Dois homens denunciaram a quatro órgãos federais e dois
estaduais uma milionária operação criminosa que rouba ipê de dentro de áreas de
preservação da floresta amazônica, no Pará. Depois da denúncia, um foi
assassinado – e o outro foge pelo Brasil com a família, sem nenhuma proteção do
governo. A partir do relato desses dois homens, é possível unir a Amazônia dos
bárbaros à floresta dos nobres.
ELIANE BRUM – da Revista Época.
Júnior José Guerra: marcado para morrer, ele foge com a família pelo Brasil (Foto: Arquivo pessoal) |
João Chupel Primo é o morto. Junior José Guerra é o que luta
para se manter vivo, depois de pedir e não receber proteção das autoridades. Eles
denunciaram o que pode ser uma das maiores operações criminosas de roubo de
madeira na Amazônia. Segundo testemunhas, as quadrilhas chegaram a transportar,
em um único dia, cerca de 3.500 metros cúbicos – o equivalente a 140 caminhões
carregados de toras e 3, 5 milhões de dólares brutos no destino final. A maior
parte da produção é ipê, hoje a madeira mais valorizada pelo crime organizado
pelo potencial de exportação para o mercado internacional. Toda a operação
passa por uma única rua de terra de um projeto de assentamento do Instituto
Nacional de Reforma Agrária (Incra), controlado por madeireiros: o Areia,
localizado entre os municípios de Trairão e Itaituba, no oeste do Pará. Pelo
menos 15 assassinatos foram cometidos na região nos últimos dois anos por
conflitos pela posse da terra e controle da madeira. Este é o começo da
explicação de por que João Chupel Primo morreu – e Junior José Guerra precisa
fugir para não ter o mesmo destino.
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