Fernando Bezerra |
Novas denúncias apontam que não só Pernambuco, Estado natal
de Fernando Bezerra Coelho, Ministro da Integração Nacional, foi beneficiado
com repasse de verba, mas também seu filho, o deputado federal Fernando Coelho
(PSB-PE), e o seu irmão, Clementino Coelho, presidente da estatal Codevasf. De
acordo com reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo neste sábado (7),
o maior volume de liberação de emendas parlamentares da pasta do ministério em
2011 teria sido destinado ao deputado, filho do ministro. “Coelho foi o único
congressista que teve todo o dinheiro pedido empenhado (reservado no Orçamento
para pagamento) pelo ministério (R$ 9,1 milhões), superando 219 colegas que
também solicitaram recursos para obras da Integração” Segundo o jornal, esse
dinheiro seria destinado para a Codevasf, empresa estatal responsável pelas
obras de Transposição do Rio São Francisco. O presidente da empresa, que,
portanto, também seria beneficiado, é irmão do ministro da Integração. As
emendas do deputado Fernando Coelho de 2011 ainda não foram aplicadas, mas as
de 2010, também direcionadas à estatal do tio, beneficiaram seus redutos
eleitorais. De acordo com a Folha, foi o próprio deputado federal que escolheu
os lugares das obras tocadas em 2011, quando o pai do deputado já era ministro
e Clementino presidia a estatal.
Miriam Belchior |
“No final de 2010, a Codevasf, usando R$ 1,3 milhão das
emendas do filho do ministro, contratou uma empresa de Petrolina (a 740 km de
Recife) chamada Hidrosondas para furar poços em 92 localidades de Pernambuco.
(…)O contrato foi assinado pelo superintendente da estatal em Petrolina, Luís
Eduardo Frota, indicado ao cargo pela família do ministro. (…) Os sítios
beneficiados com poços (a maioria, propriedades particulares) ficam em
municípios em que Coelho recebeu quase metade dos seus votos na eleição para a
Câmara em 2010. (…) Dentre as cidades pernambucanas, estão Ouricuri, Cedro,
Verdejante, Exú, Petrolina, Bodocó, Petrolândia, Dormentes e Salgueiro.” De
acordo a Folha de S.Paulo, o Planalto deu como certa, na noite desta
sexta-feira (6), a saída de Clementino
do cargo. O ministério da Integração negou o favorecimento do filho do ministro
e disse que emendas de outros deputados foram aprovadas em percentuais
equivalentes. Em entrevista coletiva na terça-feira (3), o ministro se defendeu
antes mesmo desta denúncia de repasse de verba ao filho. “Eu acho que isso é
uma injustiça dizer que o ministério mandou recursos para Petrolina porque o
ministro tem um filho [ele se refere ao próprio filho] que vai ser candidato a
prefeitura da cidade.” Na quinta-feira (5), o ministro voltou a negar as
acusações e disse que está à disposição para prestar esclarecimentos no
Congresso e sugeriu uma data: terça-feira (10), às 10h.
O ministro Fernando Bezerra é provável candidato a prefeito
no Recife neste ano, com o apoio do governador Eduardo Campos, assegurou um
tratamento preferencial a seu Estado, que recebeu R$ 34 milhões de verbas
contra as enchentes em 2011, sendo o principal destinatário desses recursos. Nesta
sexta-feira (6), a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, afirmou em
entrevista à Agência Brasil, que o uso de créditos extraordinários para
investimentos na construção de barragens em Pernambuco feito pela pasta
comandada por Fernando Bezerra Coelho está correto e que não há irregularidade.
De acordo com a agência de notícias, Miriam explicou que, após as ações de
socorro imediato às famílias atingidas, o governo pediu um estudo sobre a
importância das obras para evitar que a tragédia se repetisse. Segundo a
ministra, o governo de Pernambuco apontou a necessidade da construção de
barragens, mas não apresentou os projetos a tempo de incluir os investimentos
no Orçamento de 2011. ”Quando a solução foi identificada, não tínhamos dotação
específica para 2011, por isso o ministro da Integração usou a dotação de
crédito extraordinário. Não há nenhuma irregularidade nisso, é dinheiro de defesa
civil utilizado em uma obra de defesa civil”, justificou a ministra. Segundo a
agência, a ministra disse ainda que a construção de barragens está dentro da
nova lógica de investimentos em defesa civil determinada pela presidenta Dilma
Rousseff, de priorizar financiamento de ações de prevenção de desastres, o que
também inclui drenagem de rios e contenção de encostas.
Foto: Fernando Bezerra Coelho (Valter Campanato/Agência
Brasil); Miriam Belchior (Marcello Casal Jr./Agência Brasil). Reportagem de Keila
Cândido da revista ÉPOCA.