Em encontro com jornalistas,
presidente voltou a prometer o combate a malfeitos e a interferência de
partidos em questões do governo; na economia, garantiu controle da inflação em
2012
Tânia Monteiro e Rafael Moraes
Moura, com foto de Fernando Bizerra Jr./Efe, de O Estado de S.Paulo.
Presidenta Dilma Rousseff |
BRASÍLIA - A presidente Dilma
Rousseff avisou que seu governo "não tem nenhum compromisso com qualquer
prática inadequada". "É tolerância zero", afirmou, referindo-se
a possíveis malfeitos dentro do seu governo. Em café da manhã com jornalistas
nesta sexta-feira, a presidente evitou citar especificamente o caso do ministro
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, novo alvo
de denúncias de tráfico de influência. Dilma assegurou que "não há dois
pesos e duas medidas" no tratamento das denúncias e na demissão de
ministros. "O que ocorrer dentro do governo não será tolerado",
garantiu. Pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta sexta-feira, 16, indicou que as denúncias
de corrupção são o assunto mais lembrado em relação ao governo federal. Para a
presidente, não houve momento de desgaste por conta da troca recorde de
ministros em seu primeiro ano de governo. "Foi um momento de dificuldade.
Não acho que foi um momento de desgaste. Lamento. Muitos ministros eram pessoas
que eu considerava capazes. Mas o governo superou isso", afirmou. Sobre a
demissão do então ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e a diferença entre
o caso dele, também questionado por tráfico de influência, e a atual polêmica
com Pimentel, Dilma disse que Palocci saiu do governo porque quis. Segundo ela,
em muitos casos a pressão é tão forte que o próprio ministro decide sair. Durante
a entrevista desta sexta, a presidente afirmou que não quer a interferência de
partidos políticos nas questões de governo. "Quero que cada vez mais os
critérios de governança sejam critérios internos do governo, que nenhum partido
interfira em questões internas", considerou.
Reforma ministerial. Dilma
assegurou que não haverá redução de pastas com a reforma prevista para o começo
de 2012. "Vocês vivem falando que vai ter reforma", ironizou. A
presidente fez questão de descartar a possibilidade de serem extintas pastas
considerada estratégicas, como as secretarias de Igualdade Social e de
Políticas para as Mulheres. "Não é isso que faz a diferença no governo.
Cada ministério tem um determinado tipo de responsabilidade imensa. Quem não
enxerga isso é porque não conhece o governo internamente", disse. Dilma ironizou
ainda notícias de que ela privilegia encontro com alguns ministros, como Guido
Mantega, da Fazenda, Fernando Haddad, da Educação e Alexandre Padilha, da
Saúde. "Acho isso engraçadíssimo. São diferentes demandas", afirmou.
Economia. O cenário para 2012 é
de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5% a 5%, de acordo com
avaliação feita pela presidente nesta manhã. "A meta é 5%. A meda do Guido
(Mantega, ministro da Fazenda) é 5% , de toda a área econômica é 5%. Tenho
certeza que a inflação fica sob controle e manterá a trajetória de curva
descendente suave", afirmou. Segundo Dilma, o governo vai atingir a meta
de superávit primário este ano. "Faremos esse superávit cheio. A
expectativa é para fechar este ano em R$ 91,7 bilhões. Vamos atingir sem nenhum
problema", assegurou.