FÁBIO GUIBU e GRACILIANO ROCHA – da FOLHA DE SÃO PAULO
Manifestante atingido por bala de borracha. (foto: Raul Spinassa. A Tarde) |
Bombas de efeito moral foram lançadas na manhã desta
segunda-feira pelos soldados do Exército em frente à Assembleia Legislativa da
Bahia, onde estão os policiais militares em greve, em Salvador. Houve disparos
de armas com balas de borracha. Há pelo menos dois manifestantes feridos, além
de um cinegrafista de uma TV. A ação aconteceu porque um grupo de policiais
grevistas que está do lado de fora da Assembleia se aproximou do cordão de
isolamento feito pelas tropas federais que cercam o prédio do Legislativo
baiano. Os manifestantes passaram a jogar garrafas de água nos soldados. Nesse
momento, a Polícia do Exército enviou reforço para o ponto onde os grevistas se
concentravam e reagiu. Mais cedo, outros tumultos também foram registrados em
frente ao prédio. Há cerca de mil soldados do Exército no entorno da Assembleia
desde as 5h de hoje. Depois da ação, grevistas que estão do lado de fora do
prédio formaram um círculo num terreno ao lado da Casa Legislativa. Após o
confronto, helicóptero do Exército passou a fazer voos rasantes no local.
TUMULTOS
Polícia do Exército ocupa a Assembleia Legislativa (foto: Fábio Isamo Guibu. Folhapress) |
Mais cedo, aconteceram outros focos de tumulto no local. Um
deles começou quando alguns familiares e PMs que estão do lado de fora da
Assembleia tentaram invadir o prédio cercado. Eles foram contidos por homens do
Exército, que dispararam balas de borrachas no chão. Em seguida, houve um novo
princípio de tumulto, quando homens da Força Nacional imobilizaram um soldado
da PM do lado de fora da Assembleia sob suspeita de estar portando arma. Outros
policiais reagiram e houve disparo de balas de borracha e gás pimenta para a
dispersão do grupo. Após a revista, foi constatado que o PM não estava armado. No
começo da manhã, um policial militar furou o cerco montado por homens do
Exército e da Força Nacional ao redor da Assembleia e se juntou aos grevistas.
Ele foi perseguido por um policial da Força Nacional, que desistiu ao perceber
um grupo de PMs saudar o colega.
CERCO
Os policias e bombeiros estão amotinados na Assembleia Legislativa. (foto:Moacyr Lopes Junior. Folhapress) |
Segundo o Exército e a Força Nacional, o objetivo do cerco é
prender policiais militares que tiveram mandado de prisão decretado pela
Justiça. Segundo a Segurança Pública da Bahia, os PMs com mandado são líderes
do movimento e teriam praticado atos de vandalismo. Ontem (5), foi preso um dos
12 policiais militares grevistas que tiveram a prisão decretada. Segundo a
secretaria, ele é acusado de formação de quadrilha e roubo de um carro da
corporação. Ele é lotado na Coppa (Companhia de Policiamento de Proteção
Ambiental) e foi preso pelo comandante da companhia. Além de responder pelos
crimes, o policial vai passar por um processo administrativo na própria
corporação.
ANISTIA
O governador, Jaques Wagner (PT), disse que os métodos
usados por uma parte dos grevistas da Polícia Militar do Estado são "coisa
de bandido", e acrescentou que não vai ter negociação e anistia a esses
policiais. O governador apontou o envolvimento de policiais em tomadas de
ônibus para bloquear vias e a alguns dos assassinatos nos últimos dias. Desde o
início da greve, na noite de terça-feira (31), 93 homicídios foram registrados
na região metropolitana. O governador afirmou que a greve na Bahia está sendo
orquestrada nacionalmente para pressionar a aprovação da PEC-300, a proposta de
emenda constitucional que cria um piso nacional para os policiais.