O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, é
acusado de ser coautor de um esquema que, segundo o Ministério Público, desviou
cerca de R$ 10,2 milhões, em valores atualizados, do governo de Rondônia para
grupos de comunicação do Estado em troca de apoio político. A informação é da
reportagem de Fernando Mello, Felipe Seligman e Rubens Valente, publicada na
Folha deste domingo. A Folha teve acesso às mais de 2.900 páginas do processo,
que serão divulgadas a partir de hoje no projeto "Folha
Transparência". Na época das irregularidades apontadas pelo Ministério
Público, Raupp era governador de Rondônia (1995-1999). Ele assumiu a direção do
PMDB após a eleição de Michel Temer a vice-presidente da República, em 2010. Raupp
está no Senado há nove anos e seu atual mandato expira em 2019. O processo foi
incluído na semana passada na pauta do Supremo Tribunal Federal. Cabe ao
presidente do Supremo, Cezar Peluso, a decisão de colocá-lo em julgamento. Raupp
negou ter liderado suposto esquema. "Quando tomei conhecimento da notícia
dos desvios, determinei imediata instauração do procedimento. Houve punição dos
envolvidos", disse o senador. Fato é que há uma relação promíscua entre setores da comunicação com os políticos. Ou os próprios políticos são proprietários de sistemas de comunicação ou empresários deste setor são cooptados, de alguma maneira, com boas e raras exceções, para prestarem serviços pouco republicanos. Quem quase sempre paga a conta é o enganado, ou seja: o povo.