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Neópolis - Cidades do Velho Chico - 31

Quem matou Roberto do PT?

Quem tinha interesse na morte de Roberto do PT? O juiz Sérgio Moro quer saber. (foto:Veja)
Em reportagem de Thiago Bronzatto, a revista VEJA desta semana traz o assassinato do ex vice-prefeito do Partido dos Trabalhadores de Ourolândia, município do centro-norte da Bahia. O juiz Sergio Moro pede apuração do assassinato de José Roberto Soares Vieira, conhecido como Roberto do PT, que delatou esquema de corrupção na Petrobras, envolvendo diretamente o PT da Bahia. Ele havia revelado à Polícia Federal a participação dele e de um ex-sócio em um esquema que desviou mais de 7 milhões de reais dos cofres da estatal, dinheiro que era repassado ao PT
Segundo reportagem da revista, o empresário José Roberto Soares Vieira desconfiava que algo de ruim estava para acontecer. Não era um simples pressentimento. No começo deste ano, ele vendeu a casa, num condomínio de alto padrão em Camaçari, na região metropolitana de Salvador. Passou a evitar atender ligações de números desconhecidos, afastou-se de colegas e raramente andava sozinho na rua. Contratou um motorista particular, que fazia as vezes de segurança, e procurou uma concessionária para mudar de carro. Aos vendedores, disse que queria trocar ou blindar seu Land Rover Discovery 4. Enquanto aguardava o orçamento, deixou o veículo na loja e alugou um Gol. Na manhã de 17 de janeiro, logo depois de sair da concessionária, Roberto do PT, como era conhecido o empresário baiano, visitou uma segunda loja de automóveis antes de percorrer 32 quilômetros até o trabalho. Eram os seus últimos minutos de vida.
Ele foi morto com nove tiros na porta da sua empresa por um homem em uma motocicleta. O assassinato seria mais um de tantos que ocorrem todos os dias pelo Brasil afora, não fosse por um detalhe crucial: dois meses antes, a vítima havia delatado um esquema de arrecadação de propinas na Petrobras. Era testemunha de um braço de um caso investigado pela Operação Lava Jato envolvendo o PT da Bahia. Quem chamou atenção para esse fato foi o juiz Sergio Moro. Num despacho assinado no último dia 26, o magistrado advertiu: “Não se pode excluir a possibilidade de que o homicídio esteja relacionado a esta ação penal, já que, na fase de investigação, o referido acusado aparentemente confessou seus crimes e revelou crimes de outros”. Traduzindo, Moro levantou a suspeita de que esse caso seja a primeira queima de arquivo, ou assassinato por vingança, da Lava Jato. E tudo leva a crer que ele tem razão. 
A morte do ex-vice-prefeito foi ignorada pelos seus companheiros de partido. O PT, que governa a Bahia há onze anos, não divulgou uma nota sequer sobre o assassinato do empresário. A revista VEJA procurou a assessoria de imprensa do PT da Bahia. Disse que não iria se manifestar, porque Roberto Soares “não era mais” do partido há muito tempo. Procurada, a assessoria de imprensa do PT nacional disse o contrário – que o empresário continuava filiado ao partido, mas que não divulgou nota sobre a sua morte porque “passou batido”. Em Ourolândia, as homenagens ao ex vice-prefeito se limitaram a velar o seu corpo na Câmara de vereadores. Nenhuma liderança petista expressiva compareceu ao local.