Oito suplentes de vereadores
assumiram, no último sábado (7), as cadeiras vagas da Câmara Municipal de
Mucuri, no sul baiano, após sete titulares terem sido presos em dezembro. O
oitavo edil é foragido da Justiça. Todos eles, que foram denunciados pelo Ministério
Público da Bahia (MP-BA), são acusados de receber propina para aprovar projetos
de interesse de empresários da região. De acordo com o advogado da Casa
Legislativa, Robson Carlos, os novos vereadores foram escolhidos com base no
número de votos obtidos nas eleições municipais de 2008, bem como na regra da
na fidelidade partidária, de acordo com cada coligação. O Legislativo
mucuriense passa a ser comandado por Vomberto Alves de Souza (PMDB). Além dele,
foram nomeados Jair Gustavo Bittencourt (PSDB), Adenildo Conceição dos Santos
(PSDB), José Mendes Fontoura (PMDB), Agnaldo Moreira da Silva (PDT), Agenor
Simões de Oliveira (PSC), Carlos de Jesus Brito (PSC) e Antonio Henrique Kock
Ferreguetti (PR).
De acordo com o Ministério
Público estadual (MP-BA), os envolvidos tramaram em reunião filmada via celular
como seria o pagamento da propina que os parlamentares ganhariam com a
aprovação do Projeto de Lei 011/2011, de interesse de empresários, que tem por
objetivo ampliar os limites da área urbana do município de Mucuri. Segundo a
reportagem do jornal A Tarde, assinada pelo repórter Mário Bittencourt, da
sucursal de Eunápolis, os empresários Arlei Francisco Vercov, Alam Gomes Santos
e Wilson Campos dos Santos, vereador em Nova Viçosa e preso na condição de
sócio do Loteamento Caribe, procuraram os vereadores para dar R$ 5 mil e mais
um terreno no valor entre R$ 15 mil e R$ 20 mil como propina. Com o pedido de
prisão de mais duas pessoas, já são oito os envolvidos no esquema de corrupção
desarticulado na semana passada, quando seis foram presos. A cidade possui nove
vereadores e a Câmara está em recesso. Todos os edis que foram presos perderam
os seus mandatos e e a convocação dos suplentes deverá ocorrer mês que vem, no
retorno do recesso.
Três empresários, um deles
vereador de Nova Viçosa, cidade vizinha a Mucuri, também estão presos
preventivamente, por envolvimento no esquema. Todos os vereadores presos
tiveram os cargos perdidos A Casa está de recesso até 15 de fevereiro de 2012. Os
vereadores Justina Souza Cruz e Manoel Negino denunciaram o esquema ao MP-BA,
mas com as prisões de dois empresários no final de semana e a apreensão de
documentos ficou provado, para o MP-BA, que eles também tiveram participação no
caso. O promotor de Justiça Pablo de Almeida é autor dos pedidos de prisão para
os vereadores. Segundo o promotor, os empresários disseram em depoimento que
achavam normal pagar aos vereadores para aprovar o projeto. O interesse dos
empresários no projeto se deu porque o loteamento deles está na zona rural do
município e com a ampliação passaria a ser da zona urbana, o que o valoriza
mais. O MP-BA constatou que, mesmo sem a aprovação do projeto, eles já tinham
vendido 151 lotes, como se já estivessem em área urbana. A reunião que
incrimina os vereadores e que foi filmada via celular pelo vereador Manoel
Negino, ocorreu em 31 de setembro deste ano. A gravação está em posse do MP-BA.
Na reunião, ficou acertado de os empresários darem R$ 25 mil em dinheiro a cada
parlamentar, ou R$ 5 mil mais um terreno no valor de R$ 20 mil. Cada um dos
parlamentares já teria recebido R$ 10 mil, segundo o MP-BA, pela aprovação do
projeto, por unanimidade e em segunda votação, no último dia 19. Os vereadores
já presos são o presidente da Casa, Carlos Gonçalves de Souza, o Tavinho;
Roberto Correia Bastos, conhecido como Nicó; Gisele Aparecida Seguro
Gazzinelli; Roberto Alves dos Santos; Márcio de Jesus Machado; e Wilson Pereira
Cabral. Este último, por ser tetraplégico e necessitar de cuidados especiais, o
que não encontraria numa carceragem de delegacia, está preso em casa. A única
vereadora que não está envolvida no esquema é Maria da Graças (Professora
Gracy), do PR.
Informações de A Tarde,
Imprensa Livre e Bahia Notícias. Foto: Radar64.