O clima
ficou pesado na Assembleia Legislativa da Bahia depois que o presidente Marcelo
Nilo -PDT- (foto) anunciou que fará cortes nos benefícios concedidos aos
parlamentares. A medida foi comunicada em reunião com 30 deputados, nesta
quarta-feira (28), e tem o objetivo de não aumentar o endividamento da Casa. A
partir deste mês, os gastos com a verba indenizatória (de até R$ 29 mil para
cada um) e o auxílio combustível (que pode custar R$ 6,5 mil por cabeça) não
serão ressarcidos. Nesta sexta-feira (30), os pagamentos já devem vir sem o
reembolso. O pedetista recorreu ao Executivo para assegurar recursos que
ajudem a saldar o débito, mas ainda não obteve resposta. Nilo teria dito aos
colegas que, se o governador Jaques Wagner não repassar o montante necessário
para as contas, "não vai dar para pagar ninguém". A atitude criou
animosidade entre os membros do Legislativo e o presidente. A principal
reclamação é que há falta de transparência na aplicação orçamentária da AL-BA,
como a ausência de divulgação da quantidade de funcionários contratados e de
temporários (que trabalham através de contratos Reda). Há inclusive quem afirme
que há pelo menos dois ex-prefeitos da nossa região que recebem salários
próximos de 9 mil reais e nem mesmo vão lá trabalhar. O orçamento de 2011 já
teria se iniciado com um déficit de R$ 16 milhões – embora as despesas
estivessem calculadas em R$ 314 milhões, a verba disponível era de R$
298 milhões. Mesmo assim, a Assembleia inaugurou um novo anexo que custou R$ 17
milhões e foram gastos mais R$ 5 milhões com o mobiliário. O capricho, em época
de saúde financeira frágil, contribuiu para proliferar os insatisfeitos com o
repentino arrocho.
Governador
não garante cobrir rombo
O governador Jaques
Wagner (foto ao lado) afirma que ainda “analisa” o pedido do presidente do Legislativo baiano,
Marcelo Nilo (PDT), para que a administração estadual repasse recursos que ajudem a
saldar a dívida da Assembleia. “Evidente que um pedido de qualquer dos poderes
é recebido com carinho, mas estamos em um ano apertado”, pontuou o gestor, em
entrevista ao Bahia Notícias. Wagner afirma que não tem “facilidade
orçamentária” no momento, mas garante ter colocado as secretarias da Fazenda e
Planejamento para discutir o assunto e chegar a “um denominador comum”. No
entanto, adverte que o “volume apresentado [pela Assembleia] é muito alto para
a capacidade” que o governo do Estado possui. “Mas ainda é cedo para eu dar uma
resposta definitiva”, pondera. Deputados da base, consultados pela reportagem,
afirmam que a crise financeira na AL-BA poderá "gerar o caos" a
partir do próximo mês na Casa e até mesmo comprometer o objetivo de Nilo, que
pretende ser o chefe do Legislativo pela quarta vez consecutiva.
Informações do Bahia
Notícias.