Landisvalth Lima
Eu prometi a mim mesmo não mais
defender pontos-de-vista em reuniões onde estivessem presentes burocratas da
Secretaria de Educação do Estado da Bahia – acomodados em cargos da DIREC-11,
ciceroneados pela atual diretora do Colégio Estadual José Dantas de Souza,
principalmente depois que vi a luta de um professor para concretização de um
projeto de meio-ambiente do CEJDS, de caráter regional, com possibilidades de
sucesso a nível estadual, pelo menos, ser completamente desfeito só porque o
rapaz não era do agrado político da diretora. Quem quiser saber os detalhes é
só perguntar ao professor Gilberto Jacó. Se ele quiser pode revelar tudo.
Depois disso, eu que participava de longe, percebi que tudo era mesmo um
faz-de-conta. A última coisa que os burocratas querem é melhorar a educação na
Bahia.
Mas hoje eu não aguentei mais.
Minha tolerância foi a zero. E não é nada pessoal. Trata-se de uma pessoa que
julgo ser também uma vítima do sistema, que está mais preocupada em salvar sua
posição política na burocracia que em fazer alguma coisa útil para tirar nossa
educação do fundo do poço. Convidado para a reunião, pensei que íamos
finalmente admitir que tudo estava errado e começar uma verdadeira obra sincera
de diagnóstico e solução para a maior crise enfrentada pelo CEJDS em quase uma
década de existência. Não quero fazer alarde, mas não há mais como não dizer
que a escola não tem mais onde cair porque já chegou ao fundo do Poço. E só
olhar para os números do AVALIE, prova feita pelo próprio Governo da Bahia,
referente aos anos de 2010, 2011 e 2012. Estamos ladeira abaixo. A Bahia tem as
piores médias do país. A nossa região da Direc-11 tem médias piores que a Bahia
e o CEJDS tem média pior que a Direc-11. Não quero aqui nem falar do Enem 2013.
Pois bem. Com tudo isso, vem a
criatura de Deus referendar o de sempre: a culpa é do professor porque não dá
aula, porque não tem compromisso com a educação, porque não participa das
reuniões de AC, porque não vive o tempo todo na escola os cindo dias da semana,
porque não cumpre com o calendário escolar, porque não faz três avaliações na
unidade como determinou o todo poderoso secretário.... E, pasmem! Porque não
associou ao seu planejamento os “eixos estruturantes” da Sec. Claro que ela não
disse assim, taxativamente, mas usando de eufemismos pedagógicos. Não estou
mais, caro leitor, com paciência para ouvir tais disparates!
E não pensem que estou aqui
defendendo profissionais relapsos, que fizeram da profissão um bico. Estes
ficam quietos. Não reclamam. Esperam apenas pelo seu no final do mês. Estou
falando do esforço que muitos profissionais fazem para levar o melhor possível
aos alunos do CEJDS. Sei de professores contratados via PST, com 5 meses de
salários atrasados, e cumpriram sua carga horária. Sei de professores que não
sabiam o conteúdo da disciplina a que foi obrigado ensinar e ralhou para levar
o mínimo necessário aos alunos, sem ser uma luta apenas por salário, mas para
se firmar na profissão. E não vou aqui nem falar nos que estão longos anos na
estrada, remando contra a maré, gritando e ninguém ouvindo. Nenhum destes
professores merecem o banco do réus.
Também não quero aqui dizer que
não há uma parcela de culpa do professor. Todos somos responsáveis pelo
fracasso. Mas devemos muito menos que outros. A criatura da reunião chegou a
dizer que eu não resolvi a questão, já que fui diretor por 1 ano e meio da
instituição, até fevereiro de 2009. Mas ela fechou os olhos para os já mais de
5 anos da atual diretora e companheira de partido. Claro que ela também não incluiria
nesta lista de culpados o atual secretário de educação, que reduziu a carga
horária de disciplinas fundamentais para provas e concursos, ao contrário do
que fez o Estado de Goiás, que a ampliou e colocou, em poucos anos, aquela
educação como uma das mais prósperas. Também nem pensar em falar do fracasso do
governo do PT, do nobre Jaques Wagner, que deixa um rastro de salários
atrasados aos terceirizados, da falta de concursos públicos em todas as áreas
do governo, da contratação irregular e politiqueira via Reda/PST. Dilma? Lula?
Puts!
Como eu gostaria de ter tido a
oportunidade de ver uma pessoa da SEC ou Direc chegar ao CEJDS, apresentar os
números reais, dizer que estava ali para ajudar a melhorar e nos fazer a
pergunta simples: “o que precisamos fazer para tirar o CEJDS deste caos?”. Mas
não! Mais uma vez vem uma pedagoga burocrata, obediente às ordens do seu senhor
superior, trazendo palavras decoradas de projetos miraculosos, que são mais
propaganda enganosa que solução para alguma coisa, imaginando que neste sertão
do Nosso Senhor há um bando de cordeiros prontos a seguir portarias sem o
direito sagrado ao debate.
Meu lamento final foi o
encerramento da reunião. Justificativa da diretora outorgante: “Não estou pronta
para ouvir gritos!”. É certo. Ninguém quer ouvir, mesmo quando a gente grita.
Que sua aposentadoria lhe seja breve! Amém!