GRACILIANO ROCHA e FÁBIO GUIBU –
da FOLHA DE SÃO PAULO
Policial Militar grevista deixa prédio da Assembleia Legislativa (foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress) |
Policiais militares da Bahia
decidiram em assembleia realizada na manhã desta quinta-feira que continuarão
em greve. A decisão foi tomada após os grevistas deixarem o prédio da
Assembleia Legislativa que estava ocupado desde a semana passada. A categoria
fez uma assembleia no sindicato dos bancários, em Salvador, após a desocupação.
No local, foi perguntado aos policiais se a greve continua ou acabou. Centenas
deles responderam em uníssono: "Continua". Na sequência começaram a
gritar: "A PM parou, a PM parou".
A reportagem da Folha
acompanhou a assembleia a partir de um prédio vizinho, pois não foi autorizada
a entrar no sindicato. Apesar do resultado da assembleia, uma nova reunião da
categoria está marcada para ocorrer às 16h de hoje, também no sindicato dos
bancários. A expectativa dos PMs é de que haja uma nova proposta do governo
para ser discutida.
O ex-policial Marco Prisco foi
preso na manhã de hoje após deixar a Assembleia, junto com outro líder
grevista, Antônio Paulo Angelini. Havia mandado de prisão expedido contra eles.
Outros dois PMs já tinham sido presos durante a greve. Ao todo, 12 mandados de
prisão foram expedidos contra policiais grevistas.
Prisco foi flagrado por escutas
telefônicas incentivando atos de vandalismo no Estado. As gravações foram
divulgadas pelo "Jornal Nacional", da TV Globo. Em uma das escutas um
interlocutor de Prisco identificado como David Salomão diz que vai "queimar
viatura" e "duas carretas" na rodovia Rio-Bahia.
Segundo um dos advogados dos
grevistas, Rogério Andrade, a decisão de desocupar a Assembleia foi tomada
porque os grevistas avaliaram que não teriam mais condições de manter a
ocupação do prédio, que teve a luz e a água cortadas. Os militares do Exército
que cercaram o local também bloquearam o acesso de mantimentos.
Outro grevista disse que a
decisão foi tomada em assembleia durante a madrugada. O grupo estaria atendendo
um pedido de Prisco, que entendeu que seria mais seguro eles se entregarem
porque havia uma determinação de reintegração de posse e poderia haver confronto.
GREVE
A greve dos PMs da Bahia
começou na semana passada. Eles reivindicam aumento salarial e a incorporação
de gratificações aos salários. Em entrevista à Folha, o governador Jaques
Wagner (PT) disse que não pagaria nada acima do reajuste já concedido ao
funcionalismo do Estado. Na terça (7), porém, o governo passou o dia negociando
com líderes grevistas, mas a reunião foi suspensa sem acordo.
O impasse ficou por conta dos
12 mandados de prisão expedidos contra PMs grevistas. Prisco afirmou na ocasião
que ninguém retornaria ao trabalho sem que houvesse uma anistia geral. Na
segunda-feira, diversos focos de tumulto ocorreram no local, e os militares
usaram balas de borracha e bombas de efeito moral para conter os ânimos.