Waldir Pires (PT) aos 85 anos! |
Na política baiana temos poucos e raros bons exemplos de
homens públicos. E não é exagero dizer que estão ficando mais raros e que poucos
serão substituídos. Perdemos Fernando Santana (PPS), mas ainda nos resta Waldir
Pires (PT). Hoje, lendo o artigo de Samuel Celestino no Bahia Notícias fiquei
seriamente tomado pela emoção. Celestino escreveu o que eu gostaria de escrever
sobre o político íntegro que é Waldir Pires. Segue o artigo do Samuel, com os
meus efusivos parabéns!
Waldir Pires, guerreiro da liberdade
Por
Samuel Celestino
Waldir Pires que, aos 85 anos, declarou-se candidato a
vereador por Salvador, pelo PT, é um exemplo de homem público. Puro, correto.
Praticamente toda sua vida foi dedicada a essa atividade que iniciou com apenas
24 anos ao ser nomeado secretário de Estado pelo governador Régis Pacheco. Era
filiado ao PSD. Isso na primeira metade dos anos 50. Na sequência, foi deputado
estadual e líder do governo Antônio Balbino. Elegeu-se deputado federal em
1958. Em 1961 se candidatou a governador da Bahia e perdeu por uma diferença de
30 mil votos para Lomanto, então prefeito de Jequié e duas vezes presidente da
Associação Brasileira de Municípios, na época uma entidade de muito destaque.
Houve interferência da Igreja Católica, do então Cardeal Da Silva, que o via
como “candidato dos comunistas”. No governo Jango, Waldir Pires assumiu o cargo
de consultor-geral da República quando se vinculou a Darcy Ribeiro. Com o golpe
de 1964, os dois foram os últimos a deixar o Palácio do Planalto, daí, cassados
na primeira lista da ditadura, deixou o país em um monomotor (Yolanda, sua
mulher e os filhos ficaram no Brasil) e se instalou no Uruguai, onde se
encontravam Jango, Brizola e outros políticos perseguidos e cassados. Com
dificuldades para se sustentar e a família, Waldir foi para a França, onde
ensinou direito nas universidades de Dijon e Paris, por influência do grande
economista Celso Furtado, também banido pela ditadura militar. Com direitos
políticos suspensos, Waldir retornou ao Brasil em 1970, e, com o fim do AI-5,
já nos anos 80, se candidatou ao Senado, perdendo para Luís Viana Filho, ele no
PMDB, do qual foi fundador, e Viana na então Arena. Fazia dobradinha com
Roberto Santos, também derrotado para o governo do Estado. Em 1986 se elegeu
com uma explosão de votos governador da Bahia com o discurso da “Mudança”. Dois anos depois renunciou para se candidatar
a vice-presidente ao lado de Ulysses Guimarães, o andarilho, o caçador de
nuvens, o anticandidato de 1973. Não teve êxito. Antes, foi ministro da
Previdência Social. Nos anos 90, se candidatou ao Senado, na era ACM, e perdeu
de forma estranha, nas últimas urnas apuradas. Na época, mapeavam-se votos, o
que não significa dizer que houve mapeamento. Elegeu-se deputado federal.
Recentemente, tentou ser senador, mas o PT não lhe cedeu legenda. Bem, de forma
sumária é este e currículo deste homem notável, baiano de Amargosa, que tem o
hábito de tomar uísque com água de coco, sempre pedindo desculpas aos escoceses
que inventaram a bebida. Dedicou-se, como poucos, à defesa da democracia, ao
estado democrático de direito. Agora, com idade avançada, demonstra o guerreiro
que nele habita, o guerreiro imortal, e se candidata a vereador por Salvador.
Honra a Bahia, honra Salvador com o seu desprendimento. Tenho por ele um
respeito imenso e um carinho maior. Bravo, Waldir Pires.