguentou e bateu o pé. Fábio ameaçou matá-la e cumpriu com a promessa. Na tarde desta quinta-feira, dia 02 de dezembro, um corpo jazia numa casa do conjunto Pedro Valadares, em Poço Verde. Dona Josefa de Jesus foi morta a machadadas desferidas em sua cabeça.

Os policiais civis e militares de Poço Verde prenderam Fábio três horas depois, em flagrante, ainda no município sergipano. O delegado Wellington Júnior disse que a vítima estava deitada na cama quando foi assassinada. Também afirmou o delegado que o feminicida tinha saído do sistema prisional há cerca de seis meses. Fábio não foi recuperado pelo sistema e precisa passar o resto da vida na cadeia para não matar novamente. O sistema não pode tudo, mas a “bondade”, ou falta do cumprimento da lei ao pé da letra, ajudou a tirar a vida de Dona Josefa de Jesus. E que não se use isso para justificar a adoção da pena de morte. Falta rigor! As leis são razoáveis, mas há muitas portas abertas para a frouxidão da aplicabilidade delas, determinada por juízes garantistas.

Parece ficção? Mas é a pura realidade! 

Baixaria na Câmara Municipal de Jeremoabo

Enquanto aqui em Heliópolis a Câmara Municipal está há cinco semanas sem sessões, sem brigas e sem projetos, em Jeremoabo tudo está sobrando. Na última terça-feira (30), o vereador José João da Silva (Zé de Zezito) resolveu tirar uma gracinha com o colega Érick. Inconformado de ver o colega exaltar sua origem, o vereador disse que ele era mais conhecido por Érick Pula Pula. Quando o vereador Carlos Henrique de Oliveira (Kaká de Sonso) discursava na tribuna, Érick pediu um aparte e deitou baixaria sobre o vereador Zé de Zezito. Os menores palavrões foram de mentiroso, puxa-saco e baba ovo do prefeito Deri do Paloma. Quase chegaram à troca de agressões. Essa é a política que não interessa a Jeremoabo. Se os dois vereadores tiveram razão, ainda estamos longe da possibilidade de atingirmos uma civilidade plena e democrática. Seja qual for o desfecho de tudo, a conta será paga pelo contribuinte do município. E ela não é barata.  

Vereador Líder da oposição adere ao governo em Heliópolis

Vereador Van da Barreira não é mais oposição em Heliópolis. (Foto: TSE)
Não é nenhuma novidade na política de Heliópolis, mas a notícia sempre parece gerar muita surpresa e decepção. Ontem, depois de muito zunzunzum, confirmou-se a notícia da adesão do Líder da Oposição, vereador Josivan de Santana Batista, conhecido por Van da Barreira, ao grupo político que está no poder. O vereador foi eleito pelo PSD, na chapa encabeçada por Thiago Andrade, obtendo exatos 600 votos. Van da Barreira é vereador de primeiro mandato. Em 2016, tentou uma vaga pelo mesmo grupo político, sem êxito.

O Contraprosa entrou em contato com o vereador para que ele justificasse ou negasse a notícia.  Ele respondeu dizendo que era verdade, "que a vida é feita de escolhas e que ele lutou ao lado de Thiago por quatro meses, mas tomou a decisão de ir para a situação." Disse ainda que, independente de partido A ou B, continuará ajudando as pessoas e indo sempre a busca das demandas para ajudar o município. Van ainda disse que "as pessoas vão criticar e eu aceito as críticas, mas estarei sempre a disposição das pessoas que precisarem de mim."

Nos bastidores, há muita revolta no grupo. Muitos chegam a dizer que foi só vingança do prefeito José Mendonça porque na gestão passada o prefeito Ildefonso Andrade Fonseca trouxe para o grupo o ex-vereador Manoel Rodrigues, que disputou a eleição em 2020, também pelo PSD, mas não conseguiu se reeleger. A tese é que José Mendonça tem maioria na câmara e fez isso apenas para dar o troco. Outros acham que o prefeito quis se resguardar de uma possível rebelião na sua bancada. Com uma maioria folgada, tudo fica mais fácil.

Uma coisa nisso tudo que chama atenção é o ineditismo de um Líder da Oposição se alinhar ao governo. Um vereador que pediu reserva disse que, numa situação como a que vivemos, é impossível resistir a 100 mil reais. Logo pedimos a ele se tinha provas, mas ele disse que é difícil provar pagamentos por fora. Por outro lado, é curioso a situação do vereador Valdelício, que bate na porta todos os dias para entrar no governo e parece que ninguém ouve. Agora ficou mais difícil para o ex-presidente da Câmara Municipal. Quem o conhece sabe que ele não vai desistir. 

Certo é que a oposição de Heliópolis está reduzida agora a duas mulheres: Ana Dalva e Maria da Conceição, esta última mãe de Thiago Andrade. Também não é a primeira vez que isso acontece. No governo Walter Rosário, Ana Dalva e Josefa Naudija ficaram sozinhas. Naudinha vivia muda e Ana Dalva vivia na batalha das denúncias contra o desgoverno municipal. Hoje, Naudinha é vice-prefeita de José Mendonça e Ana Dalva continua a ser vereadora, a duras penas.

Fazer o correto na política de Heliópolis nunca deu nada a ninguém. Talvez isso tenha pesado na balança da decisão de Van da Barreira, sem ser uma justificativa aceitável. O problema está no modo como se faz política por aqui. Não há apoio a ideias, projetos. Não se faz política pensando na cidade, no futuro, no progresso, nas pessoas. Pensa-se no dinheiro, no negócio, no ódio, na vingança, usando as pessoas como meros objetos para se atingir fins jamais republicanos. Não será a ultima vez.