Lançado na sexta-feira, 9, o livro “A Privataria Tucana”, do
jornalista Amaury Ribeiro Jr., que relata irregularidades durante o processo de
privatizações de empresas públicas nos anos FHC, conseguiu a proeza de vender
15 mil exemplares no seu primeiro dia nas livrarias. A alta vendagem em tão
pouco tempo pegou de surpresa tanto a editora que bancou a publicação, a
Geração Editorial, quanto as principais megastores. “Estamos imprimindo mais 15
mil. Subestimamos a demanda, mas o erro não foi só nosso. Algumas livrarias não
estavam acreditando. Mas em uma semana o livro estará, de novo, em todos os
pontos comerciais”, disse o editor Luiz Fernando Emediato, dono da Geração
Editorial, ao site Brasil 247. O esgotamento relâmpago do livro nas livrarias
gerou o boato, difundido nas redes sociais durante o fim de semana, de que
grandes livrarias, como a Cultura, estariam boicotando a obra após um pedido de
José Serra, principal personagem do livro. CartaCapital entrou em contato com a
Geração Editorial, que desmentiu a informação. A Livraria Cultura também negou
que pessoas ligadas a José Serra tenham tentado comprar todo o estoque do livro
na unidade do Conjunto Nacional, em São Paulo, principal loja da megastore.
Segue nota de esclarecimento da empresa: “A Livraria Cultura foi citada em
matérias na internet sobre o livro Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Jr.
(Geração editorial). Uma fonte não identificada da Livraria teria dito que houve
uma tentativa de comprar todo o estoque do produto com o suposto objetivo de
impedir que outros o adquirissem. Esclarecemos que tal fato não aconteceu.” O
livro de Amaury traz relatos impressionantes sobre as privatizações. Por
exemplo, documentos nunca antes revelados que provam depósitos de uma empresa
de Carlos Jereissati, participante do consórcio que arrematou a Tele Norte
Leste, antiga Telemar, hoje OI, na conta de uma companhia de Oliveira nas Ilhas
Virgens Britânicas. Também revela que Preciado movimentou 2,5 bilhões de
dólares por meio de outra conta do mesmo Oliveira. Segundo o livro, o
ex-tesoureiro de Serra tirou ou internou no Brasil, em seu nome, cerca de 20 milhões
de dólares em três anos. A Decidir.com, sociedade de Verônica Serra e Verônica
Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, também se valeu do esquema. Outra
revelação: a filha do ex-governador acabou indiciada pela Polícia Federal por
causa da quebra de sigilo de 60 milhões de brasileiros. Por meio de um contrato
da Decidir com o Banco do Brasil, cuja existência foi revelada por Carta Capital
em 2010, Verônica teve acesso de forma ilegal a cadastros bancários e fiscais
em poder da instituição financeira.
Informações da revista Carta Capital.