Presidente do Senado deve
negociar com líderes nesta quinta a data das próximas etapas antes da abertura
das investigações; governistas trabalham para senadores retirarem assinaturas
Débora Álvares - O Estado de S.
Paulo
Brasília - O presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que "não há mais o que
fazer" sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás.
"Evidentemente que uma CPI em ano eleitoral mais atrapalha do que facilita
a vida do Brasil. Mas agora não há mais o que fazer, porque temos o
requerimento, o fato determinado, o pedido, o número de membros da própria
comissão. Vamos marcar a data, fazer a conferência dos nomes e instalar a
CPI", disse.
Publicamente contra a comissão,
Renan reiterou em seguida que ainda precisa negociar com os líderes da Casa a
data das próximas etapas anteriores à abertura das investigações. Embora a
oposição tenha conseguido uma assinatura a mais do que o necessário - o
requerimento recebeu a adesão de 28 senadores; eram necessárias, pelo menos, 27
-, a CPI ainda não está garantida. Isso porque, regimentalmente, os senadores
podem retirar seu apoio. Na noite de quarta mesmo, quando se confirmou a coleta
da quantidade de nomes necessários, governistas já começaram a trabalhar para
convencer adeptos da CPI a retirarem o apoio.
Os próximos passos, a partir de
agora, são marcar a data de leitura do requerimento de CPI no Plenário e fazer
a conferência de assinaturas. Renan disse que, ainda nesta quinta, vai
conversar com as lideranças partidárias para avaliar a melhor data para isso.
"Vou conversar por telefone com os líderes e ver com eles do ponto de
vista do encaminhamento, da necessidade de nós instalarmos rapidamente como
deveremos fazer." O presidente do Senado não garantiu, contudo, que o
requerimento siga para plenário já na próxima semana. Isso porque, os líderes
da base tentarão atrasar o quanto puderem a instalação.
Até a meia noite do dia em que o
pedido de investigação for lido no plenário, os senadores poder retirar
assinaturas. Caso a investigação continue contando com o apoio de, no mínimo,
27 parlamentares, a Comissão de Inquérito é instalada. Para isso, contudo,
Renan ainda precisará indicar os membros da CPI. Para minimizar os danos ao
governo em ano eleitoral, a estratégia será tentar colocar um peemedebista na
presidência e um petista a relatoria.
Mais uma de Wagner
Tido como um bom negociador,
parece que o governador Jaques Wagner escolheu este ano para fazer todas as
besteiras possíveis. Além de escolher seu pupilo impopular para liderar a chapa
do governo nas eleições deste ano, colocou um vice que ninguém queria e fez
Marcelo Nilo sair do sério. Agora, fez mais uma que intrigou até os Democratas.
O governador divulgou esta semana na Rádio Metrópole números de uma pesquisa
colocando em foco o potencial de crescimento do petista Rui Costa e minimizando
a influência da transferência de votos do prefeito ACM Neto (DEM). Só que a
pesquisa não tinha sido registrada e o DEM já entrou com ação na Justiça
Eleitoral. Wagner deverá pagar a bagatela de 53 mil, se for condenado.
Governo Dilma em queda
A parcela da população que
considera o governo Dilma Rousseff bom ou ótimo caiu sete pontos percentuais,
para 36%, segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada na manhã desta quinta-feira
(27). A queda foi observada em todos os estratos da população, com destaque
para moradores de municípios com menos de 20 mil habitantes, onde a redução foi
de 15 pontos, para 44%. O número de pessoas que confia na presidente também
caiu, de 52% para 48%. A aprovação pessoal da presidente diminuiu para de 56%
para 51%. O número de entrevistados que considera o governo Dilma pior que o de
Lula aumentou de 34% para 42%. Os dois governos são considerados iguais por 46%
dos entrevistados.
PDT zangado
A reunião da cúpula pedetista na
Bahia com o presidente nacional da sigla, o ex-ministro Carlos Lupi, em
Brasília, ontem, teria sido um momento de detonação das insatisfações, diante
dos últimos episódios em solo baiano, envolvendo a definição do vice da chapa
governista. Após ouvir o relato dos deputados federais e estaduais, entre eles
o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, preterido na escolha, o
dirigente nacional criticou o processo conduzido pelo governador Jaques Wagner
(PT). O líder teria sinalizado que o partido irá reavaliar o suposto apoio à
chapa do pré-candidato Rui Costa (PT). Os partidários saíram oficialmente sem
definição do encontro, mas a aposta é que até maio haja uma posição fechada
sobre a sucessão estadual. Por Marcelo, o rompimento já estaria consolidado. O
problema são os que não querem largar o osso e aqueles que tem empresas
inseridas na administração estadual em diversas áreas, com contratos altíssimos
e muita grana atrasada. Talvez seja por isso que o governador aposte na permanência
do PDT na aliança.
STRH: nada foi fácil
Engana-se quem pensou que a
assembleia que reelegeu a atual Junta Diretiva do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais ocorreu de forma fácil e pacífica. O ex-presidente, Juarez Carlos,
entrou na Justiça Comum para barrar a realização da reunião. A causa foi
encaminhada para o fórum correto, que é a Justiça do Trabalho. Lá, Dra. Tereza
Cristina conseguiu derrubar todas as pretensões do opositor e o STRH está livre
de problemas, pelo menos por enquanto. Todos apostam que nada mais vai atrapalhar
e as eleições serão realizadas em breve. Juarez é carta fora do baralho.