SILVIO NAVARRO – da Folha de
São Paulo
Eliana Calmon - foto: Sergio Lima/Folhapress |
A corregedora do CNJ (Conselho
Nacional de Justiça), Eliana Calmon, voltou a criticar nesta sexta-feira
"meia dúzia de vagabundos" que prejudica o Judiciário nacional. Em
palestra para juízes federais em São Paulo na manhã de hoje, Calmon disse ficar
refém de intimidações e diz que isso acontece porque "não se acredita no
sistema".
"Muitas vezes, meia dúzia
de vagabundos terminam por nos intimidar e nós ficamos reféns deles. Por que
isso acaba acontecendo? Porque não se acredita no sistema. Ficamos pensando:
'Vou me expor, colocar minha carreira em risco para não dar em nada?'",
perguntou.
Calmon, que foi alvo de críticas
de associações de juízes como a AMB (Associação dos Magistrados do Brasil) e a
Ajufe (Associação de juízes federais) por supostos abusos nas investigações do
conselho, pediu a ajuda aos "bons juízes" para continuar seu
trabalho.
"A corregedoria quer apurar,
não aceita que isso possa ser escondido, queremos trazer à luz aqueles que não
merecem a nossa consideração", disse. "Um corregedor não faz isso
sozinho. Preciso do meu exército, preciso dos bons juízes."
As declarações de Calmon
acontecem após o ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), liberar
na última quarta-feira (29), investigações do CNJ em folhas de pagamento e
declarações de renda de juízes e servidores de 22 tribunais do país. No fim do
ano passado, as apurações foram suspensas por uma liminar do ministro do STF
Ricardo Lewandowski.
O embate entre o CNJ e as
entidades de juízes abriu uma crise no Judiciário que colocou em lados opostos
ministros do STF. Em fevereiro, o Supremo reconheceu poderes de investigação do
conselho.