A
interdição, na última sexta-feira (15), de uma loja e de um galpão pertencentes
à uma empresa têxtil pernambucana reforçou as suspeitas de que lixo hospitalar
norte-americano entrava no país e era utilizado na confecção de peças de roupas
há anos. Os dois estabelecimentos interditados pela Agência Pernambucana de
Vigilância Sanitária (Apevisa), com apoio da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), ficam nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe e de Toritama
e pertencem à empresa Na Intimidade, que funciona com o nome fantasia Império
do Forro de Bolso. Nos locais, os fiscais encontraram pedaços de tecido com
manchas que, assim como o material apreendido na semana passada, no Porto de
Suape, podem ser de sangue. Também foram encontrados forros de bolso prontos
para a venda. Vários deles ainda continham a logomarca de hospitais
norte-americanos.
Dados
da Império do Forro disponíveis na internet indicam a Altair Moura como
responsável e contato da empresa. De acordo com notícias publicadas por vários sites
e jornais, o mesmo Moura já foi sócio de outra importadora de tecidos também
instalada em Santa Cruz do Capibaribe, a Forrozão dos Retalhos. Antigos
registros da Forrozão no site Brasil Web Trade - uma ferramenta de comércio
eletrônico do Banco do Brasil – de fato apontam Moura como sendo o contato da
companhia. No cadastro de empresas importadoras disponível no site do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio consta que, entre os anos
de 2001 e 2009, a Forrozão pôde comprar dos Estados Unidos até US$ 1 milhão
anuais em mercadorias. Já a Na Intimidade começou a importar o mesmo valor em
tecidos norte-americanos a partir de 2009.
Apesar
de encontrar o material irregular na loja e no galpão pertencentes à Império do
Forro, onde repórteres do jornal Folha de S.Paulo já haviam comprado cerca de
quatro quilos de tecido com os nomes de hospitais norte-americanos, a Receita
Federal e a Anvisa não confirmam se a empresa é responsável por importar as
mais de 46 toneladas de lençóis, fronhas, toalhas de banho, batas, pijamas e
roupas de bebês sujas de sangue retidas na semana passada, no Porto de Suape,
em Pernambuco. As autoridades investigam se o material guardado na loja e no
galpão é parte da carga de outros seis contêineres que, segundo a Receita Federal,
a importadora recebeu desde o início do ano e que não foram fiscalizados pela
alfândega. “Ainda não sabemos se os outros contêineres continham o mesmo
material. O advogado da empresa [com quem o inspetor se reuniu pela manhã]
alega que não, mas nós queremos saber o que foi feito de todo o material, se
ele foi empregado na produção ou descartado”, disse o inspetor-chefe da
Alfândega da Receita Federal no Porto de Suape, Carlos Eduardo da Costa
Oliveira, à Agência Brasil, na última sexta-feira. A Agência Brasil telefonou
para os números de contato das duas companhias e de Moura, mas ninguém atendeu.
Informações
de A TARDE.